A Missão de Paz das Nações Unidas no Mali, Minusma, conta com 18 mil integrantes, uma média de um em cada cinco boinas-azuis da ONU pelo mundo. Neste 29 de maio, os integrantes da Minusma celebram o Dia Internacional dos Boinas-Azuis.*
Eles apoiam os esforços de estabilização no país do oesta da África após o conflito entre tropas do governo e movimentos armados, que começou no norte do Mali em 2012.
Estabilidade
Os boinas-azuis são homens e mulheres que servem à causa da paz, nos países em que as Nações Unidas têm operações. Eles podem ser civis ou militares. Desde a criação da organização, mais de 1 milhão de boinas-azuis atuaram sob a bandeira azul da organização.
No caso do Mali, foi selado um acordo de paz entre as forças do governo e os grupos armados em 2014 para colocar fim ao conflito. O passo contou com o apoio da ONU, que acredita ser essa a única plataforma para o retorno da paz e da estabilidade no Mali.
A repórter Joyce de Puina conversou, para a ONU News, com integrantes da Minusma que falam português. Um de Portugal e outro da Guiné-Bissau.
Ernestino Mango, da Guiné-Bissau, contou como é seu trabalho de acompanhar a implementação do diálogo político e da reconciliação.
“Queria aproveitar esta ocasião para exprimir a minha profunda gratidão e reconhecimento a estas mulheres e homens espalhados pelo mundo afora, na defesa desta causa nobre que é a paz e estabilidade. Mas também é oportunidade para frisar que os capacetes azuis não são unicamente mulheres e homens em uniforme. São também pessoas que eu, nos diferentes departamentos desta missão, encarregues de acompanhar todo um processo político, com vista a garantir a uma certa estabilidade conducente a governabilidade do país.”
Parcerias
Como encarregado de assuntos políticos, Mango ressalta a ação em favor da paz que este ano inspira os festejos com o tema Pessoas, Paz, Progresso: O Poder de Parcerias. Para ele, a atuação coletiva beneficia a segurança, estabilização e proteção de civis.
Já o capitão português, João Ferreira, acredita que este tipo de colaboração cresce gradualmente e continua em construção no Mali. Ainda que haja dificuldades, o capacete-azul da Força Aérea Portuguesa, que serve pela terceira vez no Mali, observa benefícios da atuação internacional em comunidades.
“Com o aumento de segurança, principalmente neste momento em que estamos a trabalhar diretamente com as operações da Minusma. O facto de estarmos presentes com aeronaves, diariamente, sobre autoridades mais remotas, no meu entendimento, acho que dá às populações locais o sentido de segurança que nós não estivéssemos lá elas normalmente não teriam.”
A ONU também ajuda a restabelecer a autoridade do Estado, a reconstrução do setor de segurança e a promoção e proteção dos direitos humanos. O oficial diz que estes princípios têm tudo a ver com a motivação individual para atuar na realidade maliana.
“Tentar ajudar alguém. É um facto de que, em Portugal como militar, tentamos sempre dar o nosso melhor para ajudar o povo português. Quando surgem estas oportunidades vamos tentar fazer o mesmo por outro país. Muitas das vezes, eu tenho que admitir, é por experiência pessoal e alguma realização pessoal, mas muitas vezes é para tentar ajudar e fazer algo melhor pelo país que estamos a ajudar. Estamos aqui a fazer. Estamos a tentar. (O João sente que já fez alguma coisa pelo Mali?) Talvez, talvez. Não posso diretamente apontar uma situação, mas talvez.”
Bagagem profissional
A recomendação aos que aspiram ser soldados de paz é que apostem na área para enriquecer a bagagem profissional.
Desde 2013, a Minusma cumpre tarefas relacionadas à segurança em apoio a autoridades transitórias do Mali na estabilização do país e na implementação do roteiro definido nos acordos.
Nessas ações já perderam a vida 260 pacificadores internacionais em território maliano.
Em termos de dimensão da presença internacional, a Minusma é seguida pelas operações de paz da ONU na República Democrática do Congo e no Sudão do Sul.
*Reportagem de Joyce de Pina, da Minusma.