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O alerta da sexta-feira treze

19 NOV 2015 • POR • 08h20



Parafraseando o químico francês Lavoisier, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, cremos que o terror provocado pelos lamentáveis ataques na noite parisiense da última “sexta-feira treze,” ao lado de tantos outros trágicos acontecimentos, nos deixa um legado de alerta ou indicativo de que os serviços de inteligências no mundo, tanto em seu aspecto micro, como na dimensão macro, não estão bem.

É lamentável, mas o certo é que, de um triste acontecimento como esse, se pode extrair reflexões de que muita coisa precisa mudar em termos de segurança da humanidade. Infelizmente, é necessário que ocorra a desgraça para aceder as luzes! A vulnerabilidade humana é cada vez mais evidente, o que força a concluir que o negativo também pode ser transformado em positivo. As decisões estão nas mãos dos mandatários políticos das principais nações dos respectivos continentes, mas que, não raras vezes, são guiadas por outros interesses.

No olhar do observador leigo, a conclusão é a de que se os serviços de inteligência da França tivessem efetivamente funcionado, certamente teria evitado a tragédia na proporção em que ocorreu. As evidencias são de que houve falha, o que acarretou a morte e ferimento de dezenas de pessoas, na sua maioria jovens, que se encontravam “curtindo a vida” na noite parisiense, a exemplo do que já havia acontecido no início do ano naquela mesma localidade.

Ora, segundo a imprensa, as autoridades francesas vinham sendo alertadas sobre eventuais ataques de terroristas, o que exigiria um incremento maior no seu sistema de inteligência. Talvez isso tivesse ocorrido. Contudo, que falhou, falhou! Não se questiona a imperfeição do homem. Todavia, é da consciência do ser humano que as falhas ou erros, sobretudo quando se trata de vida ou saúde humana, devem ser minimizadas às últimas consequências.

Não só em relação à França, mas as falhas de inteligência - repetimos, no olhar leigo – também se reproduziram em outros países desenvolvidos. O que mais chamou a atenção foi o ato de terror de 11 de setembro de 2001, em Nova York, que redundou na queda das Torres Gêmeas do World Trade Center, vitimando milhares de pessoas.

De fato, são problemas pontuais, e na sua grande maioria ocorridos nos países mais desenvolvidos, mas que preocupam a todos, o que obriga - inclusive o nosso País - a ligar o alerta.

Aliás, os Jogos Olímpicos do Brasil (5 a 21 de agosto de 2016) estão chegando. A pergunta que não quer calar é se o nosso serviço de inteligência está preparado para lidar com terroristas desse mundo afora. Não precisa ser especialista em segurança para concluir que nesse momento o campo será fértil para atos de terrorismos, associado ao fato de facilidade de acesso ao nosso território. É preocupante! Contudo, o que se espera é que o exemplo da trágica “sexta-feira treze de Paris” sirva de parâmetro para as autoridades brasileiras responsáveis pela segurança dessa festa esportiva internacional.

Espera-se também que esses exemplos também sirvam às autoridades de segurança pública do nosso País. É bom lembrar que a ferramenta denominada “serviço de inteligência” deve ser utilizado não só em relação ao terrorismo (aspecto macro) como também em relação à criminalidade do dia a dia (aspecto micro). A função essencial do serviço de inteligência é a prevenção do crime. Evitar a prática do crime seja em que esfera for.
Quer nos parecer que nossas polícias, conquanto trabalhem com essa ferramenta, precisam avançar mais, sobretudo para acompanhar a dinâmica da criminalidade. Os avanços tecnológicos têm mão dupla. Se de um lado ajudam no combate ao crime, de outro, corroboram para o aperfeiçoamento da criminalidade.

É sempre oportuno lembrar que a punição do infrator é importante, mas o que é mais relevante é a prevenção do crime. Evitar que o terrorista mate e que os demais criminosos pratiquem condutas criminosas são as tarefas mais importantes. E o melhor e mais eficaz remédio: o serviço de inteligência de excelência.
Nada se perde...