O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi,
em 20 de janeiro - Crédito: Foto: Tony Gentile/Reuters
O chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi, cercado pelo escândalo sexual \"Rubygate\" e cuja maioria está por um fio, propôs nesta segunda-feira (31) à oposição de esquerda um pacto para reativar o crescimento econômico e reduzir a enorme dívida pública do país.Em uma carta enviada ao jornal Corriere della Sera, Berlusconi propõe a Pier Luigi Bersani, líder do Partido Democrata, principal força da oposição de esquerda, \"agir de forma conjunta no Parlamento para discutir sem preconceitos e sectarismo um grande plano para o crescimento da economia italiana\".
Berlusconi, que repudia categoricamente por considerar \"injusta e ineficaz\" a recente proposta do ex-premier de esquerda Giuliano Amato de aplicar um imposto ao patrimônio dos italianos para reduzir a dívida, quer levar o crescimento a mais de 3% ou 4% em cinco anos, contra 1% atualmente.
Esses números de crescimento permitiriam reduzir de forma mecânica o endividamento, que alcança cerca de 120% do PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo Berlusconi, um impulso à economia passaria pela venda de uma parte do patrimônio imobiliário público, uma \"ampla destributarização a favor de empresas e jovens\" e a reforma do artigo 41 da Constituição, proposta há meses, para afirmar a liberdade de iniciativa privada.
\"Faz falta uma economia mais livre, um país mais estável\", destacou Berlusconi, pegando o exemplo da Alemanha, que \"efetuou este salto de liveralizações e reformas\", cujos \"resultados estão à vista de todos\".
O PIB (Produto Interno Bruto) da Alemanha, a principal potência econômica europeia, cresceu 3,6% em 2010. Para 2011, o governo espera uma expansão da economia de 2,3%.
######Esquerda repudia proposta
A esquerda italiana repudiou a proposta de Berlusconi, que \"chega tarde demais\" e demonstra \"o desespero\" do chefe de governo que busca \"distrair\" a atenção, declarou o vice-secretário do Partido Democrata, Enrico Letta.
Para Italo Bocchino, um dos partidários do presidente da Câmara de Deputados Gianfranco Fini, o ex-aliado e agora adversário de Silvio Berlusconi, este chamado da oposição esquerdista é um \"sinal evidente da fragilidade\" de Berlusconi.
Ao contrário, a influente chefe dos empresários italianos, Emma Marcegaglia, considerou \"positivo que se fale de crescimento\", depois de ter denunciado na semana passada um \"governo completamente paralisado\".
Berlusconi está atualmente envolvido em um dos piores escândalos de sua carreira política, após ter sido acusado em 14 de janeiro, pela promotoria milanesa, de prostituição de menores de abuso de poder.
O chefe de governo é investigado pelo caso da jovem marroquina Karima El Mahroug, conhecida como \"Ruby rouba corações\", suspeita de ter mantido relações sexuais mediante pagamento com ele quando ela ainda era menor.
(G1)