Apesar do bom momento para se vender carros usados, já que os veículos novos e semi novos sumiram do mercado razão da falta de peças para a produção, empresários do ramo em Dourados, dizem que as vendas caíram em até 30% nos últimos meses, em razão da crise econômica brasileira, enfrentada pela pandemia e agora por causa da alta dos combustíveis.
Se por um lado aumentou a preferência do comprador por um carro usado, os preços desses automóveis também aumentaram por causa da lei da oferta e procura. Quanto mais se vende, maior é o preço. Por exemplo, o preço de um Fiesta usado (Ford), ano 2010, básico, motor 1.0, em bom estado, que em 2019 custava pouco mais de 10 mil (ou menos), agora pode ser encontrado facilmente sendo comercializado por acima de 15 mil e se for completo, passa de 20 mil.
Segundo as revendedoras de Dourados, o carro usado valorizou em média 20% (dependendo da marca) por causa da falta de automóveis novos e semi novos no mercado brasileiro. “Mas mesmo assim, apesar das pessoas preferirem os carros usados, a crise tem afastado os compradores das lojas”, afirma o empresário Marcelo Vardasca, há mais de 30 anos no mercado douradense de automóveis usados e semi novos. Ele diz que as vendas estão ocorrendo, mas em processo mais lento, embora a crise tenha impactado no faturamento final da sua loja. O que motiva as vendas são os financiamentos, já que 70% dos negócios são feitos a prazo. “Normalmente a pessoa tem um carro e quer trocar por um mais novo e financia o restante e leva um modelo mais novo”, explica.
Para o empresário Arnaldo Pereira Júnior, o mercado de automóveis usados ainda vale a pena, apesar de calcular que as vendas nos últimos meses caíram em torno de 20% a 30%. “Teve épocas melhores, agora somos sobreviventes”, disse.
Hoje está bom para o particular que quer vender seu veículo usado, que antes estava desvalorizado, agora pode pedir um preço maior. Para quem compra já não é tão bom negócio assim, mas se procurar, pode encontrar um carro conservado, com preço compatível com seu bolso.
Arnaldo lembra que é neste aspecto que entram as revendedoras de carros usados, pois são especializados em encontrar carros usados, em bom estado para oferecer a pessoas interessadas. E se a pessoa não tem todo o dinheiro, facilitam o financiamento. A maioria das revendedoras trabalha em parceria com bancos que financiam carros usados. “Na maioria das vezes, a pessoa dá como entrada o seu próprio carro e financia o restante, é assim pelo menos a maioria das vendas”, explica.
Por que os carros usados
valorizaram no Brasil?
Os carros usados, assim como os zero km ficaram mais caros em 2021, o que dificultou a compra de um novo modelo por quem estava se planejando. Na contramão, ficou bom para aquele que tem carro usado e quer vender.
De acordo com o Monitor de Variação de Preços da KBB Brasil, em 2021 (divulgada no início deste ano pelo site Terra-Garagem360), os carros com até três anos de uso ficaram 17,22% mais caros, sendo que os carros de 2018 sofreram a maior variação: 21,14%. Porém, o maior aumento foi registrado entre os modelos de quatro a 10 anos de uso, que ficaram em média, 22,46% mais caros. Entre eles, os veículos de 2011 foram os que mais encareceram, cerca de 24,26%.
O setor de seminovos e usados registrou elevação no preço como consequência do mercado de 0 km. As fábricas em 2021 foram impactadas com a escassez de componentes automotivos, o que atrasou a produção de veículos. Com pouco estoque e demanda em alta, os preços aumentaram.
No entanto, nem todo interessado em comprar um carro estava disposto a pagar a mais por um modelo e ainda ter que esperar uma longa fila de espera, que passava dos três meses, de acordo com o modelo.
Dessa forma, a saída foi optar por veículos no mercado de usados, que além da demanda normal do setor, supriu a necessidade da falta dos zero quilômetro. E nesse caso, novamente entrou a lei da oferta e procura, com a demanda em alta, os preços subiram.