Saúde

Uso de água do mar em reator mostra emergência

14 MAR 2011 • POR • 17h45
O uso de água do mar para resfriar os reatores nucleares japoneses afetados pelo terremoto de sexta-feira (11) é um “procedimento de emergência”, explica o professor de engenharia nuclear Aquilino Senra, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“É como se fosse um incêndio. A hora que acaba a água do hidrante, você usa qualquer água disponível. O importante é resfriar o reator”, afirmou ele.

Na sexta-feira, um terremoto de 8,9 de magnitude atingiu o Japão e gerou um tsunami que devastou a região da cidade de Sendai. O tremor cortou o fornecimento de energia elétrica, o que impediu o resfriamento de três reatores da usina de Fukushima Daiichi, a 240 quilômetros ao norte de Tóquio.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica, o risco de um derretimento dos reatores é grande. O derretimento é o pior acidente que pode ocorrer em uma usina nuclear.

O embaixador do Japão nos Estados Unidos, Ichiro Fujisaki, disse que pelo menos dois reatores estão sendo resfriados com água do mar.

De acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, os técnicos das usinas conseguiram bombear a água do mar dentro do reator.

Segundo Senra, não há perigo pelo uso da água salgada. “A essa altura o importante é resfriar o reator. Com água, água salgada, o que tiver”, explica.

O professor explica também que mesmo que ocorra o derretimento do reator não deve causar um desastre para a população.

“Uma usina nuclear já é projetada para o pior cenário possível. Onde há risco de vida já não havia ninguém. As pessoas foram retiradas das áreas mais próximas. Mesmo que haja contaminação, ela vai ser contida”, acredita Senra.

O engenheiro reforçou que é “fisicamente impossível” ocorrer uma explosão nuclear, como uma bomba, em uma usina.

A situação em Fukushima Daiichi é o pior acidente nuclear desde o desastre de Chernobyl de 1986. Como precaução, cerca de 140 mil pessoas foram retiradas da área nos arredores de Fukushima. Os níveis de radiação também estão altos na usina nuclear de Onagawa.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), no entanto, disse que o risco proporcionado pelas usinas atômicas do Japão à saúde pública é \"muito baixo\". (G1)