
A economia de Mato Grosso do Sul navega em águas positivas de índices de crescimento robustos e deverá manter projeções otimistas neste ano. A força do agronegócio com o avanço dos preços das commodities, a agroindustrialização e o investimento público direto foram os alicerces que impulsionaram as riquezas de Mato Grosso do Sul e levaram o Estado a registrar o maior incremento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2020 a 2022 entre os estados da Federação.
Levantamento feito pela MB Associados traz dados sobre a economia dos estados brasileiros. De acordo com a consultoria, Mato Grosso do Sul (4,9%), Tocantins (4,7%) e Goiás (4,5%) tendem a apresentar as altas mais intensas do PIB no acumulado de 2020 a 2022, na comparação com 2019, o ano anterior à crise sanitária.
Somente para 2022, a previsão da MB Associados é de que 14 unidades da federação fiquem acima do PIB nacional. A maior alta prevista é para o Tocantins, de 1,7%, após projeções de recuo de 1,6% em 2020 e de avanço de 4,6% em 2021. Na sequência, aparecem Mato Grosso do Sul e Goiás. Em ambos os casos, o crescimento esperado em 2022 é de 1,4%.
O impulso nas riquezas do Estado vem de fatores como mercado do agronegócio, agroindustrialização e investimento público direto. São os elementos de base do tripé deste crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos. Isso demonstra da eficácia de quando o Estado atua em conjunto com a iniciativa privada. A economia ganha robustez.
No meio de todo o crescimento do agro, que não é só em Mato Grosso do Sul, como também na maioria dos estados brasileiros forte no setor, há a falácia de que o agro é o celeiro do mundo. Mas a atividade não alimenta o mundo, muito menos os brasileiros. Por aqui, os alimentos são os mais afetados pela inflação, com aumento de preços três vezes maiores que os demais. Quem vai no supermercado sabe bem o que é isso.
Quem vive de salário mínimo, uma grande parcela da população, sabe muito bem o que é pegar o sagrado mínimo e fazer as compras. Tá difícil sobreviver até pra comer, imagina para disfrutar de outras coisas da vida. Atualmente, a insegurança alimentar afeta, em maior ou menor grau, cerca de metade da população, ao mesmo tempo em que país bate recordes de produção agrícola e pecuária.
O problema, porém, é que a carne produzida, em sua maioria, segue para exportação. Por sua vez, a produção agrícola, em sua ampla maioria de soja e milho, também é exportada, majoritariamente para a produção de ração animal. Esse é um clássico exemplo de Mato Grosso do Sul.
Na verdade, o plantio de alimentos propriamente dito vem quase que totalmente das pequenas propriedades rurais, onde famílias de pequenos agricultores produzem arroz, feijão, verduras, legumes, frutas e ovos pro consumo da população. Em grande parte dos casos, são famílias e comunidades que, apesar do bem que praticam, vivem desassistidos e excluídos das principais políticas governamentais.
O país celeiro na produção de alimentos precisa repensar sobre o motivo da dificuldade da população ter acesso a alimentos, item mais básico e primordial à sobrevivência. Nada adianta comemorar números de exportação, de produção, sendo que a base (maioria) tem dificuldade de acesso ao que é produzido.