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Direitos humanos

Bachelet preocupada com polarização e movimentos contra direitos no Peru

Nação sul-americana foi a que mais teve mortes por Covid-19 no mundo numa comparação per capita; 15,5 milhões de peruanos vivem em insegurança alimentar

21 Jul 2022 - 16h15Por ONU News
Peru atravessa onda de polarização política e de movimentos retrógrados em direitos humanos - Crédito: Unsplash/Willian Justen de VasconcellosPeru atravessa onda de polarização política e de movimentos retrógrados em direitos humanos - Crédito: Unsplash/Willian Justen de Vasconcellos

O Peru está enfrentando desafios na área de direitos humanos. Após ser duramente afetado pela pandemia da Covid-19 com o maior número per capita de mortes no mundo, a nação sul-americana atravessa uma onda de polarização política e de movimentos retrógrados em direitos humanos.
A declaração é da alta comissária da ONU, Michelle Bachelet, após encerrar uma visita oficial ao país, na quarta-feira.

Setor privado e povos indígenas

 Na viagem de 18 a 20 de julho, Bachelet se reuniu com o presidente e vice-presidente do Peru, o chefe da pasta de Relações Exteriores e outros integrantes do governo.
A alta comissária foi recebida por membros do Congresso peruano, representantes do Judiciário, da sociedade civil, setor privado, indígenas e vítimas de violações de direitos humanos.
 Michelle Bachelet conversou com participantes do Acordo Nacional, que é uma plataforma para o diálogo no Peru. Ela também ouviu de perto depoimentos de autoridades eleitorais e da instituição nacional de direitos humanos.
O país ainda ser recupera da pandemia que teve efeitos arrasadores para a população. Mais de um em 20 peruanos contaminados pelo novo coronavírus perdeu a vida. Ao todo, foram 213.825 óbitos pela doença.

Para Bachelet, é encorajador ver que 84% da população no Peru foi vacinada com a segunda dose.

Crianças em áreas remotas e sem internet não tiveram aulas
Em entrevistas a jornalistas, no encerramento da visita, ela ressaltou que a Covid evidenciou divisões socioeconômicas profundas na sociedade peruana com efeitos que devem durar por vários anos.
 As áreas rurais foram mais afetadas assim como os pobres e grupos marginalizados e carentes. A alta comissária informou que, aos poucos, os alunos estão retornando para a escola após dois anos, mas as crianças em zonas remotas e sem internet foram muito prejudicadas com o fechamento.

Guerra na Ucrânia, aumento do preço dos combustíveis 
Mesmo antes de o país se recuperar, ocorreu a guerra na Ucrânia que está tendo um impacto profundo na retomada após a pandemia. Cerca de 15,5 milhões de peruanos vivem em insegurança alimentar em meio à alta no preço dos combustíveis e dos alimentos.
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, estima que a falta de comida venha a aumentar com a escassez de fertilizantes.
 
Michelle Bachelet contou que discutiu os desafios do Peru com todos os interlocutores durante a visita incluindo a urgência de medidas de previdência social que foquem nos mais marginalizados.
Ela disse que o apoio à agricultura local pode ajudar as pessoas saírem da economia informal.

Eleições em outubro

Ao citar a polarização, Bachelet afirmou que o problema está se aprofundando nos últimos meses e que já existem sinais “preocupantes” de movimentos de retrocesso de direitos. Jornalistas estão sofrendo assédio principalmente as mulheres.

As eleições locais e regionais estão marcadas para outubro no Peru.

Segundo Bachelet, o discurso de ódio, atos de discriminação e violência podem aumentar até a votação.

A alta comissária da ONU elogiou ações do governo peruano para evitar um retrocesso em direitos humanos, mas disse que é preciso fazer mais para implementá-las. 

Diversidade cultural e povos indígenas

A chefe de direitos humanos recomendou ao país que continue fomentando o diálogo nacional que representa a rica diversidade cultural do Peru.

Ela lembrou que os povos indígenas e ativistas estão na linha de frente para responder ao impacto das mudanças climática e ameaças como mineração ilegal, desmatamento e tráfico de drogas, principalmente na região da Amazônia peruana.

Michelle Bachelet disse que admira a coragem e a força de defensores de direitos humanos e que eles precisam de proteção para fazer seu trabalho na área ambiental.

Massacre de nove alunos e um professor

A visita da alta comissária da ONU ao Peru coincidiu com o 30º aniversário do massacre de La Cantuta, que matou nove estudantes e um professor universitário. Eles foram sequestrados e assassinados por um pelotão militar. Um outro crime foi o atentado a bomba, realizado pelo Sendero Luminoso, que matou 25 peruanos em Tarata.

Para Bachelet, estar em paz após o período de violência de 1980 a 2000, no Peru, é fundamental para o país ultrapassar as barreiras atuais incluindo os níveis de polarização.

Ela disse que como médica, sabe bem que é preciso sarar as feridas.
            

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