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Esporte ajuda a prevenir e tratar a Depressão

20 Jan 2020 - 20h10Por Renato Giansante
Esporte ajuda a prevenir e tratar a Depressão - Crédito: Divulgação/Internet Crédito: Divulgação/Internet

A depressão é uma doença que acomete mais de 320 milhões de pessoas ao redor do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A tendência, ainda segundo estudos da OMS, é desse número crescer a cada ano. Os sintomas são dos mais variados que da alteração do humor caracterizada por tristeza profunda à insônia. Combater o problema é uma luta diária que envolve muitos fatores, mas o esporte vem ganhando papel importante tanto no auxílio, quanto na prevenção.

Recentemente, a revista do Conselho Federal de Educação Física tratou o tema com casos de superação em algumas mulheres acometidas pela depressão. De acordo com a publicação, a iniciativa pode partir de pessoas próximas aos que apresentam a doença como um convite para caminhada.

A gestora de Recursos Humanos, Ana Paula Fontoura, de 37 anos, foi um dos exemplos citados na revista. Ela conta que aos poucos foi substituindo os remédios antidepressivos por doses de atividade física e com isso encontrando a solução não só para seu bem-estar emocional, mas também físico.

“Eu já vinha fazendo tratamento neurológico para depressão e ansiedade, mas isso não resolvia o meu problema. Sendo bem sincera, a medicação pode sim ajudar, mas os fatores decisivos para mim foram a atividade física e a religião”, disse à reportagem da revista completando que já parou com três remédios que tomava. “Antes, eu utilizava dois controlados e um para dor de cabeça, problema que eu tinha diariamente, devido à má alimentação. Hoje, tenho calmante em casa apenas para emergências, mas já não o utilizo. Costumo dizer que coloquei o exercício físico como uma medicação na minha vida”, conta.

Outro exemplo citado foi do caso da professora Sandra Lúcia Machado, de 45 anos, que usou o esporte para superar a crise do pânico e depressão após uma pessoa próxima sofrer violência sexual. “Engordei muito. Afastei-me de todos. Não saia de casa. Minha família sofria muito”.

Sem ânimo para lutar contra o problema, Sandra só procurou ajuda quando começou a faltar ao trabalho. “Fui ao médico e tive o diagnóstico de depressão”. Com a receita médica em mãos, que sugeria, além dos remédios, doses de atividade física, a professora enfrentou dificuldades para seguir a orientação. Após muita insistência dos amigos e familiares, Sandra se encontrou no Pole Sport, modalidade vertente do Pole Dance.

“Emagreci e voltei a ser eu. Ou melhor, passei a ser uma versão melhor de mim”. Uma versão tão melhor, que deu à professora uma nova vida: “Depois disso, me separei e até me casei de novo. E estou muito feliz”, comemora.

A revista ainda cita a comprovação científica através de uma pesquisa de doutorado realizada na ala psiquiátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, pelo Profissional de Educação Física Felipe Schuch [CREF 012942-G/RS], que avaliou os efeitos da adição de exercício físico ao tratamento usual de pessoas com depressão grave. Segundo o periódico, o estudo buscou entender o quanto alterações em marcadores de regeneração neuronal e de estresse oxidativo estavam implicados na diminuição dos sintomas. Para isso, os participantes tinham de realizar sessões de exercício físico aeróbico três vezes por semana, supervisionados por um Profissional de Educação Física, durante o tempo pelo qual ficassem internados.

Para avaliar o quanto o exercício impactou os sintomas, os psiquiatras – que, ao lado de Felipe Schuch, compuseram a equipe – aplicaram escalas que avaliaram a gravidade da depressão. Por meio delas, pôde-se perceber o efeito adicional da atividade física na redução dos sintomas. “Acredita-se que o efeito ocorra em função do aumento da capacidade de regeneração neuronal e, potencialmente, da regulação dos marcadores de inflamação sistêmica, que parecem estar alterados em pessoas com depressão”, explica o pesquisador que citou a importância do apoio de familiares e amigos. “O primeiro passo é identificar as barreiras existentes. Depois, traçar planos e metas factíveis, entendendo que recaídas e faltas fazem parte do processo”, completou.

A revista Saúde também publicou recentemente uma matéria semelhante. De acordo com o periódico, novos estudos reforçam o poder da atividade física para o bem-estar psicológico. A ponto de o exercício virar prescrição para pessoas deprimidas (ao lado da psicoterapia e dos medicamentos).

Embora os impactos do esforço físico na esfera mental sejam um campo de pesquisa novo, multiplicam-se evidências de que caminhar, pedalar e malhar melhoram a qualidade de vida de quem anda pra baixo. “É provável que o efeito do exercício se aproxime muito ao dos antidepressivos”, conta o psiquiatra Marcelo Fleck, chefe do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A explicação da ciência está na liberação da endorfina, o hormônio do prazer, e de outros neurotransmissores por trás da sensação de bem-estar durante a prática esportiva. A Saúde diz que experimentos recentes mostram que suar a camisa também estimula o crescimento de células nervosas no hipocampo, região do cérebro que rege a memória e o humor. Um alento e tanto se você pensar que essa estrutura costuma ser menor entre os sujeitos deprimidos.

E segue relatando que esse estímulo aos neurônios é o que ajuda a entender os reflexos positivos de longo prazo – vai muito além, portanto, da sensação imediata de prazer e dever cumprido após a academia. “A liberação de hormônios não é o que faz a pessoa melhorar. A superação da doença tem a ver com a regeneração neuronal”, revela o educador físico e doutor em psiquiatria Felipe Schuch.

O educador encerra ressaltando que o efeito terapêutico do esporte depende de regularidade e nunca é tarde para iniciar.

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