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ONU condena decisão do Talibã que proíbe mulheres afegãs de estudar medicina

Medida elimina única via que restava para que mulheres e meninas acessassem ensino superior; Escritório de Direitos Humanos pede revogação da diretriz, alertando que ela prejudicará disponibilidade futura de parteiras e enfermeiras

06 Dez 2024 - 19h45Por ONU News
Os direitos das mulheres têm diminuído constantemente no Afeganistão desde 2021     - Crédito: ONU Mulheres/Sayed Habib BidellOs direitos das mulheres têm diminuído constantemente no Afeganistão desde 2021 - Crédito: ONU Mulheres/Sayed Habib Bidell

O Escritório de Direitos Humanos da ONU condenou uma nova proibição imposta pelo Talibã, no Afeganistão, impedindo que mulheres e meninas frequentem instituições privadas de medicina.

Esse era o único caminho que ainda restava para que as mulheres pudessem obter uma formação superior no país.

Impacto na assistência médica

A porta-voz do órgão da ONU, Ravina Shamdasani, alertou que a medida terá “consequências arrasadoras” para a assistência médica no país, pois afeta a disponibilidade futura de parteiras e enfermeiras.

Para Shamdasani, a nova diretriz, que supostamente entrou em vigor na terça-feira, é “mais um golpe direto” das autoridades de facto contra mulheres e meninas afegãs.

Segundo ela, a nova regra é “profundamente discriminatória, míope e coloca a vida de mulheres e meninas em risco de várias maneiras”.

No Afeganistão, a equipe médica masculina é proibida de tratar mulheres, a menos que um parente do sexo masculino esteja presente. Por isso a presença das mulheres no setor da saúde é considerada crucial.

O Afeganistão já sofre com uma das maiores taxas de mortalidade materna do mundo e há grandes preocupações de que a proibição possa prejudicar ainda mais o acesso precário das mulheres à assistência médica.

Mariza Ahmadi trabalhou como parteira na unidadede saúde familiar Ahangaran, apoiada pelo Unfpa, na província de Bamyan, durante quatro anosMariza Ahmadi trabalhou como parteira na unidadede saúde familiar Ahangaran, apoiada pelo Unfpa, na província de Bamyan, durante quatro anos - Foto: Unfpa Afeganistão

Apelo por revogação

A porta-voz declarou que as autoridades de facto do Afeganistão têm a responsabilidade de garantir bem-estar, segurança e proteção de toda a população.

Ela adicionou que o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, insta às autoridades a revogarem esta diretiva prejudicial.

Shamdasani enfatizou que “já passou da hora de os direitos humanos das mulheres e meninas serem garantidos, em linha com as obrigações internacionais de direitos humanos do Afeganistão”.

Impacto prejudicial

A Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão, Unama, também expressou profunda preocupação, afirmando que a medida impõe “mais restrições” aos direitos das mulheres e meninas à educação e à saúde.

Em nota, a Missão afirmou que “em última análise, isso terá um impacto prejudicial no sistema de saúde do Afeganistão e no desenvolvimento do país”.

O relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett, descreveu a proibição como “inexplicável e injustificável”.

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