As ações da Eletrobras operam em queda nesta segunda-feira (13), dia da estreia da empresa na bolsa após a conclusão do seu processo de capitalização, com a realização de ofertas primária e secundária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Por volta das 11h12, a ação ordinária da empresa (ELET3) caía 2,59%, cotada a R$ 39,94. Já o recibo de ações (ADR) negociado na bolsa de Nova York (EBRb) recuava 2,04%, a US$ 7,70.
Para Flavio Conde, analista de ações da Levante Investimentos, o desempenho nesta sessão está ligado a um cenário desfavorável como um todo para o mercado, com uma queda generalizada no Ibovespa em meio a um pessimismo maior entre os investidores, que intensificaram as projeções de uma recessão nos Estados Unidos.
Entretanto, ele avalia que essa não é a única causa. O primeiro motivo para o desempenho seria o fato de o papel ter subido 40% em 2022, bem mais do que o Ibovespa, indicando que “parte da privatização já tinha sido precificada”.
Outro motivo, afirma, é que ofertas de ações já costumam abastecer a demanda de investidores pelo papel, ou seja, é incomum que haja demanda de compradores no dia seguinte, facilitando quedas. Ele cita como casos semelhantes as ofertas públicas iniciais (IPOs) do Nubank e da Raízen.
Conde ressalta, porém, que as pessoas que usaram o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para comprar ações da Eletrobras não devem se preocupar. “Quem entrou, é para ver o dinheiro crescer em 10, 20 anos. Se cair durante 1 semana, 1 mês, 6 meses, não tem problema, tem que ver o preço daqui a 10, 20 anos, e vai ser outra empresa, muito melhor, e valendo mais do que vale hoje”.
Precificação
As ofertas de ações da Eletrobras foram feitas pelo governo federal e pelo BNDESpar, com preço de R$ 42. O preço mínimo estabelecido pelo governo federal para as ações foi mantido em sigilo, mas segundo o fato relevante divulgado pela Eletrobras, a precificação atingiu um valor igual ou superior ao mínimo determinado.
Segundo o documento, o preço por ação fixado envolve um montante total de R$ 29,29 bilhões, acima dos R$ 22,05 bilhões caso o preço mínimo tivesse sido seguido. Considerando o lote suplementar que será ofertado pelo BNDESPar, o total chega a R$ 34 bilhões.
O valor é próximo da expectativa do governo, de R$ 30,69 bilhões, calculado a partir do fechamento de 26 de maio, quando a ação ordinária (ELET3), tinha a cotação de R$ 44.
Com o processo, o governo abre mão de ser o acionista controlador da Eletrobras e passará a ter 45% do capital acionário ante os 72,2% atuais. Entretanto, terá o chamado “golden share”, um mecanismo que permite que ele vete decisões que possam ir contra o interesse nacional.
O processo de capitalização da Eletrobras foi iniciado em 2021, e passou alguns meses parado enquanto aguardava a aprovação pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O órgão aprovou tanto o modelo da capitalização quanto as estimativas de movimentação total com a operação, na casa dos R$ 67 bilhões.
Desse total, R$ 25,3 bilhões são em outorgas pagas ao Tesouro Nacional pelo direito do uso das usinas hidrelétricas da Eletrobras. Outros R$ 32 bilhões serão para a Conta de Desenvolvimento Energética (CDE), com o objetivo de aliviar as contas de luz a partir de 2023.