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Refém no DF diz que freira negociou muito

15 Jun 2011 - 15h22
Sala onde as vítimas e os bandidos passaram a
maior parte do tempo. - Crédito: Foto: Rafaela Céo/G1Sala onde as vítimas e os bandidos passaram a maior parte do tempo. - Crédito: Foto: Rafaela Céo/G1
A dona do imóvel invadido por dois ladrões nesta terça-feira (14) em Brasília e que foi mantida refém junto com duas filhas e uma freira amiga da família falou ao G1 nesta quarta como foram as seis horas que o grupo passou em poder dos bandidos. Carmen Lúcia de Freitas Sartori, 58 anos, disse que a freira foi a principal negociadora com os ladrões.

Moradora da casa 46 do bloco K da quadra 711 Sul, ela disse que foi abrir o portão dos fundos da casa por volta das 9h30 terça para receber uma freira, de nome Clara, que ia buscar uma imagem de Nossa Senhora para restauração. Foi quando os dois bandidos, Adelino de Sousa Porto, 57 anos, e Bruno Leonardo Oliveira, 29 anos, se aproximaram e forçaram a entrada na residência.

Os dois perguntaram pelo marido de dona Carmen, Adécio Sartori. “Respondi que ele estava na igreja. Mesmo assim, eles foram entrando. Perguntei o que eles queriam, quem eram. Eles fecharam o portão e contaram que era um assalto. No começo não acreditei, mas aí ele mostraram o revólver”, lembra Carmen. “Como eles sabiam o nome do meu marido, senti que alguém tinha mandado eles aqui”, falou a moradora.

No momento da invasão, além de Carmen e da freira Clara, estavam na casa duas filhas da moradora, Miriam e Mariana Sartori, o namorado de Mariana, dois pedreiros e a mulher de um dos trabalhadores.

De acordo com o relato da dona da casa, foi a esposa de um dos pedreiros que percebeu a movimentação, conseguiu sair da casa, pediu ajuda a um vizinho e chamou a polícia.

O carro da PM surpreendeu os bandidos no momento em que eles deixavam o sobrado para fugir. O namorado de Mariana Sartori foi intimado pelos assaltantes para levá-los de carro. “Quando a polícia chegou, eles voltaram para a nossa casa. O namorado da Mariana conseguiu ficar lá fora”, recordou Carmen Sartori.

Tão logo a PM chegou ao local, por volta das 10h, a moradora foi a interlocutora de dentro da casa nas negociações. Mas logo a irmã Clara tomou a frente no diálogo entre a polícia e os bandidos. \"Não sei o que faria sem ela. Ela acalmou a todos e conseguiu manter o diálogo.\" De acordo com dona Carmen, o desmaio da freira, já no fim da ação dos bandidos, aconteceu porque a religiosa tem pressão alta e estava cansada.

Frequentadora assídua da Paróquia de Santo Antônio, a família rezou o tempo todo, falou sobre Deus e Nossa Senhora para os assaltantes. “Coloquei a Nossa Senhora em cima da mesa e pedi que ela intercedesse por minha família, pela irmã e por eles”, falou.

Os bandidos acompanharam o começo da ação da polícia pela TV, mas logo a energia da casa foi cortada. Os assaltantes permitiram que as vítimas falassem ao telefone, pediram água, suco e comida.

Dona Carmen afirma que não houve agressões ou consumo de drogas por parte dos assaltantes. “Eles estavam muito preocupados em conseguir fugir, chegaram a pedir um carro para ir embora. Me chamou atenção o pavor que eles tinham de voltar para a cadeia”, disse a dona da casa.

Outra preocupação dos assaltantes era serem feridos durante a rendição. “Eles disseram que não iam nos ferir, que não estavam lá para machucar ninguém, mas que poderíamos ser atingidas por acidente pela polícia na hora da saída”, falou dona Carmen.

Apesar dos momentos de medo em poder dos bandidos, dona Carmen afirma que a família não pensa em mudar de endereço. Eles moram no local há quase 20 anos. \"A violência está em todo lugar. Aqui tenho muitos amigos e frequento a paróquia vizinha. Não pensamos em nos mudar. Talvez alterar alguns hábitos, mas ainda temos que refletir sobre isso\", afirmou.

Desfecho

Os dois sequestradores da 711 Sul libertaram todas as vítimas por volta das 16h. O primeiro a encerrar a ação foi Bruno Leonardo Oliveira, que saiu algemado e com a cabeça coberta. Adelino de Sousa Porto deixou a casa por último, após as vítimas.

Enquanto ainda negociavam a rendição, os dois homens libertaram duas reféns – Miriam Sartori, filha de Carmen e Adécio e a freira Clara. Grávida de seis semanas, Miriam foi levada para o Hospital Naval, onde foi constatado que o feto estava bem.

Durante a negociação, a polícia cogitou o uso da força para tentar resgatar os reféns. Segundo o major Adriano Meireles, da Polícia Militar, a situação era de alto risco\" porque os dois homens eram \"homicidas com vasta ficha criminal\".

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