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Desenvolvimento econômico

Relatório da ONU aponta crescimento econômico global estagnado em 2,8%

Incerteza persistente causada por tensões comerciais, endividamento e conflitos geopolíticos impactam pespectivas para o futuro; inflação mais baixa e flexibilização monetária oferecem alívio, mas se refletem de forma distinta em cada região

09 Jan 2025 - 22h45Por ONU News
Um lojista do Sri Lanka prepara doces antes das celebrações do Ramadã - Crédito: ADB/M.A. Puspha KumaraUm lojista do Sri Lanka prepara doces antes das celebrações do Ramadã - Crédito: ADB/M.A. Puspha Kumara

O relatório das Nações Unidas sobre a Situação Econômica Mundial e Pespectivas para 2025 prevê que o crescimento global permanecerá em 2,8% este ano, o mesmo valor observado em 2024.

A publicação, lançada nesta quinta-feira, em Nova Iorque, indica que 2026 será marcado por um leve aumento para 2,9%.

Crescimento segue abaixo da média pré-pandemia

O levantamento organizado pelo Departamento de Assuntos Socioeconômicos da ONU, Desa, revela que embora a economia global tenha sido resiliente a uma série de choques contínuos, o crescimento segue abaixo da média pré-pandemia, de 3,2%.

As limitações identificadas incluem fraco investimento, lento crescimento da produtividade e elevados níveis de endividamento.

O relatório observa que a inflação mais baixa e a flexibilização monetária em curso em muitas economias poderiam proporcionar um impulso “modesto” à atividade econômica mundial em 2025.

No entanto o texto afirma que “uma grande incerteza ainda persiste”, com riscos decorrentes de conflitos geopolíticos, tensões comerciais crescentes e aumento dos custos de empréstimos em muitas partes do mundo.

Estes desafios são considerados particularmente graves para os países de baixo rendimento e vulneráveis, onde o crescimento abaixo da média pode prejudicar ainda mais o progresso rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,ODS.

Um navio cargueiro está atracado no porto de Vigo, na EspanhaUm navio cargueiro está atracado no porto de Vigo, na Espanha - Foto: FAO/Miguel Riopa

Disparidades regionais

O relatório estima que o crescimento nos Estados Unidos caia de 2,8% em 2024 para 1,9% em 2025, com a desaceleração do mercado de trabalho e redução dos gastos dos consumidores.

Já na Europa, a expectativa é de uma recuperação modesta, com o crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, de 0,9% em 2024 para 1,3% este ano, apoiada pela redução da inflação e pela resiliência dos mercados de trabalho.

Por outro lado, o fraco crescimento da produtividade e o envelhecimento da população continuam a pesar sobre as perspectivas econômicas da região.

Prevê-se que o Leste Asiático cresça 4,7% em 2025, impulsionado pelo crescimento estável projetado para a China de 4,8%. O sul da Ásia deve continuar sendo a região com crescimento mais rápido, com aumento do PIB projetado em 5,7% este ano, liderado pela robusta expansão de 6,6% da Índia.

Na África, o crescimento econômico esperado é de 3,4% no ano passado para 3,7% em 2025. Esse desempenho será em grande parte devido às recuperações nas principais economias, incluindo Egito, Nigéria e África do Sul.

Contudo o relatório ressalta que os conflitos, o aumento dos custos do serviço da dívida, a falta de oportunidades de emprego e a crescente gravidade dos impactos das alterações climáticas pesam sobre a economia do continente africano.

Recuperação comercial e flexibilização monetária

Os dados apontam que o comércio global deve crescer 3,2% em 2025, impulsionado pela melhoria das exportações de bens manufaturados da Ásia e pelo forte comércio de serviços.

No entanto, as tensões comerciais, políticas protecionistas e incertezas geopolíticas são considerados riscos significativos.

Em relação a inflação global, a previsão é de queda, saindo de 4% em 2024 para 3,4% em 2025, proporcionando algum alívio às famílias e empresas.

Espera-se que os principais bancos centrais reduzam ainda mais as taxas de juro este, à medida que as pressões inflacionistas continuem diminuindo.

Recomendações

Apesar da diminuição da inflação mundial, a alta no preço dos alimentos permanece, com quase metade dos países em desenvolvimento registrando taxas superiores a 5% em 2024.

Isso aprofundou a insegurança alimentar em países de baixo rendimento que já enfrentam fenômenos climáticos extremos, conflitos e instabilidade econômica.

O relatório recomenda que os governos evitem políticas fiscais excessivamente restritivas e, em vez disso, concentrar-se na mobilização de investimentos em energia limpa, infraestrutura e recursos sociais críticos, em setores como saúde e educação.

A publicação apela ainda por uma ação multilateral ousada para enfrentar as crises interligadas da dívida, desigualdade e mudanças climáticas.

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