
A escritora sul-mato-grossense Delasnieve Daspet está lançando seu 26º livro, a "Gramática da Fúria. Nesta obra , a autora escreve “sobre a existência de um ser humano e com os “parceiros” que a vida lhe deu – no andamento dos dias e das horas.
Seus poemas falam sobre encontros, desavenças, ofensas, e, a resposta a cada um, na essência. Ela afirma que foram momentos. Alguns, foram dádivas, outras, necessárias.. Ela afirma que: “Não dou a outra face. Então, estes versos construíram poemas com os quais homenageio quem merece ou mereceu. Cada um sabe. Não porque eu diga para quem é ... As vezes falo nome de uma pessoa, na maioria das vezes, não. Não discuto com ninguém. Dou um poema. E, meus dedos sabem ferir... fatio. E, me liberto. E o ser deixa de existir no meu caleidoscópio. É expurgado através da palavra para a continuidade do bem-estar. No caso, o meu!
Afirma que é igual a qualquer outra pessoa. Normal. Suave e ácida. Não tem medo de se revelar.
Sua poesia não mostra vulnerabilidade, ao contrário, mostra a força e domínio que tem para não armar uma briga.Suas brigas são através das letras. Com elas extirpa qualquer tumor que causa problema.
Não fantasia . Não dramatiza .É uma poesia real. A poeta assume seu papel no cotidiano. Fiz a poeta que seus poemas são personalíssimos. Aconteceram de fato. São personagens reais. Personagens que ela premia. Pessoas que fazem ou fizeram de sua vida. E, que sem dúvida, se reconhecerão nas poesias.
Ela afirma que “Tem gente que engole sapos... eu faço poemas!”.
A Critica Literária Ana Maria Bernardelli (do PEN Clube do Brasil para a Região Centro-Oeste e da ASL0 afirma em sua peça que “A Poesia é a forma mais densa e mais intensa da expressão verbal. Essa afirmação captura bem a essência da poesia como uma forma de expressão única e impactante. É uma linguagem condensada, onde cada palavra, cada linha e cada verso são cuidadosamente escolhidos para transmitir significados profundos e emoções intensas.
A densidade da poesia está relacionada à sua capacidade de condensar complexas emoções, imagens e ideias em uma forma concisa. Além disso, frequentemente, lida com sentimentos comuns, à humanidade – o amor, a angústia, a indignação, a opressão, natureza, identidade e busca por sentido.
Ao fazer isso, ela pode tocar o leitor de maneira pro- funda, evocando emoções e reflexões que vão além do significado literal das palavras. Ela nos desafia a ver o mundo sob novas perspectivas e a sentir de diversas maneiras que podem ser sutis, mas ao mesmo tempo, muito vívidas”.
“Só poetas fortes, audaciosos, são capazes de enveredar nas selvas sociais e, de modo arrebatador e espantoso, de dizer o que não lhes agrada, o que os incomoda à semelhança de heróis mitológicos, mesmo que o público os repreenda e se choque com versos mordazes e de intimidativa objetividade.
Dentre esses poetas, está Delasnieve Daspet, que, surpreendentemente, suspendeu sua lírica ligada à terra na- tal, à natureza, ao louvável tema da paz e da necessária e paradoxal humanização do homem do século XXI e abraçou, num momento de desabafo, de irritação, de impetuosidade, de ira, de fúria, versos críticos, satíricos, irônicos, deixando transparecer sua veia sarcástica”
“Que poeta lúcido e observador incansável da realidade circundante não é tomado, eventualmente, pela fúria diante da aleatória e instável e hipócrita sociedade?
Não se fala aqui de uma fúria aniquiladora, avassaladora... é uma fúria muito mais dolorida, mais tenebrosa e fulminante, porque brota do âmago da alma poética, da indignação do eu lírico, das entranhas poéticas e seus mistérios?
Gramática da Fúria de Delasnieve Daspet apesar de um viés diferenciado de sua poesia cotidiana, é uma espécie de proposição para o leitor em refletir e dar um sentido à existência, repensando o quanto de ira, raiva e fúria nos permeia e que, de um modo ou de outro temos de encontrar o caminho desse desumano labirinto.
E conclui na sua apresentação - ao ler Gramática da fúria, lembrei-me desta fala de Alfredo Bosi:
“Quando escrevi O ser e o tempo da poesia, (1977), destinei um capítulo inteiro ao conceito de poesia resistência e verifiquei que há mais de uma forma de resistência. A forma mais evidente é a poesia de crítica social, de ataque, de sátira...”
Acredito que o novo livro de Delasnieve Daspet, guardando aspectos da teoria de Bosi, contempla, à sua manei- ra, uma poesia de resistência, visto que a poeta se posiciona declaradamente contrária às ações sociais que per- meiam a sociedade contemporânea.
O Prefácio foi escrito pelo escritor CARLOS NEJAR – da Academia Brasileira de Letras e renomado Crítico Literário que afirma:
Agora publica e a tempo, a reunião de seus poemas, esta “Gramática da Fúria”.
Começa advertindo que ninguém a subestime, erguendo sua indignação entre chamas, como poucas vezes, com essa intensidade na poesia brasileira. Inegável sua originalidade e sotaque próprio no sistema de signos. Seu verso, assim, não segue esquemas, é liberto, com as metáforas carregadas de um vento de justiça.
Há um ritmo, às vezes delirante numa razão criadora. As imagens se sucedem em gavetas de linguagem, chorando – não pelo outros – mas por si mesma.
Buscando na luz, o que nos pertence e foi indevida- mente arrancado, inaceitando “o lixo que nos brindaram”, ao contemplar a desordem do mundo, a erosão da pobreza e a fábrica da morte. Como em Maiacóvski e Neruda, brada em versos sonoros o desequilíbrio, “onde gatos com ratos proliferam”.
Há um prosaísmo de um Auden nesta poética de abismo, um pessimismo machadiano ou de um Nietzsche na percepção de fim de túnel, com paroxismo de criar, apesar do caos, entendendo que “não se vive a sós sob pena de nos tornarmos menos humanos”. E é a humanidade destes poe- mas, que nos emociona, sua coragem de dizer que nos tiram “o passaporte, depois a liberdade”. Mas é sobre a liberdade que canta, contra a sublevação das coisas, com preciosa capacidade comunicadora nesta praça dos sonhos.
E é no pensamento de Otávio Paz, quando “o coração se pressente, “que nasce a poesia”. O que lembra o Poeta Novalis.
E essa magia se funda numa gramática do universo, sofrido e vivido, pedindo pela remoção das máscaras.
E na comunidade vital dos poemas, vige aterradora verdade do real que nos rodeia, alcançando o que desejava Federico Schlegel, “a poética da vida e sociedade”.
Provando, aliás, a afirmação do já mencionado Otávio paz, que “o ritmo não é medida, é visão do mundo”.
Delasnieve acredita que sua poesia encontrará eco nos leitores – porque desnuda a farsa de que todos são bonzinhos. Ela afirma que o ser humano é dual: ele é bom e é mau. Depende da circunstâncias.
Ocorre que - poucos descerram o véu.
Um livro para se comprar, ler, guardar e reler sempre para que não se apague da memória que em tudo existem dois lados.
Serviço:
https://altabooks.com.br/produto/gramatica-da-furia/
Livro: GRAMÁTICA DA FÚRIA
Selo: MINOTAURO
Editora: Grupo Editorial ALTA BOOKS
Autora: Delasnieve Daspet
Edição 2025
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