Faiza Abu Muhareb tece tapete em tear feito de lata - Crédito: Foto: Raphaela Moura/Globonews
Elas geralmente deixam a escola logo nos primeiros anos, se casam cedo, têm muitos filhos e não trabalham. Moram em um dos lugares mais pobres de Israel, em vilarejos muitas vezes não reconhecidos pelo Estado, e alvo de demolições. As beduínas do Negev, região desértica do sul de Israel, estão entre os grupos mais marginalizados do país. Mas, em um lugar onde 80% das mulheres são analfabetas e 90% estão desempregadas, um grupo tenta mudar essa situação.No vilarejo de Lakiya, desde 1991, as mulheres podem aprender a ler e escrever em árabe e hebraico. Também podem aprender a tecer e receber pelo trabalho que fazem em casa, já que a maioria tem muitos filhos para criar. O projeto responsável pela mudança se chama Lakiya Weaving e hoje exporta para o mundo inteiro os tapetes confeccionados pelas beduínas.
\"Anos atrás, as mulheres tinham um papel mais ativo na sociedade, pois mudavam de casa e trabalhavam na terra. Hoje, temos uma casa fixa e a renda não vem só da terra\", explica a beduína Hala Abu-Shareb, assessora de imprensa do grupo. \"Atualmente, atendemos 70 mulheres que levam o tear para casa, porque têm filhos para cuidar. Muitos maridos ainda não gostam que elas saiam e que trabalhem.\"
Faiza Abu Muhareb tem 60 anos e está há dois no grupo. Ela conta que aprender a tecer foi uma das melhores coisas que aconteceram em sua vida. \"Eu conheci mais mulheres, vejo pessoas do mundo todo vindo aqui e esqueço os problemas de casa. É um descanso\". Uma de suas filhas (ela tem 14 ao todo) também faz parte do projeto.
Jornal
Além dos cursos de alfabetização e tapeçaria, a organização montou um jornal escrito por beduínas. O objetivo, explica Hala, é discutir a questão feminina e dar espaço para mostrar a mulher beduína longe de estereótipos e preconceitos.
Os beduínos são árabes originalmente nômades que vivem no deserto. Segundo a Administração de Terras de Israel, é uma população de 155 mil pessoas, das quais 60% viivem em propriedades legalizadas - o resto mora em terras consideradas ilegais pelo Estado israelense, que afirma estar construindo 13 novos vilarejos legais. A taxa de crescimento da população beduína é uma das maiores do mundo, dobrando de tamanho a cada 15 anos.
(G1)