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Desenvolvimento econômico

Relatório traz impactos da desaceleração econômica em países de língua portuguesa

Agência da ONU para Comércio e Desenvolvimento, Unctad, mostra cenário marcado por desaceleração econômica e crescente descontentamento social; Moçambique, Angola, Brasil e Guiné-Bissau aparecem na lista de impacto da dívida pública

10 Dez 2024 - 21h45Por ONU News
Maputo, Moçambique. A África tem a maior e mais rápida população jovem do mundo - Crédito: Pnud Moçambique/Cynthia R MatonhodzeMaputo, Moçambique. A África tem a maior e mais rápida população jovem do mundo - Crédito: Pnud Moçambique/Cynthia R Matonhodze

Relatório de Comércio e Desenvolvimento de 2024 destaca desafios de países em desenvolvimento como aumento da dívida pública, preço elevado da energia e uma demanda cada vez maior por serviços sociais e de saúde.

O estudo, divulgado pela agência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, Unctad, ressalta que várias economias sofreram desvalorizações acentuadas das suas moedas em 2024 em relação ao dólar americano. Dentre as nações de língua portuguesa, as mais impactados entre janeiro e agosto foram o Brasil, com 15,1% de desvalorização, e Angola, com 7,4%.

Crise da dívida pública

Outro desafio é o fato de que uma grande parte de receitas geradas com exportação acabam sendo destinadas ao pagamento da dívida pública.

Dentre os 25 países em desenvolvimento mais impactados por essa situação, Moçambique lidera a lista, com 64,2% das receitas comprometidas.

Também figuram no ranking Angola, com 33%, Brasil, com 32,7% e Guiné-Bissau, com 28,2%.

“Reprimarização” das economias

Além disso, em países onde há uma grande dependência da exportação de energia, a Unctad identifica uma grande vulnerabilidade a possíveis recessões no setor.

Dentre os países analisados, Angola é considerado o terceiro mais vulnerável, pois 93,7% de suas exportações são na área de energia. A análise também aponta preocupações com Timor-Leste, com 49,7% e Moçambique, com 46,1%.

O levantamento da Unctad chama a atenção para uma tendência de “reprimarização” das economias, que significa a substituição da exportação de manufaturas por matérias-primas.

De acordo com os dados analisados, no Brasil a exportação de matérias-primas dobrou de 31% em 2003 para 61% em 2022, enquanto a de bens manufaturados caiu de 38% para 18%.

A produtividade da economia é atualmente o principal foco do desenvolvimento do BrasilA produtividade da economia é atualmente o principal foco do desenvolvimento do Brasil - Foto: Governo do Espírito Santo/Divulgação

 

Desafios no Brasil

O relatório também afirma que apesar de ser um país líder no agronegócio, o Brasil retém apenas 36% dos lucros da exportação da soja, devido a uma alta dependência de empresas estrangeiras para fornecimento de tratores, colheitadeiras, sementes e fertilizantes e pesticidas.

Segundo a Unctad, o Brasil vive uma desaceleração econômica que reflete uma política macroeconômica “divergente”, já que as autoridades seguem uma abordagem restritiva na política monetária e uma política fiscal expansionista.

Como resultado, a inflação parece ter se estabilizado em 4%, o que está 1 ponto percentual acima da meta do Banco Central, forçando a política monetária a permanecer restritiva em 2025.

Resiliência econômica

O relatório sugere que os países em desenvolvimento priorizem a resiliência econômica e a diversificação, indo além dos modelos de exportação liderados pela manufatura.

Para a Unctad, é necessária uma ação multilateral mais forte para melhorar a cooperação tributária, garantir uma transição energética equitativa e construir um sistema financeiro global focado no desenvolvimento.

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