O custo da importação global de alimentos está no caminho de atingir um novo recorde de US$ 1,8 trilhão neste ano, devido à alta nos preços e nos custos dos transportes.
Este é o principal dado de um relatório divulgado, esta quinta-feira, pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO. O que mais preocupa a agência da ONU é o fato de que “muitos países vulneráveis estão pagando mais caro para obter um volume menor de alimentos.”
Sinal alarmante
Na comparação com 2021, a conta de importação global de alimentos deverá aumentar US$ 51 bilhões. A expectativa é de que países da África Subsaariana registrem alta nos custos totais, apesar de uma redução nos volumes de importação.
A FAO nota que as estimativas são alarmantes do ponto de vista da segurança alimentar, indicando que os países importadores terão dificuldades em financiar custos internacionais que só aumentam, “potencialmente levando ao fim da resiliência a preços mais altos”.
O editor do relatório e economista da FAO, Upali Galketi Aratchilage, declarou que “preocupações com o clima e incertezas do mercado devido à guerra na Ucrânia indicam um aperto no mercado de alimentos e taxas de importação mais altas”.
Cereais
Gorduras animais e óleos vegetais estão listados como os maiores fatores da alta no preço das importações de alimentos neste ano. A FAO nota que os cereais não ficam para trás, com países em desenvolvimento reduzindo as importações de cereais, oleaginosas e de carne, refletindo a incapacidade de lidarem com o aumento dos preços.
A produção mundial dos principais cereais deverá diminuir em 2022 pela primeira vez em quatro anos. A utilização dos cereais também será menor, especialmente com queda no uso de trigo, grãos e arroz.
A FAO prevê que os estoques globais de trigo poderão aumentar marginalmente durante o ano, devido ao acúmulo de estoques na China, na Rússia e na Ucrânia.
Etanol do Brasil
O relatório menciona ainda novos recordes para o milho, associados com maior produção de etanol no Brasil e nos Estados Unidos.
Sobre a carne, a FAO prevê queda na produção na Argentina, na União Europeia e nos Estados Unidos.
Em relação ao leite, a produção deverá ser mais lenta do que em anos anteriores, com margens de lucro menores em várias regiões produtoras. Depois de três anos em declínio, a produção de açúcar deverá subir, liderada pela Índia, Tailândia e União Europeia.
O relatório também destaca a performance do mercado pesqueiro, com a produção global de aquicultura aumentando 2,9% e da pesca de captura expandindo 0,2%.