Milionários Futebol Clube no final dos anos 70 - Crédito: ReproduçãoQuem nasceu e cresceu no interior do Brasil, e nunca vivenciou as emoções do futebol amador? Aquela coisa de campeonatos locais, jogos entre cidades rivais, etc. e tal. Tudo isso temperado com boss doses de emoção, vontade e muita juventude!
Pois bem: lembro de um destes jogos memoráveis, ocorrido em Nova Andradina (MS), onde morava, no verão de 1977 (não sei precisar a data), entre uma seleção amadora local e o Milionários Futebol Clube - time da capital paulista que reunia (e ainda reúne) grandes jogadores do passado, que procuram aumentar a (pouca) renda com estes jogos de exibição pelo interior do País.
A cidade ficou em polvorosa com a presença daqueles craques que, até poucos anos antes, faziam a alegria de muitas torcidas: Garrincha, Djalma Santos, Djalma Dias, Jurandir, Oreco, Toninho Guerreiro, Dudu, Paulo Borges, Paraná, reforçados por alguns juvenis de clubes de São Paulo. Lembro de vários deles tomando muita cerveja, nos botecos da cidade, até altas horas da noite anterior ao jogo.
A partida começa e aqueles grandes craques do passado faziam jus à fama: toque de bola impecável, com os locais quase não vendo a "cor" da bola. Fim do primeiro tempo: Milionários 2 x 0.
No segundo tempo, a coisa mudou: conforme o tempo ia passando, os "coroas" foram botando a língua pra fora, enquanto o time local crescia, até empatar o jogo em 2 x 2.
Quase no fim da partida, veio o lance que levou a torcida, à beira do gramado do "Andradão", à loucura: o ponta Gildo, o "Saruê", correu pela esquerda e cruzou alto na área. O lateral Cláudio "Bisteca" (ou "Mamão"), que havia começado a jogada, dividiu a bola no alto com o jovem goleiro Gilmar (então juvenil do Palmeiras) e desempatou o jogo: 3 x 2 para o time local.
Até hoje, guardo na memória o Reginaldo Vanderley, o "Régis" (que fazia as vezes de jogador e técnico do time), entrando em campo para abraçar o "Bisteca", improvável herói do jogo, que continuava estatelado no chão, devido ao choque na disputa da bola com o goleiro Gilmar (que depois faria sucesso, tanto no Palmeiras, quanto no Bangu, do Rio de Janeiro).
Foi uma comoção geral! Não era pra menos: uma seleção de jogadores amadores, de uma pequena cidade do interior de Mato Grosso (ainda uno), derrotara aqueles "gigantes" do futebol que, até bem pouco tempo, haviam brilhado nos gramados, com as camisas da Seleção brasileira e de alguns dos maiores clubes do País (Toninho Guerreiro, por exemplo, havia jogado ao lado de Pelé, no Santos F. C., nos anos 1960, e no São Paulo F. C., ao lado de Gérson, nos anos 1970).
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