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Relatório da ONU aponta aumento de 45% nas vítimas civis na Ucrânia

Lançado nesta terça-feira, documento relata denúncias de tortura a prisioneiros de guerra e impacto de ataques à infraestrutura civil; cidade de Kherson sofreu novo ataque que deixou pelo menos cinco mortos

01 Out 2024 - 20h45Por ONU News
Uma menina segura sua boneca na praça central de Kherson, na Ucrânia - Crédito:  UNOCHA/Oleksandr Ratushniak Uma menina segura sua boneca na praça central de Kherson, na Ucrânia - Crédito: UNOCHA/Oleksandr Ratushniak

O Escritório de Direitos Humanos publicou nesta terça-feira um relatório sobre a Ucrânia cobrindo os principais desenvolvimentos entre junho e agosto de 2024. O levantamento mostra um aumento significativo no número de vítimas civis e na destruição de infraestrutura.

Com 589 civis mortos e 2.685 feridos, o número de vítimas aumentou 45% em relação aos três meses anteriores. O dia mais letal foi 8 de julho, quando um ataque coordenado de mísseis pela Rússia resultou na morte de pelo menos 43 pessoas. A maioria das vítimas foi registrada em territórios controlados pela Ucrânia.

Novos ataques

Também nesta terça-feira, um novo ataque na cidade de Kherson deixou pelo menos cinco mortos e diversos feridos. O Escritório para Assuntos Humanitários na Ucrânia condenou o ato e reforçou a necessidade de proteger os civis.

Coordenador Humanitário da ONU na Ucrânia, Matthias Schmale, observou que, desde o início da invasão russa em grande escala da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, “milhares de pessoas que viviam suas vidas diárias em mercados, escolas e hospitais nunca voltaram para casa devido ao impacto da guerra”.

Ele enfatizou que "os ataques a civis e à infraestrutura civil são estritamente proibidos pelo direito internacional humanitário e devem cessar".

Ataque da Ucrânia

O relatório de Direitos Humanos também avaliou a incursão das Forças Armadas ucranianas na região de Kursk, em território russo, em 6 de agosto. Foram identificados nomes de civis mortos e feridos na incursão, mas o escritório da ONU não pode estabelecer as circunstâncias exatas devido à falta de acesso e informações públicas limitadas. Em agosto foi solicitado acesso às autoridades russas, mas, até o momento, não foi concedido.

Até 31 de agosto, a Missão de Monitoramento de Direitos Humanos da ONU na Ucrânia verificou que a violência relacionada ao conflito resultou na morte de 11.743 civis e no ferimento de 24.614 desde 24 de fevereiro de 2022.

Ataque à infraestrutura civil

Durante o período do relatório, as Forças Armadas russas continuaram a atacar a infraestrutura de energia em toda a Ucrânia, afetando serviços essenciais e intensificando as preocupações com a situação da população civil com a aproximação do inverno.

Essas tendências continuaram em setembro. O número de vítimas civis em todo o mês segue a mesma trajetória de agosto. Esforços militares intensos das Forças Armadas russas forçaram o governo ucraniano a evacuar milhares de pessoas de áreas próximas à linha de frente.

Ataques contra cidades em toda a Ucrânia, como Sumy, Kharkiv e Zaporizhzhia, danificaram e destruíram propriedades e infraestruturas civis, incluindo escolas, hospitais e uma casa de repouso para idosos. Também foram documentamos mais ataques contra a infraestrutura energética ucraniana.

Prisioneiros de guerra

Com relação aos prisioneiros de guerra, o relatório, baseado em centenas de entrevistas, detalha como as autoridades russas submeteram prisioneiros de guerra ucranianos a tortura e maus-tratos de forma “sistemática e generalizada”.

Diversos fatores indicam que “os supervisores das instalações de detenção estavam cientes desse tratamento e tinham capacidade de impedi-lo”. Algumas figuras públicas na Rússia “chegaram a incentivar explicitamente o tratamento desumano, e até mesmo a execução, de prisioneiros de guerra ucranianos”.

O relatório também aponta que prisioneiros de guerra russos foram submetidos a tortura ou maus-tratos pelas forças ucranianas durante as fases iniciais da captura. O alto comissário para os Direitos Humanos apresentará formalmente o relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU no dia 8 de outubro.

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