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Alemanha e Suíça suspendem projetos nucleares preventivamente

14 MAR 2011 • POR • 21h15
Combinação de imagens de vídeo da TV local mostra a explosão desta segunda-feira - Foto: Reuters
Alemanha e Suíça foram os primeiros países europeus a suspender temporariamente projetos nucleares como medida preventiva, após as explosões registradas em uma central japonesa, o que abriu nesta segunda-feira (14) um debate no continente sobre a necessidade de se reforçar a segurança.

A chanceler alemã Angela Merkel anunciou uma moratória de três meses na decisão já adotada por seu governo de prolongar a vida das centrais nucleares do país.

O que acontece no Japão, onde as autoridades tentam por todos os meios evitar uma catástrofe nuclear na central de Fukushima, danificada pelo terremoto de sexta-feira, \"muda a situação e na Alemanha, também\", afirmou Merkel. \"Não podemos fazer como se nada tivesse acontecido\", e \"digo isso muito claramente: não há tabu algum no que diz respeito à análise das condições de segurança\", insistiu a chanceler.

Berlim tomou assim uma decisão destinada a tranquilizar seus cidadãos e se somou à Suíça, país que não faz parte da União Europeia (UE), que suspendeu seus projetos de reforma das centrais, à espera de \"normas de segurança mais estritas\".

As repetidas explosões e as falhas de vários reatores da central nuclear de Fukushima 1 do Japão, avariada pelo sismo e pelo posterior tsunami que assolou o país na sexta-feira (11), alimentou nesta segunda-feira o temor de um desastre atômico na Europa, onde existem cerca de 150 reatores.

Com o propósito de \"obter informações em primeira mão sobre planos de urgência e sobre as medidas de segurança\" atuais no Velho Continente, a Comissão Europeia convocou para esta terça-feira (15) uma reunião de urgência em Bruxelas. Os ministros europeus da Energia e do Meio Ambiente, assim como as autoridades nacionais de segurança nuclear e dirigentes das grandes companhias do setor, participarão da reunião.

\"O que acontece no Japão é claramente um acidente nuclear muito grave e o risco de uma grande catástrofe não pode ser descartado\", admitiu a ministra francesa do Meio Ambiente, Nathalie Kosciusko-Morizet, cujo país cobre 75% de suas necessidades energéticas com suas centrais, em uma reunião em Bruxelas.

\"Queremos o nível de segurança o mais elevado possível\" e \"determinar se a energia nuclear é ou não controlável\", ressaltou a ministra, que considerou também que não é o momento de se precipitar.

Sem minimizar a \"importância do debate sobre a segurança\", Elena Salgado, vice-presidente do governo espanhol, pediu que seja mantida uma \"perspectiva global\" e lembrou que as centrais no Japão, \"até o momento, estão resistindo graças às medidas de proteção\".

Mas a Áustria, que se opõe à energia nuclear, lançou uma advertência ao restante dos europeus: \"Queremos segurança máxima para a nossa população e todos os nossos vizinhos devem poder garantir a das suas\", declarou o ministro do Meio Ambiente, Nikolaus Berlakovitch.

\"Queremos controles de resistência em todas as centrais nucleares da Europa e que sejam feitos rapidamente\", afirmou o austríaco.

\"A catástrofe no Japão suscita muitas preocupações\", ressaltou sua colega italiana, Stefania Prestigiacomo.

\"Desejamos entrar no sistema nuclear da UE, mas esperamos informações sobre a situação das centrais,\" indicou Prestigiacomo, cujo país abandonou este tipo de energia em 1987.

A maioria dos países da UE tem centrais nucleares, principalmente a França (19 centras e 58 reatores), a Grã-Bretanha (9 e 19), a Alemanha (12 e 17), a Suécia (7 e 16) e a Espanha (6 e 9). (G1)