O valor da cesta básica em agosto de 2024 aumentou 1,46% em relação ao mês anterior, conforme a pesquisa do projeto de extensão “Índice da Cesta Básica do Município de Dourados”, realizado pelo curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia (FACE) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O levantamento foi feito na última semana de agosto e na primeira de setembro.
Os produtos que compõem a cesta básica, conforme o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e de acordo com a Lei Nº 399, que estabelece o salário mínimo, são: açúcar, arroz, banana, batata, café, carne, farinha de trigo, feijão, leite, margarina, óleo de soja, pão francês e tomate. Em julho, os preços desses produtos somaram R$ 620,29, representando 43,93% do salário mínimo de R$ 1.412,00. Já em agosto de 2024, o trabalhador douradense precisou destinar uma quantia maior, com a cesta básica totalizando R$ 629,35, o equivalente a 44,57% do salário mínimo.
Dos 13 produtos da cesta básica, apenas 4 tiveram aumento de preço em agosto de 2024 em Dourados: carne (9,78%), banana (8,92%), arroz (5,32%) e café (5,15%). Vale destacar que a banana e o café registraram aumento pelo terceiro mês consecutivo.
Por outro lado, os produtos que apresentaram queda nos preços foram: tomate (-19,21%), farinha de trigo (-10,61%), leite (-7,80%), feijão (-4,69%), batata (-4,08%), açúcar (-3,33%) e margarina (-1,80%).
O aumento acentuado no preço da carne, que chegou a quase 10% após sete meses de estabilidade, foi um dos principais fatores para a alta da cesta básica em agosto.
Mesmo com a queda nos preços de alguns produtos, a pesquisa reforça a importância de comparar preços entre supermercados antes de realizar compras, já que foi observada uma variação de até R$ 105,17 (ou 18,31%) entre os mesmos itens em diferentes estabelecimentos. Uma dica é consultar também a pesquisa realizada pelo PROCON local, que detalha os preços praticados em cada supermercado.
Contexto nacional
Em âmbito nacional, o maior preço da cesta básica em agosto de 2024 foi registrado em São Paulo (R$ 786,35), seguido por Florianópolis (R$ 756,31) e Rio de Janeiro (R$ 745,64). Houve uma queda nos preços da cesta básica nas 17 capitais pesquisadas pelo DIEESE, pelo segundo mês consecutivo. O comportamento da cesta básica é um indicador relevante para a economia brasileira, refletindo diretamente os preços do setor de alimentos.
Já os menores preços em agosto de 2024 foram registrados em João Pessoa (R$ 548,90), Recife (R$ 533,12) e Aracaju, que apresentou o menor valor do país, com R$ 516,40. Esses menores preços vêm sendo registrados nas capitais da Região Nordeste desde o início da pesquisa.
Comparando com a capital do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, onde a cesta básica em agosto custou R$ 714,60, o preço em Dourados foi inferior. No entanto, o valor da cesta em Dourados superou o de cinco capitais estaduais: Salvador, Natal, João Pessoa, Recife e Aracaju, repetindo o padrão observado em julho.
Com base na Constituição Federal de 1988, que estabelece a carga horária mensal de 220 horas, um trabalhador douradense precisou trabalhar 96 horas e 39 minutos para pagar a cesta básica em julho de 2024. Em agosto, esse tempo aumentou para 98 horas e 3 minutos, indicando uma perda no poder de compra devido ao aumento dos preços.
Segundo o DIEESE, para garantir a subsistência de uma família de quatro pessoas, o salário mínimo necessário em julho de 2024 deveria ser de R$ 6.802,88, ou 4,95 vezes o valor do salário mínimo vigente. Em agosto, esse valor caiu para R$ 6.606,13, o que equivale a 4,68 vezes o salário mínimo atual. Esse recuo reflete uma recuperação no poder de compra em todo o país, devido à queda nos preços da cesta básica.
Fonte: professor Enrique Duarte Romero do curso de Ciências Econômicas da FACE/UFGD.