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Brasil deve ter posição clara contra regimes islâmicos

03 Mai 2011 - 19h35
A ativista iraniana Mina Ahadi durante evento sobre direitos humanos e democracia em São Paulo
 - Crédito: Foto: Amauri Arrais / G1A ativista iraniana Mina Ahadi durante evento sobre direitos humanos e democracia em São Paulo - Crédito: Foto: Amauri Arrais / G1
O Brasil precisa discutir abertamente a questão dos direitos humanos e democracia e assumir uma posição clara contra regimes islâmicos em que a religião é misturada ao Estado, defende a ativista iraniana Mina Ahadi, que participou na manhã desta terça-feira (3), em São Paulo, de um fórum sobre democracia e liberdade.

“Acredito que a tendência global é que estes regimes sejam cada vez mais isolados e o Brasil pode ter uma papel nesse isolamento”, diz Ahadi, que chegou a sugerir, durante palestra na Faap, que o país deveria cortar relações com estes países.

Pela primeira vez no Brasil, a iraniana é fundadora do Comitê Internacional contra Apedrejamento e Execuções e ficou mais conhecida após a campanha para salvar da lapidação Sakineh Ashtiani, condenada no Irã por adultério e por supostamente ter participado da morte do marido.

Cercada por seguranças, a ativista que vive sob proteção policial na Alemanha há 14 anos, segue para Brasília, onde deve encontrar a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, e tenta uma audiência com a presidente Dilma Rousseff.

“Quando li a biografia de Dilma, senti imediatamente um paralelismo com minha própria história de vida. Eu espero que, se conseguir uma audiência com ela, possamos falar a partir do mesmo nível. Espero que ela tenha lido minha história de vida e sinta também como há paralelos. Quero transmitir minha mensagem de lutar pelos direitos das mulheres e os direitos humanos”, diz.

Ativista pelos direitos humanos desde os 18 anos, Mina Ahadi, 54, foi perseguida e deixou o Irã após ver vários amigos e o próprio marido, um estudante de física, serem presos e executados. Viveu 10 anos isolada no Curdistão antes de se mudar para a Alemanha, onde vive sob forte proteção policial.Ahadi vê diferenças entre o governo de Dilma, que já classificou a pena por apedrejamento de “barbárie”, e o de Lula que, afirma, tentou se aproximar do regime de Mahmoud Ahmadinejad com a “ilusão” de que poderia influenciá-lo a reduzir violações de direitos humanos no Irã.

“No caso da Sakineh, Lula tentou defendê-la oferecendo asilo político, mas fracassou. Ahmadinejad não se deixa convencer por esse tipo de argumento. Pode ser que ele tenha tido boas intenções, mas em todo caso elas não levaram a nada nesse caso”, afirma.

A iraniana de 43 anos segue detida numa prisão de Tabriz, mas sua pena de apedrejamento foi suspensa no ano passado pelo regime iraniano. Sakineh ainda corre risco de ser morta por enforcamento.

A ativista reconhece que uma condenação pública ao país islâmico é difícil. “Em geral, nos países que toleram os regimes islâmicos há sempre interesses econômicos em jogo. Esses países têm negócios com países islâmicos e pretendem manter um bom ambiente de negócios.”

‘Véu é uma praga’

Perseguida também na Alemanha, onde recebe ameaças de morte desde que criou um comitê para muçulmanos que renunciam à fé islâmica, Mina Ahadi, que se considera ela própria ex-muçulmana, disse apoiar a controversa lei aprovada na França que proíbe o uso do véu islâmico em lugares públicos.

“O véu é uma praga criada pelo Islã. Primeiro rebaixa-se a mulher com o véu, depois, quando ela nega a usar, vem o apedrejamento”, disse a ativista, cuja mãe, ela disse, usou véu a vida toda.

“Sempre me perguntei: ‘por que os homens não usam?’ O véu restringe as liberdades das mulheres. E, no caso da burca, é também uma questão de segurança. Tenho medo de conviver com pessoas que só posso ver os olhos. Isso deve ser um assunto particular.”

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