Editorial

Nota zero

13 JAN 2016 • POR Do Progresso • 10h56
Mais uma vez as notas do Enem não foram bem “digeridas” por aqueles que acreditavam que agora estaríamos diante da tal Pátria Educadora. Foi um verdadeiro fiasco o fato de 53 mil estudantes tirarem nota zero na redação. Chega a ser mais que preocupante saber que mais de 50% dos jovens não conseguem se expressar utilizando-se do seu próprio idioma. Não conseguir sair do lugar em redação é grave porque representa a falta de censo critico, a ausência completa de reação perante todos os problemas que o País enfrenta, de argumentação, de reação verbal.


Este resultado catastrófico do Enem demonstra a duvida quanto a qualidade na educação no País que a presidente Dilma “batizou” de Pátria Educadora assim que tomou posse para o segundo mandato.


Na média, o desempenho dos candidatos não foi nada bom. As notas do Enem são as que servem como referência para garantir uma vaga nas universidades públicas. Tamanha gravidade da situação da qualidade do ensino que tais alunos passaram pelo ensino fundamental e médio sem sequer ter noção de como se inicia uma redação, por onde começar, por onde terminar. O retrocesso é grande levando-se em conta que a história recente do Brasil registra grandes transformações protagonizadas por jovens que foram as ruas protestar e conseguiram mudar a realidade do Brasil contribuindo para o regime democrático de hoje, isso em tempos de ditadura militar.


Hoje existe a liberdade de expressão e dentro do tema estabelecido o candidato é livre para expressar o que sente, o que pensa sobre determinado assunto. O que estaria acontecendo com a juventude do presente?. Zerar na redação no Enem não é bom sinal, principalmente neste momento conturbado que vive o País.


A partir destes resultados da péssima atuação dos candidatos na redação é necessário não somente priorizar a qualidade no ensino, como também transformar valores. Não basta mudanças no setor de educação. Existe responsabilidade do governo nisso, através do Ministério da Educação, mas acima de tudo está a responsabilidade dos pais.


Está faltando dialogo entre as famílias que entram e saem de casa sem conversar o tempo todo grudados o tempo em um celular geralmente perdendo tempo com bobagens que não colaboram em nada com o desenvolvimento da criança e posteriormente do adolescente.


Se a grande maioria dos adolescentes não consegue desenvolver um texto sobre a violência contra a mulher, um tema relativamente simples do que eles poderiam discorrer então?. Quer tema mais simples que esse existe no nosso dia a dia?. A violência contra a mulher praticada geralmente dentro de cada residência e pode ser debatida entre as famílias também dentro de casa com a maior facilidade. Os pais não podem temer abordar assuntos do cotidiano com os filhos ou até mesmo os mais polêmicos.


É complicado porque, para que os pais dialoguem com seus filhos é necessário que eles saibam como dialogar e infelizmente a maioria também não procura maior esclarecimentos sobre aquilo que está acontecendo a sua volta e, portanto não sabe questionar ou transmitir isso ao filho.


Mas a transformação é bem mais profunda e não é do dia para a noite que estes números vão mudar. Sendo o homem fruto do meio é todo esse meio que deve ser transformado e isso inclui ambiente escolar, ambiente doméstico como um todo e o tempo todo, com pais ou responsáveis dialogando com os filhos, presentes o tempo todo na vida escolar deles, comparecendo as reuniões das escolas sempre e não somente para reclamar do professor (a) ou diretor (a).


Das quatro áreas avaliadas, houve leve queda na média geral de três. Matemática e suas Tecnologias: caiu de 473,5 em 2014 para 467,9 em 2015.


Linguagens e Códigos: de 507,9 para 505,3. Ciências da Natureza: de 482,2 para 478,8. A única nota média que subiu foi a de Ciências Humanas: 546,5 para 558,1.


Mas essas não foram as únicas surpresas. Mais de cem candidatos tiraram a nota máxima na prova de matemática.


No contexto destes 53.035 estudantes que simplesmente zeraram na prova, vale ressaltar que o MEC não considerou neste caso quem deixou a redação em branco. Só entrou no cálculo quem efetivamente escreveu um texto e escreveu muito mal. O desafio agora de quem, ao contrário, mandou bem é fazer a inscrição no Sisu, o Sistema de Seleção Unificada. E daqueles que zeraram o desafio é recomeçar em tudo.