O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos Estados-membros que adotem um espírito de compromisso diante dos desafios globais, que estão “avançando mais rapidamente do que a capacidade de resposta”.
Ele falou a jornalistas nesta quarta-feira, poucos dias antes do início da Semana de Alto Nível da 79ª Sessão da Assembleia Geral, quando chefes de Estado e de governo de todo o mundo começam a chegar à sede das Nações Unidas em Nova Iorque.
Sede da ONU em Nova Iorque recebe a Cúpula do Futuro nos dias 22 e 23 de setembro deste ano - Foto: ONU/Mark Garten
Cúpula do Futuro
Entre os eventos mais aguardados está a Cúpula do Futuro, que busca discutir estratégias para enfrentar os desafios internacionais e fortalecer o papel da ONU. O encontro, com duração de dois dias, é “um primeiro passo essencial para tornar as instituições globais mais legítimas, eficazes e adequadas”,
Guterres expressou a esperança de que os participantes se esforcem ao máximo para que esses documentos avancem e sejam finalizados. Ele ressaltou que não é possível criar um futuro adequado para as próximas gerações com sistemas pensados para o passado, enfatizando a importância do sucesso da Cúpula.
Ele destacou que o mundo passa por divisões geopolíticas “fora de controle e conflitos descontrolados”, citando crises na Ucrânia, em Gaza e no Sudão. O chefe das Nações Unidas também mencionou as mudanças climáticas e desigualdades sociais, bem como o avanço de tecnologias sem proteção adequada.
Mudanças climáticas
Ainda sobre mudanças climáticas, Guterres avaliou as diversas tragédias que foram vistas pelo mundo no último ano. Ele também falou sobre a situação das queimadas em Portugal, apontando o impacto da falta de ação para mitigar a crise do clima em seu próprio país.
“É absolutamente evidente que o agravamento dos incêndios em Portugal, o agravamento das cheias na Europa Central e Oriental, o agravamento das cheias na Nigéria e um conjunto de outros desastres que vemos multiplicar por toda a parte no mundo têm uma relação direta com o agravamento da crise climática. Hoje ninguém tem dúvidas a esse respeito. A crise climática é um fator multiplicador de todas as tragédias a que assistimos.”
Uma floresta queima no Estreito da Calheta, em Portugal - Foto: Unsplash/Michael Held
Crises se acumulando
O secretário-geral alertou que as crises estão se alimentando, citando que as tecnologias digitais espalham desinformação climática, aprofunda a desconfiança e alimenta a polarização.
Para Guterres, as instituições e estruturas globais “são totalmente inadequadas para lidar com esses desafios complexos”. Em sua avaliação, elas foram criadas para um “mundo passado” e enfrentam situações que não estavam no radar há 80 anos.
Por isso, a Cúpula do Futuro busca adotar um pacto que inclui linguagem mais forte sobre a reforma do Conselho de Segurança e sua ampliação, medidas de governança para Inteligência Artificial e outras tecnologias, bem como avanços na reforma da arquitetura financeira internacional.
Acordos para o futuro
Espera-se que os Estados-membros presentes na Cúpula adotem o Pacto para o Futuro, com o Pacto Digital Global e uma Declaração sobre as Gerações Futuras anexados a ele.
Mais de 130 chefes de Estado e de governo devem participar da Cúpula do Futuro, que será realizada de 22 a 23 de setembro, logo antes do debate anual na Assembleia Geral da ONU.
A Cúpula será precedida por dois “dias de ação”, nos quais organizações não governamentais, acadêmicos e representantes do setor privado vão debater os principais temas.