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Técnico brasileiro da Líbia diz que quase teve o passaporte queimado

22 FEV 2011 • POR • 20h35
O técnico Marcos Paquetá, em foto tirada em Trípoli em um dia sem conflitos - Foto: Divulgação
As violentas manifestações na Líbia contra o governo do ditador Muammar Kadhafi deixaram um rastro de destruição na capital do pais, Trípoli. O brasileiro Marcos Paquetá, treinador da seleção nacional, assim como a maior parte dos estrangeiros que moram na Líbia, diz que não vê a hora de deixar o país.

Em entrevista ao Globoesporte.com nesta terça-feira (22), o técnico afirmou que os prédios da Federação de Futebol da Líbia e do Comitê Olímpico foram incendiados e saqueados. E, segundo ele, por pouco, o ato de vandalismo não acabou com sua chance de deixar a Líbia.

\"O meu passaporte e os de outros membros da minha comissão técnica estavam em um armário. Por sorte, nenhum foi danificado. Conosco está tudo bem. Estamos em um lugar bem seguro e tranquilo, localizado em um bairro a 15 minutos do centro, onde ocorrem os incidentes. Se não fosse pela TV, a gente não ia ter noção de tudo que está acontecendo por aqui\", contou.

O técnico diz que já conseguiu passagem e deve embarcar em um voo para Itália na quarta-feira (23). \"Hoje (terça-feira) fui ao aeroporto e estava muito cheio. Nossa maior preocupação é com os nossos familiares. Somos 14 pessoas ao todo, incluindo cinco crianças e um bebê. Estamos com medo de que as coisas piorem e, por isso, vamos deixar o país\", afirmou Paquetá.

#####Comunicação por Skype
O brasileiro diz que vem se comunicando com familiares no Brasil pelo serviço de ligações telefônicas pela internet Skype. \"É a única coisa que funciona. Meu celular recebe ligações, mas não as faz. Também não conseguimos acessar o Twitter e o Facebook.\"

#####Copa Africana de Nações
Ex-técnico de categorias de base da Seleção Brasileira, com passagens também por Avaí, América-RJ e Arábia Saudita, Marcos Paquetá assumiu o comando da Líbia em setembro do ano passado com a missão de classificar a seleção para a Copa Africana de Nações de 2012. Até agora, o trabalho está dando frutos. O time lidera o Grupo C das eliminatórias com quatro pontos e vem de bons resultados em amistosos.

Paquetá espera que a crise política no país se resolva logo. A Líbia tem jogo marcado para o dia 25 de março, contra a seleção de Comoros (arquipélago da costa oeste da África), no estádio 11 de junho, em Trípoli.

\"Estamos aguardando e tenho a esperança que tudo melhore. A federação está nos apoiando e achou bom nós deixarmos o país por hora. No momento, o futebol fica até segundo plano\", disse.

O brasileiro salientou que o governo de Muammar Kadhafi não tem muita ingerência no futebol do país. \"Existe uma verba destinada ao esporte que é repassada pelo governo à federação. Nunca conversei com Kadhafi e, pelo que sei, ele não é muito ligado em futebol.\"

Paquetá diz que Al-Saadi Kadafi, um dos filhos do ditador, acompanha de perto a seleção local. Al-Saadi chegou a jogar profissionalmente, atuando inclusive no Perugia, da Itália.
(G1)