Por Leonardo Goy, Ana Nicolaci e Peter Murphy
BRASíLIA (Reuters) - O Brasil teve uma entrada recorde de investimento estrangeiro direto de 48,5 bilhões de dólares em 2010. Foi o maior número desde o início da série histórica do BC, iniciada em 1995.
O salto foi impulsionado pelo ingresso de 15,4 bilhões de dólares em dezembro, dos quais 7,1 bilhões de dólares são referentes à venda de 40 por cento do capital da Repsol no país para a chinesa Sinopec. \'Foi essa operação\', confirmou Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), em entrevista.
Em outra frente, no entanto, o país teve déficit em transações correntes de 3,493 bilhões de dólares em dezembro, elevando o saldo negativo no acumulado do ano para 47,518 bilhões de dólares, o equivalente a 2,28 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), o maior desde 2001.
\'Não é nenhum absurdo, quando se compara o resultado em relação ao PIB, é um número acomodável na série histórica. E o ponto importante do balanço de pagamentos é que o déficit é completamente financiado pelo investimento estrangeiro direto\', disse Altamir.
\'O Brasil está crescendo, e tende a importar muitos bens de capital, mas não há dúvidas de que há um reflexo da valorização cambial, também\', disse Flavia Cattan-Naslausky, estrategista do RBS Securities.
O BC manteve as projeções para as contas externas em 2011. O investimento estrangeiro direto deve somar 45 bilhões de dólares, enquanto o déficit em transações correntes deve alcançar 64 bilhões de dólares.
Para janeiro, a expectativa da autoridade monetária é de que o IED some 2 bilhões de dólares. Já a estimativa para as transações correntes é de um resultado negativo de 5,5 bilhões de dólares.
Os números do Banco Central mostram que, no mês de dezembro, a conta dos serviços fechou com déficit de 2,9 bilhões de dólares, ante déficit de 2 bilhões de dólares verificado no mesmo mês em 2009.
As remessas líquidas de renda para o exterior chegaram a 6,2 bilhões de dólares no mês passado, segundo o BC, volume 3,2 por cento inferior ao de dezembro de 2009.
Em 2010, o envio de remessas somou 39,6 bilhões de dólares, com alta de 17,4 por cento em relação a 2009. \'As filiais brasileiras, à medida em que tiveram boa rentabilidade, também atuaram no sentido de remeter esses recursos para socorrer suas matrizes\', disse Altamir Lopes.
(G1)