Tanto o IBGE quanto o Ministério da Educação reconhecem que há grupos em maior risco para evasão escolar, notadamente aqueles formados por jovens de baixa renda, em sua maioria negros, que trocam com frequência os estudos por um trabalho precário ou que ficam grávidas já na adolescência, de forma que entender o perfil do jovem que evade da escola e identificar os momentos em que esse movimento é mais provável são ações importantes a serem realizadas pelos gestores de escolas e dos sistemas educacionais para preservar esses grupos no ambiente escolar. O governo precisa pensar medidas capazes de conter a evasão, mesmo porque do total de 1,3 milhão de jovens de 15 a 17 anos fora da escola sem Ensino Médio concluído, exatos 610 mil são mulheres e 35% delas, o equivalente a 212 mil, já eram mães nessa faixa etária. Seria sensato se as grades curriculares reforçassem políticas públicas de prevenção à gravidez na adolescência ainda nos primeiros anos do Ensino Fundamental, criando nas meninas uma cultura diferente daquela existente na atualidade.
O estudo revela ainda que apenas 2% das adolescentes que engravidaram deram sequência aos estudos, enquanto entre os homens que deixam a escola para trabalhar, 63% estavam trabalhando ou procurando emprego. Esta realidade contraria a lei, já que a educação até os 17 anos é obrigatória no Brasil de acordo com a Emenda Constitucional nº 59 e com o Plano Nacional de Educação, situação que deve ficar ainda mais severa já que termina neste ano o prazo para que todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos estejam matriculados. Ainda assim, em dez anos o Brasil diminuiu a diferença entre jovens mais ricos e mais pobres que concluem o Ensino Médio: em 2005, exatos 18,1% dos jovens de 19 anos entre os 25% mais pobres da população concluíam o Ensino Médio, enquanto entre os 25% mais ricos, a porcentagem chegava a 80,4%, existindo uma diferença de 62,3 pontos percentuais entre os dois grupos. Já em 2014, entre os 25% mais pobres, exatos 36,8% concluíam o Ensino Médio e, entre os mais ricos o percentual ficou em 84,9%, com a diferença entre os dois grupos ficando em 47,8 pontos percentuais.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam ainda que a redução das diferenças entre os mais pobres e mais ricos ocorre também no Ensino Fundamental: em 2005, dos jovens de 16 anos entre os 25% mais pobres da população, exatos 38,8% concluíram o Ensino Fundamental, enquanto entre os 25% mais ricos, a porcentagem era 90%, uma diferença de 51,2 pontos percentuais. Já em 2014, entre os 25% mais pobres a taxa de conclusão saltou para 62,7% que concluíram o Ensino Fundamental e, entre os mais ricos, 92,2%, uma diferença de 29,5 pontos percentuais. Apesar das melhorias, as populações pardas e pretas ainda concentram os maiores percentuais de estudantes que não concluíram as etapas de ensino nas idades monitoradas. Enquanto no Ensino Fundamental, em 2014, 82,9% dos brancos haviam concluído com 16 anos a etapa, 66,4% dos pretos e 67,8% dos pardos atingiram o mesmo patamar. Já no Ensino Médio, 66,6% dos brancos com 19 anos concluíram a escola, e entre os pretos o percentual foi 46,9% e, entre os pardos, 50,1%, configurando um determinado equilíbrio num país onde a miscegenação é marcante.