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Em Dourados, mais de 2 mil famílias indígenas vivem debaixo da lona

15 Mai 2021 - 06h00Por Valéria Araújo
Em Dourados, mais de 2 mil famílias indígenas vivem debaixo da lona - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

Sem programas habitacionais há mais de 13 anos, a Reserva Indígena de Dourados, é cenário de abandono do poder público quando o assunto é um teto digno.

Seja no frio ou na chuva, até mesmo no calor extremo dos dias mais quentes, crianças, jovens e idosos passam a vida debaixo de lona. De acordo com Fernando de Souza, servidor público e liderança indígena, são 2,5 mil famílias vivendo em estruturas improvisadas.

São pessoas que vivem em péssimas condições de moradia, alojados em barracos de lona e sem saneamento básico. De acordo com relatório apresentado por entidades ligadas à questão indígena, até 2012, o déficit habitacional era de 1.450 casas, hoje, este número subiu para 2,5 mil, segundo a estimativa.

O documento levou em conta que haviam 4 mil famílias que habitam as aldeias. No entanto, apenas 1.200 casas foram construídas através de projetos habitacionais. 

As outras famílias ergueram moradias com recursos próprios. Para Fernando o déficit de moradia é causado porque o poder público paralisou qualquer política pública voltada para a comunidade indígena.

Ainda existe uma dificuldade dos governantes lembrarem que o índio também é cidadão, lamenta. A consequência da precariedade das moradias é a vulnerabilidade social sofrida pelas pessoas.

“Há um impacto de saúde, psicológico e social muito grande. As famílias têm pouca perspectiva de melhorias e nada acontece para aliviar o sofrimento dessas pessoas”, destaca. A indígena Jéssica Carmem David, de 27 anos, mora há 15 anos em uma moradia improvisada na aldeia Jaguapiru.

Ela tem 3 filhos menores e para abrigar a família teve que construir uma casa feita de lona e tábuas em cima de uma pedra. O local costuma alagar quando chove.

Além das dificuldades estruturais, a conta de energia da família é exorbitante: R$ 200 num local em que até a alimentação é precária.

A família vive da cesta básica do Estado e do trabalho como diarista do esposo de Jéssica. Nas noites de temperaturas baixas o frio é mais intenso para quem vive debaixo da lona. A família pede socorro, inclusive para agasalhos e roupas para as crianças.

 

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