Moradores protestam após mortes no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte - Crédito: Foto: Pedro Triginelli/G1 MG
Após a morte de duas pessoas no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a versão de que a Polícia Militar foi recebida a tiros no local na madrugada de sábado (19) por suspeitos que usavam fardas da corporação é constetada por moradores. Um morador acusou policiais do Batalhão de Rondas Táticas da Polícia Militar (Rotam) de ter subido no morro para cobrar propina no que seria, segundo o denunciante, um esquema de proteção ao tráfico de drogas. A Polícia Militar afirmou que abriu sindicância para apurar a circunstâncias das mortes e afastou quatro policiais que trabalhavam no dia dos assassinatos.O morador que não quis se identificar acusa os policiais de atuação criminosa na região. “O batalhão Rotam, com várias viaturas, eles recolhem valores pra fazer a segurança do tráfico de droga. ‘Pros traficante’ poder ter liberdade de subir e descer a favela pra vender as suas ‘droga’, contou.
Ainda segundo ele, como os militares não encontraram a pessoa responsável pelo pagamento, houve um desentendimento e tiros. “O batalhão Rotam, junto de duas viaturas, subiram até numa parte da favela que a gente conhece como arara, pra poder recolher os seus valores. Deparando lá, não encontraram com o rapaz que fazia o pagamento naquele momento. Houve uma confusão. Os \"menino\" pegaram uma arma em punho e tentaram intimidar os policiais também e saíram correndo beco abaixo. Os meninos subiram ‘prum’ beco acima, na rua, e o batalhão Rotam desceu. Foi quando tava subindo o Jéferson e o seu tio e nisso eles já chegaram abordando eles com tiro”, contou.
De acordo com o morador, os dois mortos não estavam armados e não carregavam farda da Polícia Militar. “E nesse dia que aconteceu esse fato, que eles mataram esses dois jovens, dizendo que estavam ‘fardado’, que os rapazes estavam ‘armado’, ‘são’ totalmente mentira”, disse.
Sobre a acusação de cobrança de propina por parte de policiais, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que desconhece a prática criminosa dentro da corporação e a existência de milícias atuando no aglomerado. Ainda segundo a PM, a comunidade deve denunciar para que haja investigações.
O líder do “Movimento Paz na Serra”, Alexandre Ribeiro, de 32 anos, também contestou a versão da polícia. Ele disse que os moradores mortos eram trabalhadores e que tudo foi forjado pela polícia. “Não existe esta história de farda. Foi tudo forjado”, falou.
#####Protesto contra as mortes
No Aglomerado da Serra vivem 56 mil famílias. Nesta segunda-feira (21), estudantes e moradores protestaram na manhã desta segunda-feira (21) em indignação pela morte de duas pessoas no sábado (19). A manifestação fechou o trânsito local. Os participantes gritavam o nome de Jéferson da Silva, o jovem de 17 anos assassinado. O aglomerado está ocupado pela Polícia Militar, que acompanhou o protesto de longe.
Também nesta segunda-feira (21), cerca de 500 alunos da Escola Municipal Edson Pizani, que fica no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, ficaram sem aulas. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, a fiação elétrica da escola foi danificada e o fornecimento de luz e telefone está interrompido. O transporte coletivo também sofreu alterações após o clima de violência do fim de semana. Duas das quatro linhas de ônibus que entram no Aglomerado da Serra não circulam nesta segunda-feira (21).
#####Confronto
Cerca de 40 policiais militares reforçam a segurança no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (21). De acordo com a Polícia Militar (PM), não houve confrontos na madrugada e na manhã desta segunda-feira (21). Ainda segundo a PM, três ônibus foram incendiados na região desde sábado (19), após a morte de dois homens por policiais militares.
Na noite deste domingo (20), a Polícia Militar (PM), invadiu o aglomerado por volta das 20h30. Moradores das vilas receberam os militares a pedradas. Policiais da Tropa de Choque também ocuparam o morro, segundo a polícia. Policiais dispararam tiros de bala de borracha e pelo menos duas pessoas ficaram feridas. Bombas de efeito moral também foram detonadas no local. No sábado (19), dois ônibus foram incendiados e um suspeito que teria liderado os atentados foi preso. O terceiro coletivo foi queimado na noite deste domingo (20) durante confronto entre moradores e policiais.
Os dois homens que foram mortos pela polícia foram enterrados no Cemitério da Saudade, na Região Leste da capital, neste domingo (20). Centenas de pessoas acompanharam o enterro.
(G1)