
Ainda que partidos políticos em profusão passe a sensação de fortalecimento da democracia, o fato é que todas as legendas servem apenas para atender interesses de grupos e, em maior ou menor grau, são apenas balcões de negócios. A situação é tão crítica que o TSE foi obrigado a adiar por um ano a entrada em vigor da resolução que exigia a criação de Diretórios Regionais e Municipais definitivos em todo o Brasil, o que acabou permitindo que, neste ano, possam ser lançadas candidaturas por comissões provisórias. O ministro Dias Toffoli alerta que os partidos de maleta, em que uma única pessoa carrega o partido inteiro, o fundo partidário inteiro, acabam se transformando em moeda de troca e desqualificando a política brasileira. Para o presidente do TSE, é impossível pensar num modelo de governabilidade com 30 partidos representados no Congresso Nacional, de forma que a sociedade brasileira deve refletir sobre a criação de novas agremiações que acabam sendo usadas apenas como janelas para impulsos pessoais, sem que se traduza o pensamento de parte da população.
A Câmara dos Deputados está discutindo e votando um reforma política que até o momento não reformou nada, ou seja, os parlamentares estão usando tempo e dinheiro público para manter o status quo da política nacional, mesmo porque eles não mudariam um sistema onde os partidos políticos receberam R$ 867,56 milhões somente no ano passado. Mais grave: as agremiações políticas também não pagam as propagandas eleitorais exibidas mesmo em anos sem eleições, através do famigerado horário eleitoral gratuito. Somente no ano passado, a isenção fiscal para essa atividade custou R$ 281,3 milhões aos cofres federais, ou seja, a conta acabou bancada pelo contribuinte. O benefício às emissoras que veiculam o horário eleitoral obrigatório é garantido pela Lei 9.504/2007, de forma que o valor deduzido em imposto de renda corresponde a 80% do que as empresas receberiam caso vendessem o espaço para a publicidade comercial. Enquanto as emissoras arcam com 20% dos custos, é como se cada brasileiro pagasse, indiretamente, R$ 1,13 para receber informações sobre candidatos e partidos políticos no rádio e na TV.
Estudo realizado pelo portal Contas Abertas revela que, entre 2002 e 2014, os partidos políticos custaram R$ 5,2 bilhões em deduções fiscais e que, somente no ano passado, a isenção às emissoras de rádio e TV custou R$ 840 milhões aos contribuintes brasileiros. A isenção concedida às empresas de rádio e televisão é uma das mais altas na lista da Receita Federal e supera, por exemplo, os benefícios tributários com o Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência, que tem isenção de R$ 173,6 milhões por ano. O ciclo eleitoral para presidente, governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores custou nos últimos quatro anos cerca de R$ 9,5 bilhões, valor que inclui doações recebidas pelos partidos, o fundo partidário e a isenção fiscal concedida às emissoras de rádio e TV para a transmissão do horário eleitoral gratuito. Somente o horário eleitoral obrigatório, custou R$ 840 milhões em impostos para compensar as perdas com publicidade das empresas de rádio e televisão que são obrigadas à divulgação da propaganda partidária.