Conhecida pelas grafitagens em muros, telas e também por usar seu talento para dar forma a qualquer material reciclável, a artista plástica e grafiteira Marilena Grolli já realizou diversas exposições e mostrou sua produção artística no Brasil e fora do país, comandou o projeto ‘Conexões Graffiti’, oferecendo oficinas e até festival de hip hop à população da periferia de Campo Grande, e também participou do Festival Internacional Board Dripper, no México, que reúne alguns dos melhores artistas para promover e fundir a cultura das ruas. Documentário sobre ela pode ser conferido no programa Fazendo Arte, que entra na grade da TV ALEMS neste sábado (30), às 14h30.
Marilena da Silva Grolli nasceu em 1º de abril de 1973 em Cáceres, no Mato Grosso. Formada em Artes Visuais pela UFMS, em 2002, ela também é pós-graduada em Arte e Educação. A paixão pela arte começou na infância, quando reproduzia desenhos de gibis, sendo que na escola, em vez de estudar, só pensava em desenhar.
Filha de Maria Coelho da Silva e Antonio Alves da Silva, Marilena se mudou para Campo Grande em 1975, aos 2 anos, com a mãe e os seis irmãos, após a morte do pai. Na adolescência, perdeu três irmãos e vivenciou depressão profunda, se libertando dos lutos e perdas com a série ‘Tormentos’, marcada por desenhos assustadores e densos.
Grolli trabalha com murais desde a década de 90, mas depois da graduação e pós, começou a pesquisar e estudar o universo do graffiti e as técnicas de domínio do spray. Seu estilo está ligado aos cartoons contemporâneos, aqueles desenhos humorísticos de caráter crítico e que envolvem o dia a dia da sociedade, com temas que englobam bicicletas e flores, por exemplo.
Capengas
O trágico e o cômico foram evidenciados na exposição ‘Capengas’, realizada em junho de 2010 no Centro Cultural José Octávio Guizzo, em Campo Grande. Nessa série, a artista mostrou indivíduos tortos na vida, que caem, levantam e recomeçam.
A exposição ‘Capengas’ também pôde ser conferida no Rio de Janeiro e em Campinas. Segundo Marilena, “a série apresenta minha entrega e meu processo criativo. Os Capengas continuam brincando de viver, se entregando às situações apresentadas, pirando, criticando e fomentando discussões”.
Um dos mais importantes festivais de arte e cultura de São Paulo, o Free Art Fest, já conta com 26 edições, sendo que na maioria delas, Marilena Grolli participou desenhando ao vivo e expondo. Atualmente ela é curadora regional desse projeto e seleciona artistas sul-mato-grossenses para participarem dele, e com isso, integra o grupo de artistas da Freeart Agency.
A cada edição do Free Art, parcerias são firmadas com outros projetos e ações culturais. Em setembro de 2019 a cooperação foi realizada com o festival internacional Board Dripper, na cidade mexicana de Querétaro. Criado em 2009, é um dos mais importantes festivais do mundo por promover e fundir a cultura da rua e do skate, o graffiti, além de disseminar a arte como ferramenta de Comunicação Social; Grolli foi selecionada pela comissão do festival para representar o Brasil como curadora nessa edição.
Para homenagear a Vila Nasser, bairro em que mora há mais de 20 anos, Marilena realizou projeto de grafitagem no centro poliesportivo do lugar, em 2016, embelezando o local com sua arte colorida e democrática. Para ela, o graffiti é muito mais que uma manifestação artística urbana: é educação!
Conexões Graffiti
Com apoio do Fundo Municipal de Investimentos Culturais de Campo Grande (FMIC), Grolli comandou o projeto ‘Conexões Graffiti’, em 2018, que ofereceu oficinas e até festival de hip hop para a população periférica da Capital. Já no projeto ‘Semente das ruas’, idealizado pela produtora cultural Angela Finger, a artista ministrou curso gratuito de graffiti, com dez aulas, totalizando cinco horas, elencando desde os conhecimentos básicos a variadas técnicas e até a confecção de um mural a mão livre.
Concursada na FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), Marilena Grolli é gestora de artes do núcleo de Artes Visuais, e por isso já foi jurada, curadora e coordenadora de diversas exposições, salões e eventos artísticos. Também ocupa a cadeira 10 da Aflams (Academia Feminina de Letras e Artes de MS).
Com mais de 30 anos de carreira, Marilena Grolli é uma das mais conceituadas artistas do graffiti em Mato Grosso do Sul. Para ela, arte urbana é doação e depois que o desenho vai para o muro, ele é do mundo.
No documentário a respeito dela há depoimentos da mãe Maria Coelho da Silva, do irmão José Alves da Silva, do artista e empreendedor cultural Gejo O Maldito (criador do Free Art Fest), do rapper e grafiteiro Mano Xis, Angela Finger e da cantora Marta Cel.
Fazendo Arte
As artes são formas de expressão criadas através de inúmeras formas e materiais e, de acordo com a vontade do artista, se transformam em grandes produções. Para valorizar esse universo, a TV ALEMS implantou em sua grade de programação o programa ‘Fazendo Arte’, que vem exibindo documentários sobre artistas e movimentos que enriquecem a cultura sul-mato-grossense.
Produzido, apresentado e roteirizado pelo jornalista João Humberto, o programa pode ser assistido na TV ALEMS (canal 9 da NET) às segundas, a partir das 15h, quartas às 19h e sábados às 14h30, além do Youtube da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.