Para assinalar o Dia Internacional da Paz, neste 21 de setembro, um grupo de figuras públicas portuguesas juntou-se ao Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e ao Centro Regional de Informação da ONUpara a Europa Ocidental, Unric, para criar um movimento pela paz.
O desafio passa por um gesto simbólico: pendurar um pano branco na janela de casa ou local de trabalho, de forma visível.
Apelo aos líderes mundiais que privilegiem a diplomacia
Segundo o assessor de comunicação do Unric para Portugal, esta iniciativa pretende “evocar a importância da cultura paz, relembrar os impactos brutais que um conflito e uma guerra numa sociedade, a perda de vidas, a destruição de infraestruturas essenciais como escolas e hospitais, e ainda, o impacto e as barreiras que criam ao desenvolvimento económico e social.”
António Ferrari explica que o movimento é também “um apelo aos líderes mundiais que privilegiem a diplomacia e as negociações, em detrimento da violência, do conflito e da guerra”.
Impacto da guerra e conflito
De acordo com a ONU, o mundo vive o maior número de conflitos violentos desde a Segunda Guerra Mundial com um quarto da população mundial a viverem em zonas afetadas por conflitos ou por guerras.
Mais de 117 milhões de pessoas em todo o mundo estão deslocadas devido a conflitos, perseguições e outras formas de violência. Estima-se que, em 2024, até 300 milhões de pessoas necessitarão de ajuda humanitária.
Segundo o Unicef, as crianças são as mais afetadas, sendo que, atualmente, uma em cada cinco menores no mundo vive em contexto de guerra ou está deslocada devido ao conflito.
Estatísticas chocantes
Para o humorista português, Nuno Markl, foram estes dados que o motivaram a participar na iniciativa.
“Foi chocante ver concretamente as estatísticas, esta ideia dos 2 mil milhões de pessoas que vivem em zonas assombradas pela guerra e as pessoas deslocadas, 117 milhões de pessoas, por causa de guerras, e esta estatística super inquietante das crianças, de uma em cada cinco crianças que vivem em contexto de guerra, portanto, tudo isto somado foi bastante impressionante, foi uma espécie de epifania.”
Impacto de atos simbólicos
Nuno Markl defende que um pano branco à janela pode parecer apenas simbólico, mas lembra que este tipo de iniciativa resulta em muitos casos, como por exemplo no futebol.
“Colocar bandeiras portuguesas para apoiar a seleção nacional não iria obviamente fazer com que a seleção marcasse mais golos, mas são tudo coisas simbólicas e são mensagens poderosas que se passam, digamos que é uma espécie de contestação da indiferença, o que eu acho que a dada altura começamos a ficar meio anestesiados perante tudo o que está a acontecer.”
Unvmc
“O poder está em nós”
A cantora portuguesa Marisa Liz faz a mesma reflexão e defende que o poder de mudança e de luta pela paz está nas mãos de todos.
“Aquilo que é mais emocionante aqui para mim é o poder que uma ideia tem e o poder da concretização da mesma. E que, na verdade, quando nós juntamos as pessoas, é possível mudar as coisas. Nós temos esse poder nas nossas mãos. E acho que durante muito tempo nos fomos esquecendo disso. Que o poder está em nós”, afirmou numa entrevista à ONU News. Marisa Liz faz um apelo direto a quem vive em Portugal.
“Não esperem para o dia 21. Ponham já a vossa bandeira, ponham já o vosso lenço branco. Pode ser na janela do carro, na janela de casa, no trabalho, para que quando chegarmos a dia 21 de manhã, o sol nascer com uma esperança renovada”.
Apelo
Os organizadores do movimento incentivam os participantes a partilhar uma fotografia ou vídeo da sua Janela Branca Pela Paz, identificando a conta do Instagram da @JanelaBrancaPelaPaz e o hashtag #JanelaBrancaPelaPaz.
Entre as personalidades que confirmaram a participação estão António Raminhos, Carlão, Carolina Deslandes, Catarina Furtado, Cláudia Vieira, Cristina Ferreira, Jessica Athayde, João Baião, José Luis Peixoto, Lura, Nelson Évora, Pedro Fernandes, ProfJam, Ricardo Pereira, Rita Blanco e Tânia Ribas de Oliveira.
O movimento conta com o apoio dos principais grupos de comunicação social de Portugal e ainda com muitas empresas do setor privado.
*Sara de Melo Rocha é correspondente da ONU News em Lisboa.