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Na TV, Kadhafi diz que manifestantes na Líbia estão a serviço de Bin Laden

24 Fev 2011 - 15h35
Na TV, Kadhafi diz que manifestantes na Líbia estão a serviço de Bin Laden -
O ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, disse na TV nesta quinta-feira (24) que os manifestantes antigoverno que tomaram boa parte do país africano estão a serviço do líder da rede terrorista da al-Qaeda, Osama bin Laden, e que tomaram drogas alucinógenas e estão \"lutando entre si\".

O vídeo não mostrou imagens ao vivo de Kadhafi, que falou por telefone a um apresentador da TV estatal líbia.

O ditador afirmou que o terrorista saudita estaria \"manipulando\" os líbios e instou a população a combatê-lo.

\"Bin Laden. Este é o inimigo que está manipulando o povo\", disse. \"Não sejam enganados por Bin Laden.\"

Referindo-se aos confrontos violentos da cidade de Zuara nesta quinta, ele afirmou que o que ocorre lá é \"uma farsa\".

\"Vocês em Zuara se voltaram para Bin Laden\", afirmou. \"Eles deram drogas a vocês.\"

\"Eles lavaram o cérebro das crianças nessa região e pediram que se comportassem dessa maneira\", acrescentou.

O ditador líbio assegurou que a situação em seu país é diferente da do Egito e da Tunísia, onde as rebeliões populares acabaram com regimes longevos e autoritários e acabaram inspirando manifestações em outros países.

\"Aqui a autoridade está em suas mãos, nas mãos do povo. Podem mudar a autoridade sempre que quiserem. A escolha é sua. Vocês são os anciões, os líderes das tribos, os professores\", declarou.

\"Meu poder na Líbia é simplesmente moral\", também disse. \"Não tenho o poder de legislar ou de fazer aplicar a lei. A rainha da Inglaterra não tem essa autoridade. Esse é, exatamente, o meu caso.\"

Caos
Enquanto isso, aprofundava-se o caos no país deflagrado, com novos relatos de enfrentamentos entre forças leais ao governo e manifestantes.

Iniciados na cidade de Benghazi, no leste do país, os confrontos chegaram à capital, Trípoli, e a outras regiões.

O jornal \'Quryna\', principal fonte de informação sobre a rebelião, afirmou que pelo menos 10 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em Zuara, que fica a cerca de 50 km da capital, depois de confrontos nesta quinta.

O número de mortos poderia subir, porque tiroteios estavam impedindo os feridos de chegarem ao principal hospital da cidade. A TV Al Jazeera mostrou imagens do que seria uma delegacia em chamas no local.

Tobruk, Derna e Benghazi, o epicentro da rebelião, a 1.000 quilômetros de Trípoli, estão sob controle da oposição, segundo jornalistas e moradores. O comando está na mão de \"conselhos populares\" que foram se formando ao longo dos últimos dias.

Nesta região, limitada ao norte pelo Mediterrâneo e ao sul pelo deserto, ficam as preciosas jazidas de petróleo que sustentam a economia do país.

Enquanto nas cidades mais a oeste, incluindo a capital Trípoli, ainda são ouvidos tiros à noite, as ruas de Al-Baida, uma localidade costeira ao leste de Benghazi, estão tranquilas.

Os muros repletos de impactos de bala são a prova da violência dos combates na cidade entre opositores e \"mercenários\" sob as ordens de Kadhafi.

O número de vítimas desde o início da violenta repressão aos protestos é incerto.

O governo deu, na quarta, um balanço de 300 mortos. A Ong Federação Internacional de Direitos Humanos falou em 640. Mas outros relatos falam em milhares de mortos nos enfrentamentos abertos entre tropas e manifestantes.

#####\'Califado da al-Qaeda\'
O governo líbio já havia argumentado que os manifestantes seriam elementos estrangeiros, cujo objetivo seria criar um \"califado\" da al-Qaeda no leste líbio, para a partir dali lançar ataques terroristas à Europa.

Na terça, Kadhafi já havia aparecido na TV. Em um discurso furioso, ele ameaçou os manifestantes e disse que só deixaria o poder morto, \"como um mártir\".

Mas um dos filhos do ditador, o ex-jogador de futebol Saadi Kadhafi, declarou que o \"guia da revolução\", de 68 anos, estaria considerando outros planos, como o de virar um conselheiro para uma nova geração de dirigentes. \"Meu pai seria como o avô que dá conselhos\", disse ele em entrevista por telefone ao jornal britânico \"Financial Times\".

Ao mesmo tempo, a al-Qaeda do Magreb Islâmico (AQMI) anunciou apoio total aos manifestantes líbios e prometeu fazer o possível para ajudar na insurreição contra o coronel Muamar Kadhafi, informou nesta quinta-feira o SITE, centro americano de vigilância de sites islâmicos.

\"Faremos todo o possível para ajudá-los, com o poder de Alá, porque vosso combate é o combate de todo muçulmano que ama Alá e seu mensageiro\", afirma o comunicado da AQMI.

A tradução para o inglês do comunicado da AQMI não menciona a instauração do emirado islâmico pela al-Qaeda, dirigido por um ex-preso de Guantánamo, em Derna, leste da Líbia, como anunciou na quarta-feira o vice-ministro das Relações Exteriores, Khaled Kaim.

Os habitantes da região desmentiram a notícia.

#####Pressão
A exemplo do que ocorreu naqueles países, a pressão diplomática internacional sobre Kadhafi cresce.

O presidente americano, Barack Obama, qualificou de escandalosa a repressão que matou centenas de pessoas e afirmou que os responsáveis pela violência devem \"responder\" por seus atos.

EUA e União Europeia ameaçam com sanções, mas nada fizeram até agora, mantendo o foco em retirar seus cidadãos do país.

O secretário-geral da Otan (aliança militar que reúne EUA e europeu) descartou uma intervenção

(G1)

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