AEscola de Direito da Fundação Getúlio Vargas foi às ruas apurar o nível de confiança que o cidadão brasileiro deposita nas suas instituições e, mais uma vez, as Forças Armadas compostas pelo Exército, Marinha e Aeronáutica, aparecem no topo da lista como instituição mais confiável, com o índice passando de 66% em 2014 para 68% neste ano. A Santa Igreja Católica segue na 2ª posição no ranking da confiança, estudo que mostra ainda que 59% dos entrevistados enxergam a Igreja Católica como uma instituição confiável, contra 56% que tinham essa percepção em 2014. É importante que a sociedade brasileira mantenha sua confiança na igreja, mas também é fundamental que este setor passe a participar mais efetivamente dos grandes debates nacionais, apresentando aos seus fieis não apenas uma indicação de comportamento, mas, sobretudo, de sugestões para os problemas que afligem à sociedade. O papel da Igreja deve ir muito além do religioso ou da chamada proteção às minorias, ou seja, pela importância que esse setor tem na vida das pessoas e, sobretudo, pela credibilidade que possui, faz-se necessário um debate mais apurado em questões que dizem respeito ao cotidiano de todo conjunto da sociedade.
Contudo, se a igreja tem crescido no conceito confiança, o mesmo não se pode dizer dos partidos políticos que aparecem como os piores avaliados no ranking elaborado pela Fundação Getúlio Vargas, com o aval de apenas 6% da população brasileira, percentual muito abaixo do atribuído às Forças Armadas que têm índice de confiança de 68%, ou seja, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica estão anos luz na frente de PT, PSDB, PMDB, DEM, PR, PPS, PDT, PTB, PV, PSL, PSB, PMN, PTC e tantos outros “P” quando o assunto é confiança da população brasileira. Nem poderia ser diferente, já que os partidos políticos brasileiros foram transformados em verdadeiros balcões de negócios, onde os interesses de grupos sempre têm prioridade sobre os interesses da população. O baixo índice de confiança nos partidos políticos reforça a tese que o brasileiro continua vendo a política como algo fundamental para a melhoria de vida da sociedade, tanto que a aprovação da presidente Dilma Rousseff está em torno de 8%, numa clara afirmativa que os partidos políticos são dispensáveis.
Outra constatação preocupante: se os partidos estão em situação desconfortável no ranking da confiança, o mesmo ocorre com os órgãos da Justiça, que aparecem como confiáveis por apenas 29% dos entrevistados pela Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas. O Poder Judiciário aparece no mesmo patamar da polícia e fica a frente apenas do Congresso Nacional, que tem índice de confiança de 19% e dos partidos políticos. No Distrito Federal, a sociedade registra a maior confiança no Poder Judiciário, com 4,7 pontos, desbancando a liderança do Rio Grande do Sul que, desde o início da sondagem, em julho de 2009, ocupava o posto. No período, o Estado gaúcho recebeu um índice de confiança de 4,6 pontos. São Paulo e Rio de Janeiro apresentaram o mesmo índice de confiança, 4,4 pontos, e os Estados da Bahia, Minas Gerais e Pernambuco são os que menos confiam no Judiciário: cada um teve 4,2 pontos no índice de confiança.
O estudo revela que a confiança no Judiciário cresce à medida que aumenta a renda e a escolaridade dos entrevistados, além de ser maior entre moradores do interior, se comparado entre os moradores da capital; e entre os homens, se comparado com as mulheres. A Fundação Getúlio Vargas também analisou a confiança do Judiciário segundo a cor de pele e constatou que quem se declara como negro, pardo ou indígena confia menos no Judiciário do que quem se declara branco ou amarelo. Ainda assim, o Judiciário de forma geral está melhor hoje do que no passado e tende a melhorar ainda mais no futuro, já que para 49% dos entrevistados, o Poder Judiciário melhorou nos últimos 5 anos e para 68% ele tende a melhorar nos próximos 5 anos. As outras instituições que completam o ranking da confiança do brasileiro ficaram com os seguintes resultados: as grandes empresas são confiáveis para 43%, seguidas pelas emissoras de TV, que aparecem com 33%. A imprensa escrita, como jornais e revistas, foi apontada como confiável por 43% dos entrevistados, volume muito superior aos 9% dos partidos políticos e 29% do Judiciário, mas muito aquém dos 68% das Forças Armadas.
O número
Apenas 6% da população brasileira disseram confiar nos partidos políticos, enquanto 68% disseram confiar nas Forças Armadas.