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Papa beatifica João Paulo II

02 Mai 2011 - 14h40
Beatificado João Paulo II que governou a Igreja Católica de 1978 a 2005 - Crédito: Foto : DivulgaçãoBeatificado João Paulo II que governou a Igreja Católica de 1978 a 2005 - Crédito: Foto : Divulgação
Cidade do Vaticano - Aplausos, sorrisos e lágrimas, tudo emoção e alegria. João Paulo II, o polonês Karol Wojtyla, que governou a Igreja Católica por mais de 26 anos, de 1978 a 2005, virou beato às 10h38 (5h38 no horário do Brasil, quando seu sucessor e amigo, o papa Bento XVI pronunciou a fórmula da beatificação.

\"Com a nossa autoridade, concedemos que o venerável servo de Deus João Paulo II seja chamado de beato e que se possa celebrar a sua festa todos os anos, no dia 22 de outubro, nos lugares e conforme as regras estabelecidas pelo direito\", disse Bento XVI, em latim, atendendo a um pedido do cardeal Agostino Vallini, vigário geral para a diocese de Roma.

Seguiram-se oito minutos de palmas, enquanto um coral repetia, com a multidão, três vezes amém. Na janela principal da fachada da Basílica de São Pedro, uma cortina correu devagar para mostrar um rosto sorridente e ainda cheio de juventude de João Paulo II, com uma auréola de santo aplicada em fundo de céu azul. A freira francesa Marie Simon Pierre, beneficiada pelo milagre aprovado para a beatificação, depositou junto do altar uma relíquia de seu benfeitor - uma ampola com sangue colhido no hospital, em seus últimos de vida.



\"Giovanni Paolo, Giovanni Paolo!\", gritaram os compatriotas poloneses, num entusiasmo contagiante que a multidão ecoou. Havia mais de 1 milhão de fiéis na Praça de São Pedro e suas imediações, segundo o Vaticano. Ou 1,5 milhão, de acordo com os cálculos da polícia de Roma. A julgar pelas bandeiras vermelho e brancas, os poloneses eram maioria na praça, cerca de 80 mil peregrinos, até a véspera da celebração.

Adultos ou jovens, eram peregrinos piedosos, que se ajoelharam com os olhos molhados de lágrimas para invocar o Beato Karol Wojtyla. \"Rodamos 20 horas, da região de Cracóvia até Roma, para viver esse momento\", revelou a bibliotecária Bárbara Kawka, que viajou com sete amigos, em dois carros para assistir a beatificação. Dormiram na rua, perto da basílica, numa noite fria que ameaçava chuva.

As brasileiras Elinete Passos e Aparecida Aurora Cordeiro, mineiras de Teófilo Otoni que moram na Itália, na região do Piemonte, também dormiram na calçada. Chegaram de avião e tinham reservado hotel, mas preferiram ficar bem perto da festa. Às 7 horas da manhã, entraram na Praça de São Pedro, que já estava cheia. Os cavaletes que impediam o acesso foram abertos às 5h25.
\"Valeu a pena, porque em 1997 eu beijei a mão de João Paulo II e ganhei a bênção dele\", disse Elinete.

Bento XVI também parecia emocionado com a oportunidade de ter declarado beato o seu predecessor, com quem ele trabalhou durante 23 anos, desde que foi nomeado, em 1983, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. \"Passaram-se já seis anos desde o dia em que nos encontrávamos nesta praça para celebrar o funeral do papa João Paulo II... Já naquele tempo, sentíamos pairar o perfume da sua santidade, tendo o povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele. Por isso, quis que sua causa de beatificação pudesse, no devido respeito pelas normas da Igreja, prosseguir com discreta celeridade, E o dia esperado chegou! Chegou depressa, porque assim aprouve ao Senhor: João Paulo II é beato!\"

Giovanni Paolo II, Giovanni Paolo II\", voltaram a gritar os devotos. Foi preciso o cerimonial pedir silêncio e recomendar que as bandeira fossem recolhidas para o papa continuar. Entre as bandeiras da Polônia, restaram de pé cartazes do sindicato Solidariedade, a quem Karol Wojtyla deu força em sua luta contra a ditadura socialista. O líder do movimento e depois presidente da Polônia, Lech Walesa, estava junto do altar da celebração, entre representações e convidados especiais.

Ali também se sentaram o vice-presidente Michel Temer, chefe da deleção brasileira e seu séquito, o deputado Gabriel Chalita e o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco. Segundo sua assessoria, Temer gostou da cerimônia e emocionou-se sobretudo com os momentos de silêncio. Ele comungou na missa e, mais tarde, cumprimentou Bento XVI, quanto as autoridades passaram pela urna do Beato João Paulo II, diante do altar de São Pedro, na basílica.

#####DESAFIOS

Bento XVI lembrou a coragem de João Paulo II ao enfrentar os desafios de seu tempo. \"Karol Wojtyla subiu ao sólio de Pedro trazendo consigo a sua reflexão profunda sobre a confrontação entre o marxismo e o cristianismo, centrada no home.

A sua mensagem foi esta: o homem é o caminho da Igreja, e Cristo é o caminho do homem.

Com esta mensagem, que é a grande herança do Concílio Vaticano II e do seu `timoneiro\',o servo de Deus papa Paulo VI, João Paulo II foi o guia do povo de Deus, ao cruzar o limiar do Terceiro Milênio, que ele pôde, justamente, graças a Cristo chamar \" limiar da esperança...\"

Na alocução final, o papa fez uma saudação ao presidente da Itália e à sua comitiva, agradecendo \"às autoridades italianas sua colaboração na organização desse dia de festa\".

Essas palavras fora dirigidas ao presidente da República, Giorgio Napolitano, chefe da delegação, mas caíram também no colo do primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, que compareceu por iniciativa própria.

Ao se dirigir aos peregrinos de língua portuguesa, Bento XVI lembrou, mais uma vez, o apelo que marcou o discurso de João Paulo II, no primeiro dia de seu pontificado, em outubro de 1978 \"Não tenhais medo! Abri as portas, melhor, escancarai as portas a Cristo!\".

No meio da praça, membros do movimento Comunhão e Comunicação, um dos grupos que João Paulo II incentivou durante seu pontificado, agitaram uma enorme faixa que reproduzia o apelo, em italiano.

A multidão começou a deixar lentamente a Praça de São Pedro às 12h45, quando acabou a missa. Parecia que tudo havia terminado, mas Cinco horas depois, a praça ainda estava cheia. Uma fila contínua de devotos se formou para venerar as relíquias, no interior da basílica. (AE)

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