Com recursos da Lei Paulo Gustavo e apoio da Secretaria de Cultura de Dourados, o projeto “A Arte de Brincar” está sendo finalizado no município. A iniciativa surgiu da necessidade de levar às crianças em situação de risco e vulnerabilidade social, o gosto pela arte do brincar, pois esta faz parte do dia-a-dia de toda criança.
De acordo com a idealizadora, a professora da UEMS, Ilsyane do Rocio Kmitta, “a proposta foi estimular a prática do brincar como um fator importante para a qualidade de vida, auto estima e desenvolvimento cognitivo das crianças e adolescentes, trabalhando o respeito às regras, disciplina e limites, o brincar juntos, atenção, concentração, simetria, sequência, leitura e interpretação”.
Os brinquedos e jogos são considerados importantes aliados no processo de aprendizagem pois é através do brincar que a criança desenvolve elementos fundamentais na formação da personalidade, aprende e experimenta situações, organiza suas emoções, processa informações e constrói autonomia de ação. “Foi com esse propósito que nos lançamos nessa aventura do brincar, sorrir, partilhar momentos de pura alegria na periferia de nossa cidade”, explica Ilsyane Kmitta.
“Como educadores, defendemos que o ato do brincar é tão sério, que um dos princípios da Declaração Universal dos Direitos da Criança diz que: ‘Toda criança tem direito à alimentação, habitação, recreação e assistência médica! Sugere-se que toda pessoa em especial, pais e profissionais que fazem parte da formação de uma criança, tenham em mente o quanto é importante repensar na forma de apresentar, oferecer, ou proporcionar certo brinquedo ou uma brincadeira à criança, avaliando o que poderá lhe proporcionar'”, diz a professora.
“Sabedores de tudo isso, levamos jogos e brincadeiras as crianças e adolescentes da Vila Cachoeirinha, Vila São Braz, Santa Felicidade e Comunidade Indígena Nuporã”, disse Ilsyane Kmitta, relatando que “foram inúmeros os desafios, mas a cada encontro, percebemos que muito ainda poderia ser feito. O interesse e a curiosidade das crianças aumentavam na mesma proporção em que as peças dos jogos ficavam perdidas em meio a tanta agitação”.
Foram sete encontros de muita partilha e companheirismo. E foi em uma das ações, na Vila Mariana, que os executores do projeto encontram um pai que acompanhava os filhos nas atividades na Vila São Braz, depois foi no Santa Felicidade e novamente na Vila São Braz. “Perguntamos a ele do interesse em conhecer mais sobre os jogos e ao mesmo tempo jogar com os filhos, e ele respondeu: – Sou assalariado, trabalho muito e recebo muito pouco, mas quero o melhor para os meus meninos. Quero que estudem, façam coisas diferentes do que eu tive que fazer para viver, trabalhar desde criança e não poder estudar, com eles vai ser diferente.”
Como disse o professor Irio Valdir Kichow: “É nessa toada de boas energias que levamos o projeto, aprendemos mais que ensinamos. Visitamos quatro comunidades diferentes realizando duas ações e atividades com jogos que favorecem o desenvolvimento cognitivo, como por exemplo: xadrez, dama, futebol de botão, jogo de encaixe, jogo da memória, cai não cai, basquete de tabuleiro, caiu perdeu, caça palavras, dentre outros. Também a oficina de libras com Ana Carla; artesanato, grafismo e pintura em tela com Aline de Souza e Nailson Gonçalves. Sem falar do sucesso do bambolê, pula corda e futebol. Contamos ainda com as apresentações do Kaio Ramos levando sua simplicidade e alegria a criançada”.
Muitos adultos participaram das ações, acompanhando seus filhos e conversando sobre educação, cultura, entrando nas brincadeiras. Para além de levar os jogos, os educadores tiveram que preparar o lanche, as balas, pirulitos e picolé. Ficaram apreensivos quando perceberam que o lanche, além de servir as crianças, era preciso servir os adultos que ali estavam e “muitos ainda levavam um bocadinho para suas casas, pois alguém estava lá com fome esperando. Mas com jeitinho tudo deu muito certo”, diz Ilsyane.
“E nessa caminhada encontramos pessoas maravilhosas que nos apoiaram e nos ajudaram seja no preparo do lanche, seja em avisar e repassar o convite a comunidade. Foram sete encontros e com eles descobrimos sete maneiras diferentes de ser feliz, junto de pessoas maravilhosas que nos acolhiam e nos abraçavam com uma energia que só nos impulsionava ainda mais”, disse a professora.
“Deixo meu agradecimento especial a Secretaria de Cultura de Dourados, e a todos que abraçaram esse projeto – na Vila Cachoeirinha, Vila São Braz, Santa Felicidade e Nuporã – cujo resultado não poderia ser melhor. Viva Cultura, a educação! Viva a Lei Paulo Gustavo!”, finalizou Ilsyane Kmitta.