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Família Schurmann segue expedição para acelerar fim da poluição plástica nos mares

Para Heloísa Schurmann, prazo de acabar com resíduos plásticos nas águas até 2050 está "longe da realidade" e pode ser "muito tarde"

19 Jul 2022 - 12h15Por ONU News
A família Schurmann, conhecida no mundo inteiro por uma vida dedicada a cruzar os oceanos em expedições pelo mundo, está navegando desde agosto de 2021 em um projeto que conta com parceria do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma - Crédito: Voice of the OceansA família Schurmann, conhecida no mundo inteiro por uma vida dedicada a cruzar os oceanos em expedições pelo mundo, está navegando desde agosto de 2021 em um projeto que conta com parceria do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma - Crédito: Voice of the Oceans

Eliminar resíduos plásticos dos oceanos até 2050 foi um dos compromissos assinados na declaração final da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas. No entanto, para a experiente velejadora brasileira Heloísa Schurmann, aguardar três décadas para ver os mares por onde navega limpos pode ser “tarde demais”.
“Eu acho muito tarde. Eu participei de vários webinar antes justamente quando eles estavam fazendo as leis, mas eu vejo que esse prazo de 2050 é um pouco longe demais da realidade. [...] As leis têm que mudar para ontem. Tem que ser muito mais urgente do que a gente esperar 2050. Dizem que 2040, terá mais plástico nos oceanos do que peixes e eu acredito nisso. A gente uma quantidade assustadora de plástico”.

Voz dos Oceanos

A família Schurmann, conhecida no mundo inteiro por uma vida dedicada a cruzar os oceanos em expedições pelo mundo, está navegando desde agosto de 2021 em um projeto que conta com parceria do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma.

Heloísa Schurmann e Erika Ternex, também tripulante do veleiro Kat ao lado da família Schurmann, estiveram na sede das Nações Unidas em Nova Iorque para falar sobre o projeto “Voz dos Oceanos”, um movimento mundial de combate à poluição plástica. 

A iniciativa de acelerar o fim do descarte de plástico nos mares é uma batalha de longa data da família. Segundo Heloísa, ainda em 1997, ela já notava o aumento de resíduos até mesmo em lugares isolados.

“A gente começou a notar a mudança nos mares. Nós navegávamos e íamos para lugares lindos, já são mais de 65 países e culturas diferentes, e um dia passando de uma ilha de Henderson Island no oceano pacífico, uma ilha bem isolada, nós paramos numa praia e nos sentamos lá, era tão isolada que tem pouca visita de pessoas, que vão lá a cada três ou quatro anos. Nos sentamos lá na praia e de repente olhamos para o lado e vimos uns objetos. Azul, verde, vermelho. O que é isso? Gente, estou falando em 1997, já eram os plásticos.”

Por isso, ao lado de outros cinco marinheiros, Heloísa embarcou nessa nova volta ao mundo para não só levar conscientização, mas também para impulsionar iniciativas locais de recolher resíduos e levá-los para locais de reciclagem.

Histórias do mar

A italiana Erika Ternex é a cozinheira a bordo do veleiro Kat. Ela está há sete anos com os Schurmann e se transformou na peça-chave para criar soluções criativas para estocagem de mantimentos e estudos feitos em cada porto.

Erika conta que mesmo em lugares muito remotos, há cenas preocupantes de poluição plástica, que atinge, sobretudo, a vida marinha.
“Nas Bahamas em específico a gente teve dois acontecimentos durante essas limpezas. Coletamos uma garrafinha que tinha escrito “100% reciclável”. Não é que seja uma mentira, mas a gente consome uma quantidade de plástico muito maior do que realmente consegue reciclar. Essa garrafinha, nas mãos certas, seria realmente é 100% reciclável, mas a gente faz escolhas que são impossíveis para o sistema. Outra coisa que aconteceu é que a gente encontrou uma garrafa de plástico com duas mordidas super evidentes. A gente imagina que foi um pequeno barracuda ou tubarão. Você percebe que o animal confundiu a garrafa de plástico com alguma coisa para comer. Tem duas mordidas, com os dentes mesmo. É muito triste isso, sabe? Mas também aquilo que a gente está vendo muito e tendo a sorte de encontrar em cada parada, são as coisas que o pessoal está fazendo”

Compromissos

Além da Conferência dos Oceanos, em março deste ano, o Pnuma celebrou o acordo para acabar com a poluição plástica até 2024. Mas, para Heloísa e Erika, além da implementação de políticas ambientais e leis, a força de cada um para mudar a trajetória de aumento da poluição marítima é fundamental.
Embora essa fase da expedição esteja prevista para acabar em dezembro de 2023, a tripulação do veleiro Kat não deve buscar terra firme tão cedo. Heloísa e Erika já tem planos de estender o projeto e seguir pelo mundo para advogar por mares mais limpos e pela proteção da vida marinha.

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