Nesta segunda-feira, 11, às 19h, a Universidade recebe uma palestra sobre a obra Maria d’Apparecida: negroluminosa voz, com a presença da jornalista e escritora da obra biográfica, Mazé Torquato Chotil. O evento aberto e gratuito será no auditório do Complexo EaD e Escola de Extensão, na Cidade Universitária.
Maria d’Apparecida foi uma cantora brasileira lírica e intérprete de MPB, reconhecida por sua grande voz e impacto no cenário operístico europeu. Nascida no Rio de Janeiro em 1935 e falecida em Paris em 2017, Maria enfrentou desafios relacionados ao racismo e às dificuldades de ser uma mulher negra em busca de espaço na música erudita.
“Ela foi aceita nos meios de música clássica, mas o ambiente em torno dela era inóspito, nunca ajudou ela a se desenvolver. Então, é importante para a gente pensar que a música clássica deve ser acessível para todos. A gente não deve fazer como as pessoas que estavam em torno dela que sempre cercearam a música clássica da vida dela. A música clássica é para todos”, enfatiza o coordenador da atividade e professor da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação, Marcelo Fernandes.
O professor ainda enfatiza que, além de abordar música clássica, o evento também é um convite para valorização da literatura. “A gente está tratando da divulgação da obra da Mazé, uma grande escritora sul-mato-grossense que mora hoje na França. Promover o evento é promover também a literatura do Estado dentro da cultura da UFMS. Por isso, queria convidar todos os nossos alunos, todos os apaixonados pela literatura, a prestigiar essa grande escritora, que é a Mazé Torquato”, convida.
Para a autora da biografia, o evento é oportunidade para promover o trabalho de Maria d’Apparecida, além de divulgar sua “contribuição para a história da música, a divulgação da nossa cultura musical na França e na Europa, e o exemplo de dedicação que a levou a realizar seu sonho de ser cantora, apesar do racismo que enfrentou no Brasil”, explica.
“Escrevi esta obra para resgatar a história dessa artista excepcional, a primeira afro-brasileira a interpretar Carmen na Ópera de Paris. Devido ao racismo, ela não pôde construir sua carreira no Rio de Janeiro, sua cidade natal, e assim desenvolveu sua trajetória na França e na Europa. No final dos anos 1950, estabeleceu-se em Paris, onde viveu por mais de cinquenta anos e teve uma relação importante com o pintor Félix Labisse, de quem foi musa. Após um acidente, Maria d’Apparecida continuou sua carreira na Música Popular Brasileira, promovendo nossa música por muitos anos”, completa a escritora.
“Em vida, Maria d’Apparecida foi homenageada com diversas honrarias, como a Legião de Honra e o título de Oficial das Artes e Letras, concedidos pelo presidente francês François Mitterrand, e a Medalha do Rio Branco, do governo brasileiro. [Na palestra] vou falar sobre a trajetória de Maria d’Apparecida, sobre meu trabalho de pesquisa para escrever sua biografia e também sobre o papel da associação Os Amigos de Maria d’Apparecida, da qual faço parte, na preservação de sua memória”, finaliza Mazé.