Manifestantes anti-Mubarak oram na Praã Tahrir, no Cairo, nesta quinta-feira - Crédito: Foto: Reuters
O presidente do Egiro, Hosni Mubarak, vai falar à nação, de seu palácio no Cairo, na noite desta quinta-feira (10), disse a TV estatal. Ele falaria à s 21 locais (17h de BrasÃlia), segundo a Sky News.O discurso ocorrerá em meio a vários relatos de que o contestado Mubarak iria renunciar, depois de 17 dias de fortes protestos de rua contra seu regime, que já dura 30 anos no paÃs.
A TV estatal mostrou imagens de Mubarak reunido com seu vice-presidente, Omar Suleiman. Mas não estava claro se a transmissão era ao vivo.
O alto comando das Forças Armadas estava reunido, também segundo imagens mostradas pela TV estatal. De acordo com a rede Al Jazeera, é apenas a terceira vez na história que isso ocorre -as anteriores foram em 1967 e em 1973.
O Exército anunciou em um comunicado que começou a tomar medidas necessárias \"para proteger a nação e para apoiar as legÃtimas demandas do povo\".
Dezenas de milhares de manifestantes continuavam reunidos nesta quinta na Praça ahrir, que se tornou um sÃmbolo dos protestos, exigindo a saÃda de Mubarak.
O ambiente é agitado e alegre entre os manifestantes depois do anúncio de que o exército nacional está tomando medidas para apoiar \"as legÃtimas demandas do povo\".
Cada vez mais gente chegava à praça depois do anúncio.
A oposição disse temer que um golpe militar esteja sendo tramado no paÃs.
Mais cedo, o premiê do Egito, Ahmed Shafiq, disse à rede britânica BBC que Mubarak poderia renunciar e que a situação no paÃs seria esclarecida em breve.
Mais tarde, na TV estatal, o recém-nomeado Shafiq disse que nada havia mudado no governo.
\"Nenhuma decisão foi tomada. Tudo está normal\", disse. \"Tudo ainda está nas mãos do presidente.
Hosam Badrawi, secretário-geral do partido governista, disse também à BBC que Mubarak poderia \"responder aos pedidos do povo\" por sua saÃda imediata. Ele disse que a saÃda, transmitindo o poder para o vice, seria \"a coisa certa a fazer\".
Sem citar fontes, a americana CNN afirmou que Mubarak poderia transferir seu poder de chefe militar ao Exército.
A também americana NBC afirmou que o presidente deve renunciar ainda na noite desta quinta-feira. O Egito está quatro horas à frente do horário brasileiro de verão no fuso horário.
Uma fonte do ministério egÃpcio, que não se identificou, disse à agência Reuters que Mubarak \"muito provavelmente\" deve renunciar.
A CIA, principal agência de inteligência dos EUA, também trabalha com este cenário. Leon Panetta, chefe da agência, disse em audiência no Congresso dos EUA que a saÃda imediata seria significativa para uma \"transição ordeira\". Panetta disse não ter confirmação da renúncia, mas apenas \"relatos\".
Mubarak teria viajado para Sharm el-Sheikh, resort às margens do Mar Vermelho onde tem residência, com seu chefe de gabinete, segundo a TV Al Arabiya. Ainda não houve confirmação oficial dessa informação.
O jornal britânico \"Guardian\" e a rede \"Al Jazeera\" disseram que o discurso que será televisionado nesta noite já teria sido gravado.
Mubarak, segundo os mesmos relatos, já teria saÃdo de Sharm El-Sheikh.
O presidente mantém o poder e não irá renunciar, disse à Reuters o ministro da Informação do Egito. \"O presidente ainda está no poder e não está renunciando\", disse Anas el-Fekky. \"O presidente não está renunciando e tudo o que ouviram são rumores da mÃdia.\"
Um membro da Irmandade Muçulmana disse temer que o Exército do Egito esteja tramando um golpe militar. \"Parece um golpe militar... Estou preocupado e ansioso. O problema não é com o presidente, é com o regime.\", disse Essam al-Erian à Reuters.
Apesar da crescente pressão interna e internacional contra o regime, Mubarak anunciou que só sairá do poder em setembro, para quando estão marcadas eleições. Ele disse temer que o paÃs virasse um \"caos\" no caso de sua saÃda antecipada.
Uma negociação com a oposição começou no domingo (6), com o recém nomeado vice-presidente Omar Suleiman representando o governo.
Mas as concessões do regime, feitas a conta-gotas desde então, foram recebidas com ceticismo pelos diversos grupos envolvidos -incluindo a poderosa Irmandade Muçulmana-, e as conversas pouco avançam.
Os protestos deixaram pelo menos 300 mortos e 5.000 feridos no paÃs, segundo levantamento das Nações Unidas. Ativistas denunciaram nesta quinta que o Exército teria cometido abusos contra ativistas presos.
(G1)