BRASÍLIA - O Banco Central (BC) prevê que a conta corrente externa começará o ano deficitária, em valor aproximado de US$ 5,5 bilhões, para janeiro.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o rombo estimado em US$ 64 bilhões nas transações correntes do país com o exterior, este ano, deverá ser coberto em parte pelo Investimento Externo Direto (IED), projetado em US$ 45 bilhões, além de empréstimos de médio e longo prazos, e aplicações de estrangeiros em ações e renda fixa.
Em 2010, os investimentos externos em ações atingiram US$ 37,685 bilhões, o maior volume da série apurada pelo BC desde 1947. Em renda fixa somaram US$ 14,588 bilhões, apesar de fluxos negativos em novembro e dezembro, por conta da taxação de 6% com IOF.
O freio fiscal sobre dólares para renda fixa continua a dar resultados. Em janeiro até hoje, parciais do BC apontam que essas operações registram saídas líquidas de US$ 615 milhões. Enquanto que, para ações, a entrada é de US$ 889 milhões no mesmo período.
Juros baixos no mercado internacional devem continuar a favorecer novos empréstimos externos, cuja taxa de rolagem ano passado ficou em 224%. Agora, Lopes acredita que para cada US$ 1 a vencer, os brasileiros poderão tomar até US$ 150 emprestado.
(G1)
Em 2010, o déficit em conta corrente de US$ 47,5 bilhões foi coberto pelo IED, que atingiu o recorde de US$ 48,4 bilhões. Contribuíram para o resultado deficitário, saídas recordes na conta de serviços e rendas em US$ 70,6 bilhões. Do lado dos ingressos, o saldo comercial ficou em US$ 20,2 bilhões e as transferências unilaterais em US$ 2, 8 bilhões.
Do lado dos serviços, as viagens internacionais tiveram o maior saldo negativo apurado pelo BC, de US$ 10,5 bilhões, cerca de 51% acima de 2009. Outro recorde negativo foi com o aluguel de equipamentos, US$ 13,68 bilhões em saídas líquidas.
\'Tem a ver com a expansão da atividade e o aumento da corrente de comércio\', justificou Lopes. Somando-se a isso, as remessas líquidas de lucros e dividendos elevaram-se a US$ 30,375 bilhões, ante US$ 25,2 bilhões em 2009, também resultado da \'lucratividade das empresas, aliado ao fato de que as matrizes não vão muito bem\' nos países ricos, comentou.
(Azelma Rodrigues | Valor)