Dia-a-Dia

Manifesto cobra proteção à mulher

26 NOV 2010 • POR • 01h47
Valdely dos Santos lembra que sem estrutura não adianta denunciar Foto: Div
DOURADOS - Mulheres de Dourados saíram às ruas para protestar contra falhas em serviços públicos. O evento aconteceu na última terça-feira, na semana de Combate a Violência contra a Mulher. Com bandeirolas, faixas e cartazes, elas tomaram o bairro Canaã I.

A coordenadora do Movimento Popular da Mulher, Irmã Jandira Luvison, explica que o local é exemplo de precariedade nos serviços prestados à mulher douradense. \"Há cerca de sete meses, uma gestante que tentava atendimento no serviço público, morreu juntamente com o filho que esperava. Ele aguardou três vezes ser atendi-da e foi orientada a voltar para a casa. Com fortes dores em casa decidiu voltar ao hospital.

Um médico teria dito que iria atendê-la em 40 minutos. Cerca de uma hora depois, sem atendimento, a mulher morreu vítima de hemorragia, junta-mente com o bebê. Uma situação horrível”, conta. Jandira também conta que no mesmo bairro, uma mulher de 50 anos morreu vítima da violência, por falta de atendi-mento público adequado. “A caminhada passou pela casa das duas vítimas, onde os corpos de ambas foram velados”, destacou.

Para a dona-de-casa Valdely Fátima dos Santos, não adianta falar em conscientizar as mulheres para denunciarem seus agressores, se não há estrutura para isto. “Uma conhecida ligou para o serviço 190, das 20h30 até a meia-noite. Na ocasião informaram que não havia viatura ou até mesmo combustível disponível para a equipe deslocar-se até a casa dela. A mulher podia ter morrido”, reclama.

No dia seguinte procurou a Delegacia da Mulher. “Foi uma experiência lamentável. Ela teve que levar papel sulfite para que as atendentes pudessem confeccionar o boletim de ocorrência. Não havia funcionários para a limpeza do local”.

#####OUTRO LADO

A Secretária de assistência Social de Dourados, Maria Fátima Silveira de Alencar, disse que a secretaria, juntamente com a prefeita Délia Razuk, está unindo forças para buscar resolver o problema da Delegacia da Mulher, que hoje é ad-ministrada pelo Estado.

Segundo a secretária, prova disso foi a aquisição de um carro e uma moto, na semana passada. Os veículos serão des-tinados exclusivamente para o atendimento à mulher na delegacia. Ela diz que apesar de alguns problemas, as políticas públicas para as mulheres estão avançando em Dourados. “O nos-so Centro de Atendimento à Mulher é prova de investimento. São psicólogos, assistentes sociais e demais profissionais que dão auxílio às mulheres em situação de risco. Temos um abrigo, para receber as vítimas que é referência no Estado”.

#####PM

O comando da Polícia Militar informou ao O PROGRESSO que não faltam viaturas ou combustível. Segundo o co-mandante, coronel Marcos dos Santos, o que pode ter ocorrido no caso de Valdely foi a indisponiblidade do atendimento imediato. “Priorizamos estas situações de violência pela vulnerabilidade da vítima, porém em alguns casos as equipes já estão atendendo outras ocorrências de mesmo grau de gravidade”, explicou.