Entrevista coletiva aconteceu na tarde de ontem na sede da Funed no estádio Douradão para comunicar a decisão. - Crédito: Foto: Hedio Fazan
O Itaporã Futebol Clube comunicou a desistência de participar do Campeonato Sul-Mato-Grossense de Futebol, edição de 2016. A notícia foi dada ontem pelo então presidente do clube, Tony Montalvão, gestor da TNY Sports, empresa de gerenciamento esportivo em coletiva de imprensa na sede da Fundação de Esportes de Dourados (Funed). O Itaporã enfrentaria o Sete no próximo domingo, no Chavinha, pela estreia no Estadual.O time que, segundo Montalvão, faria frente ao Sete e Ivinhema na região, não vai mais disputar o campeonato. “É difícil para nossa empresa manter um projeto de subir uma equipe, conquistar a meta e ter que abandonar o campeonato. Mas a maneira como as coisas aconteceram não são favoráveis aos nossos projetos”, disse o presidente, que deve homologar a decisão hoje, na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS).
Com a decisão a empresa TNY Sports deixa de bancar as despesas da equipe. Caso haja nova gestão e os gastos sejam assumidos a tempo, com a manutenção de uma equipe, a desistência pode ser revertida, mas é uma situação muito difícil. “Teria de manter o plantel e a comissão, mas isso deveria ser feito hoje [ontem a tarde]. Caso contrário não há tempo hábil para montar time”, disse Montalvão.
Junto com o técnico Nei Cesar e o gestor Alexandre Teixeira, Montalvão falou dos motivos que levaram a empresa a declarar a quebra do vínculo com o clube da cidade de Itaporã e a consequente desistência de participar do Estadual.
A TNY Sports assumiu a gerência do Itaporã em abril do ano passado com a missão de reerguer o clube com a conquista do acesso à Série A do Estadual e colocando as finanças em dia depois de uma desistência no Brasileirão da Série D em virtude de problemas financeiros da gestão anterior. No primeiro ano, a promessa foi cumprida e a empresa conseguiu elaborar projetos de marketing e estruturais que garantiram o acesso, mas a falta de apoio de empresários da cidade e do poder público geraram desconforto e a desistência do projeto por parte da TNY.
“Tinha uma programação no Itaporã para até o fim de 2017. Tínhamos um projeto muito bem planejado, mas o retorno da cidade para a equipe de futebol que a representa não foi o esperado. Queremos ressaltar que estamos comunicando a saída e aparando arestas, deixando tudo muito claro. O Itaporã está estruturado, está na Série A, não tem dívidas”, disse Montalvão.
Segundo Alexandre Teixeira, a falta de apoio do poder público não foi financeira. “Nunca pedimos apoio em dinheiro. Fomos atrás de que eles exercessem um papel de elo para que portas de patrocínio fossem abertas, mas isso não aconteceu”, disse, reforçando que a saída da empresa da gerência foi por não ver qualquer retorno positivo do projeto.
A torcida, segundo Montalvao, não aumentou como era o esperado. Algumas dezenas de verdadeiros apaixonados pelo clube foram sempre os companheiros de arquibancada. “Pouco mais de 160 pessoas verdadeiramente apoiaram o time e ainda apoiam. Tanto que nos deram total razão e lamentaram o fato de a TNY deixar o projeto que tanto empolgou”, disse, lembrando que na gestão do Sete, em um mês, o retorno para um projeto apresentado foi maior do que em todo um ano no Itaporã. “Não temos mágoa nenhuma. Apenas não vimos retorno de um investimento ainda que tenhamos cumprido nossas metas”, disse.
O presidente da FFMS, Francisco Cezário, atendeu a reportagem de O PROGRESSO e disse que não há nada oficial sobre a decisão do Itaporã. “Para a Federação e para a CBF não há nada. A decisão não foi homologada”, disse.
O mandatário, no entanto, disse que este tipo de situação é lamentável. “Se acontecer [esta decisão for confirmada] só temos que lamentar, mas não há nada oficial”, disse na tarde de ontem.
Cesário disse ainda que não se pode esquecer que o Estadual é uma competição séria. “Com todo o respeito à imprensa e ao torcedor, o projeto do Estadual está aí, a tabela está mantida até sermos comunicados oficialmente”, disse.
O presidente citou um caso recente para suscitar paciência em relação ao comunicado. “Como aconteceu com o Naviraiense, que disse que desistiria, mas teve nova eleição e está aí para participar da competição. Vamos aguardar”, disse.
Como fica?
Depois de homologada a decisão a equipe do Itaporã deve ficar por dois anos sem participar de competições oficiais da FFMS. Quando retornar, terá que disputar novamente a Série B e buscar acesso à elite, isso em 2018. Segundo Montalvão, o problema está na credibilidade do time, tanto junto à CBF quanto à FFMS. “Desistiu-se do Brasileirão da Série D, e eu até posso imaginar os motivos, e agora, mesmo que tenhamos um time pronto, não há apoio. Isso é muito triste”, disse.
Jogadores e comissão técnica devem receber a notícia oficialmente e ser encaminhados para integrarem o grupo do Misto de Três Lagoas. O técnico Nei Cezar já fala como treinador da equipe do Bolsão e analisa os times do Grupo A. “Vamos com o pensamento de fazer um bom trabalho. Teremos na estreia o Operário e lá tem Serc, tem Costa Rica. Não é moleza”, disse. Segundo Nei, nenhum jogador será obrigado a ir.
Como o registro da equipe do Itaporã seria feita apenas amanhã, os jogadores estão aptos a serem integrados ao Misto. As empresas AB Sports e JMR devem ser as gerenciadores da equipe de Três Lagoas. Em ambas o presidente da TNY é sócio-diretor. A empresa de Montalvão é a gestora do Sete de Dourados, time que espera colocar na Série D do Brasileiro ainda este ano.