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ONU afirma que declaração de ministro israelense incita ódio contra civis inocentes

Alto funcionário de Israel disse que fome em Gaza poderia ser "justificada e moral"; em reação, escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas ressaltou que "a fome de civis como método de guerra é um crime de guerra"

09 Ago 2024 - 21h45Por ONU News
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse estar "chocado" com as palavras do ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich - Crédito:  Escritório de Direitos Humanos/Pierre AlbouyO alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse estar "chocado" com as palavras do ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich - Crédito: Escritório de Direitos Humanos/Pierre Albouy

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse estar “chocado” com as palavras do ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, sobre a situação da fome em Gaza. 

Segundo agências de notícias, o alto oficial israelense causou indignação internacional ao declarar que “ninguém no mundo nos permitirá fazer passar fome 2 milhões de pessoas, mesmo que possa ser justificado e moral para libertar os reféns”.

Famílias em Gaza continuam a procurar locais mais seguros para se abrigar

Famílias em Gaza continuam a procurar locais mais seguros para se abrigar - Foto: UNRWA

 

Crime de guerra

Turk condenou estas palavras nos termos mais veementes, afirmando que elas incitam ao ódio contra civis inocentes.

Em mensagem transmitida pelo porta-voz de Direitos Humanos, Jeremy Laurence, ele disse que “a fome de civis como método de guerra é um crime de guerra”, bem como a “punição coletiva do povo palestino”.

Laurance adicionou que esta declaração direta e pública corre o risco de incitar outros crimes atrozes e pediu o fim imediato deste tipo de comentário. O porta-voz ressaltou que falas dessa natureza devem ser investigadas e, se forem consideradas crimes, os responsáveis devem ser processados e punidos.

Êxodo e desesperança

A especialista sênior de comunicações da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, Louise Wateridge, apresentou nesta sexta-feira uma atualização sobre a situação das pessoas forçadas a fugir.

Ela disse que os efeitos das mais recentes ordens de evacuação em Khan Younis são visíveis. Nesta quinta-feira, foram avistadas centenas de famílias em fuga e com cada vez menos pertences e a maioria delas realizando o êxodo a pé em uma estrada repleta de poeira.

A representante da Unrwa descreveu que a maioria das crianças carregava mochilas nas costas e na frente do corpo, algumas delas tinham menos de 10 anos e outras estavam fazendo o trajeto sozinhas, sem família ao redor.

Louise Wateridge destacou que essa cena ocorria sob um calor de mais de 30°C e que não viu quase ninguém bebendo ou tendo acesso à água. Segundo ela a expressão e a atitude das pessoas a todo momento refletiam “a devastação, o medo, a ansiedade e a desesperança que elas estão enfrentando”.

A especialista de comunicações sublinhou que essas “cenas horríveis” revelam o drama destas pessoas forçadas a fugir “sem absolutamente nenhuma segurança e sem ter para onde ir”. Ela afirmou que é “simplesmente trágico” que isso esteja acontecendo repetidamente.

Menina gravemente ferida evacuada de Gaza para os Emirados Árabes Unidos pela Organização Mundial da SaúdeMenina gravemente ferida evacuada de Gaza para os Emirados Árabes Unidos pela Organização Mundial da Saúde -  Foto: OMS

 

Expectativa por campanha de vacinação

A representante da Unrwa disse que a agência está trabalhando com a Organização Mundial da Saúde, OMS, e com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, bem como com o Ministério da saúde local para uma campanha de vacinação contra a poliomielite.

Ela afirmou que a iniciativa seria muito mais fácil e rápida com um cessar-fogo, que tem sido demandado a vários meses e irá “beneficiar profundamente” todos os tipos de resposta humanitária em Gaza.

A especialista declarou que a Unrwa está “profundamente comprometida” em liderar a vacinação, devido a sua vasta presença e experiência no enclave. No entanto, ela disse que as contínuas ordens de evacuação vão tornar a imunização muito difícil. 

Segundo Louise Wateridge, a expectativa é de que a campanha de vacinação comece em algumas semanas, ainda no mês de agosto. Ela insistiu na importância de um cessar-fogo ou pausa humanitária neste período. 

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