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Fome crescente na América Latina aumenta fluxos migratórios, alerta ONU

Programa Mundial de Alimentos, PMA, diz que região tem 11% das pessoas em situação de insegurança alimentar moderada e grave

15 Jun 2022 - 10h15Por ONU News
Famílias de Honduras caminham pela fronteira da Guatemala - Crédito:   WFP/Julian FrankFamílias de Honduras caminham pela fronteira da Guatemala - Crédito: WFP/Julian Frank

Um número cada vez maior de pessoas está arriscando suas vidas em rotas migratórias perigosas na América Latina. Elas são forçadas a deixar suas comunidades por causa da crise global de segurança alimentar. A ameaça de fome foi agravada com taxas altas de inflação e as consequências da guerra na Ucrânia.

A afirmação é da diretora regional do Programa Mundial de Alimentos na América Latina e Caribe, Lola Castro. Nesta terça-feira, ela falou a jornalistas em Genebra, na Suíça.

Tendência negativa

Lola Castro afirma que América Latina e Caribe já mostravam sinais de recuperação no final de 2021 e o número de pessoas em insegurança alimentar grave havia caído para 8,3 milhões após chegar a 17,2 milhões durante a crise da Covid-19.

Atualmente, dos 2,3 bilhões de pessoas em insegurança alimentar moderada e grave no mundo, 11% vivem em países latino-americanos e caribenhos.

Os dados mais recentes do PMA indicam que 9,7 milhões de pessoas estão em extrema insegurança alimentar nos 13 países, onde o PMA tem presença.

Segundo Lola Castro, a tendência aponta que esse número pode subir para até 14 milhões de pessoas, se aproximando dos níveis máximos alcançados no auge da pandemia.

Ela lembra que os preços do combustível e da energia são “um grande problema” para quem vive em condições precárias. Nos últimos dois anos, o custo no frete de uma tonelada de alimentos na região aumentou em sete vezes.

O efeito combinado de múltiplos fenômenos climáticos, com a pandemia em curso e a crise alimentar, de combustível e financeira ligada à Ucrânia criam dificuldades para atender a necessidade urgente de assistência alimentar nos países.

Migrantes desesperados

De acordo com a diretora do PMA na América Latina e Caribe, a deterioração das condições de vida deixou pouca opção as pessoas a não ser fugir de suas comunidades mesmo com risco de morte. Um desses grupos são migrantes haitianos que, durante a pandemia, foram para Brasil e Chile à procura de trabalho. Muitos fizeram caminhos perigosos.

Lola Castro citou casos de uma migração hemisférica com todas as Américas em movimento e não somente a rota que levava à América do Norte.

Perigo na selva de Darien

Para a representante do PMA, um dos sinais mais claros do desespero das pessoas é o fato de que elas estão dispostas a arriscar suas vidas atravessando a Passagem de Darien, uma rota de floresta fechada, árdua e perigosa na América Central que permite o acesso do sul do continente ao norte.

Lola Castro afirmou que em 2020, 5 mil pessoas fizeram esse caminho, migrando da América do Sul para a América Central. No ano seguinte, foram 151 mil pessoas na perigosa travessia de 10 dias.

Ela explicou que os migrantes deixam suas casas por terem perdido tudo para a “crise climática” e insegurança alimentar. E outro fator da migração são violência e criminalidade em comunidades.

Dados da ONU indicam que das 69 economias que estão passando por choques alimentares, energéticos e financeiros, 19 estão na região da América Latina e Caribe.

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