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Unrwa vai continuar prestando serviços até ser forçada a interrompê-los, diz chefe da agência

Em pronunciamento feito em Nova Iorque, Philippe Lazzarini afirmou que a Agência de Assistência aos Refugiados Palestinos é vítima da guerra em Gaza; ele adicionou que as ações de Israel para banir a atuação da entidade são motivadas politicamente

13 Nov 2024 - 18h45Por ONU News
Comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Philippe Lazzarini - Crédito: ONU/Loey FelipeComissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Philippe Lazzarini - Crédito: ONU/Loey Felipe

Nesta quarta-feira, o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, disse que a intenção de Israel de debilitar a agência é “motivada politicamente”.

Falando a jornalistas na sede da ONU em Nova Iorque, Philippe Lazzarini disse que a Unrwa tem sido um “alvo fácil para qualquer um que perceba sua presença e atividades como ameaça”.

Desinformação por ambos os lados

Ele disse que esse também foi o caso nos ultimos anos com o Hamas, que considerava a agência um risco por conta de seu sistema educacional, esforços de igualdade de gênero e estabelecimento de códigos de ética para os funcionários.

O comissário-geral explicou que eram frequentes as acusações de colusão da Unrwa com Israel, assim como hoje existem alegações de que a agência seria infiltrada pelo Hamas.

No mês passado, o parlamento israelense aprovou legislação que poderá pôr fim às operações da agência até janeiro de 2025. Lazzarini afirmou que a Unrwa vai “continuar prestando serviços até ser forçada a interrompê-los”. Ele disse esperar que esse dia nunca chegue.

Uma agência insubstituível

O chefe da Unrwa afirmou que o que faz a agência “insubstituível” é a natureza das atividades desenvolvidas em áreas como educação. Ele questionou “quem irá trazer milhares de meninos e meninas que hoje vivem nos escombros para um ambiente de aprendizagem” se a agência for impedida de atuar.

Além disso, cerca de 80% da população dependia dos serviços de saúde primários da Unrwa antes da guerra. Atualmente, a agência realiza 16 mil consultas por dia.  O chefe da agência disse que a única alternativa na ausência da Unrwa seria se a potência ocupante, Israel, assumisse a frente desses serviços.

Anteriormente, em debate no quarto comitê da Assembleia-Geral, Lazzarini disse que o potencial colapso da Agência ameaça “a vida e o futuro de indivíduos e comunidades, a estabilidade da região e a integridade do sistema multilateral”.

À medida que a situação piora em Gaza, a Unrwa continua a prestar serviços de saúde essenciaisÀ medida que a situação piora em Gaza, a Unrwa continua a prestar serviços de saúde essenciais - Foto:UNRWA

“Desafio aberto à Carta da ONU”

Para Lazzarini, Israel está atuando unilateralmente para “mudar os parâmetros há muito estabelecidos para resolver o conflito Israel-Palestina”.

Segundo ele, isso representa um “desafio aberto à Carta das Nações Unidas, às resoluções da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança e às ordens vinculantes da Corte Internacional de Justiça”.

Com caracteristicas únicas dentre as agências das Nações Unidas, a Unrwa tem o mandato de fornecer serviços públicos, como educação para mais de meio milhão de crianças e cuidados de saúde primários, na ausência de um Estado Palestino.

Unrwa é “vítima da guerra em Gaza”

Durante conflitos, a Unrwa também presta assistência humanitária aos necessitados. No entanto, o comissário-geral declarou que a agência é hoje “uma vítima da guerra em Gaza”.

Pelo menos 243 funcionários foram mortos, outros foram detidos e relatam ter sido torturados. Até o momento, mais de dois terços das instalações da Unrwa foram danificadas ou destruídas.

Lazzarini citou alegações de que grupos armados palestinos, incluindo o Hamas, e forças israelenses teriam utilizado as instalações da agência para fins militares.

Ele enfatizou que condenou veementemente estas alegadas violações e pediu por investigações independentes, com a devida responsabilização pelos ataques ao pessoal, instalações e operações da ONU.

O comissário-geral esclareceu a Unrwa não é uma parte no conflito e sim o mecanismo através do qual as Nações Unidas são incumbidas, pela Assembleia Geral, de ajudar os refugiados palestinos.

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