Dourados – MS quinta, 28 de março de 2024
20º
Renove sua CNH
Cultura

Ator sul-mato-grossense estrela curta-metragem na Mostra de Tiradentes

Diretor celebra seleção do seu 1º curta-metragem para um dos maiores festivais de cinema do país; veja imagens inéditas

19 Jan 2022 - 10h37
Joana (Oz Ferreira) e Miguel (Tero Queiroz) em cena do filme "Dois Bois" - Crédito: Maria ReisJoana (Oz Ferreira) e Miguel (Tero Queiroz) em cena do filme "Dois Bois" - Crédito: Maria Reis

O curta-metragem de ficção “Dois Bois”, dirigido pelo mato-grossense Perseu Azul, estreia às 18h de 23 de janeiro na 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes. O público poderá assistir de casa, pois a mostra estará em uma versão on-line neste 2022. 

O ator sul-mato-grossense Tero Queiroz está no elenco dando vida à “Miguel”, personagem que é irmão da protagonista “Joana” (Oz Ferreira). Na história, os dois são filhos de “João” (Antônio Alípio).

"João", no centro; à direita, "Miguel" e à esquerda, "Joana" (Foto: Maria Reis)

 

Estão no elenco ainda: Sandro Lucose – dando vida à “Freitas”; Rafael Alves, vive o personagem “Dionísio”; José Diniz dá vida ao peão “Salustiano” e a personagem “Dona Branca” (Ádila Safi). Apenas Tero é de MS, o restante do elenco é mato-grossense.

Ao chamar os sul-mato-grossenses para assistar o filme, Tero agradeceu o convite de Azul e celebrou o cinema brasileiro. “Um presente enorme. Eu li o roteiro e fiquei animado demais para contar essa história. O Miguel surgiu de maneira forte, que me causa um nó na garganta. A leveza do personagem para suportar a tragédia me fascina. Só tenho a agradecer ao Perseu e a toda a equipe profissional e gentil que me acolheu nesse projeto. É uma honra poder trazer mais uma história ao mundo. Assistam “Dois Bois”, prestigiem o cinema nacional, ele é forte, lindo, estiloso, único!”, manifestou.

Tero Queiroz dá vida à Tero Queiroz dá vida à "Miguel" no filme "Dois Bois". Foto: Maria Reis 

 

A Mostra de Tiradentes acontece na cidade de Tiradentes (MG), com início programado para a sexta-feira (21.jan.22) e segue até sábado (29.jan.22). Para assistir “Dois Bois”, basta que o interessado acesse plataforma www.mostratiradentes.com.br. A programação é gratuita. “Dois Bois” tem classificação indicativa de 14 anos.  

A HISTÓRIA

O diretor Perseu Azul em entrevista ao MS Notícias disse que o filme “Dois Bois” aborda o tema da vingança, sobreposto por uma disputa parental, sublinhada de ciúme, inveja e sina. “Após passar toda a infância e juventude apartada de sua família, Joana retorna ao pantanal para cumprir o último desejo de sua recém falecida mãe”, é a sinopse do curta.

“O filme poderia acontecer em qualquer época após a invenção da pólvora, pois seu conflito central é atemporal, mas um dos veículos de cena denuncia que a história acontece ao redor dos anos 2000”, adiantou o diretor.

Conforme Azul, a história do filme é inspirada em um livro. “É uma história inteiramente ficcional, livremente inspirada pelo conto homônimo do co-roteirista Pedro Leite”, esclareceu.

Para evitar e spoiler, Azul sintetiza dizendo que a história busca desvendar o mistério que circunda o retorno da protagonista para a casa da família no fundão do Pantanal.

O ELENCO

A escolha do elenco foi uma decisão importante para obter o resultado que desejava. “Nesse filme quis misturar atores experientes e não atores. A direção para o elenco foi muito pautada pela co-criação da história pregressa dos personagens principais”, detalhou Azul.  

Ele explicou que o processo de escolha de cada um dos atores foi “surpreendente e ao mesmo tempo, inevitável”. “A protagonista é minha companheira de vida, Oz Ferreira, que, além de ter vasta experiência em teatro, me ajudou de diversas formas na construção dessa história e da personagem que ela interpreta, a Joana”, ressaltou.

Confiança e cumplicidade foram os adjetivos que levaram o diretor a buscar Tero Queiroz em MS. “Tero Queiroz, como Miguel, sempre foi uma certeza, pois já havíamos trabalhado juntos e encontrado lugares de muita confiança e cumplicidade”, apontou. Tero atuou na série “Insustentáveis”, onde conheceu Azul, um dos diretores. 

Com desejo de quebrar estereótipos, assim Azul chegou ao ator que daria vida à “Freitas”. “O Sandro Lucose, no papel de Freitas, surgiu como uma revolução, deixando o personagem mais novo e abusado, o que ajudou com a quebra de estereótipo do latifundiário tradicional”, descreveu.

No tio Azul enxergou “João”, pai de “Miguel” e “Joana”. “O papel mais desafiador, a meu ver, sempre foi o do pai de criação da protagonista, o João. Confiei ele a meu tio, Antônio Alípio, tio Tonico, que após uma carreira como ator e diretor de teatro na juventude, se afastou dos palcos por quase 20 anos, retornando à atuação em Dois Bois”, disse.

Após o tio ser confirmado, Perseu também deu para a mãe um papel na história. “Minha mãe, Ádila Safi, que sempre quis ver de perto o que a ovelha desgarrada (eu) fazia, topou interpretar a Dona Branca, um papel que parece estar à mercê da história, mas que cresce e assume cumplicidade com a protagonista no desfecho”, revelou.

A MOSTRA E O DIRETOR

A 25ª Mostra aconteceria de forma presencial nesse ano, mas após a virada do ano e o aumento dos números da Covid-19, a programação foi transferida para o formato on-line.

“Quando o enviei para Tiradentes, ele ainda estava em processo de colorização e tratamento de som. Entramos na mostra Panorama, que compete pelo prêmio de público e que iria se realizar na forma presencial e virtual. No entanto, com o último surto de covid-19, todas as mostra presenciais em Tiradentes foram canceladas, restando somente a mostra virtual”, lamentou o diretor.

Considerada uma das maiores mostras do cinema brasileiro contemporâneo, Tiradentes se tornou importante para o cinema independente.

À reportagem, Azul destacou que se sentiu lisonjeado em ser selecionado salientando com seu 1º curta de ficção. “Ser selecionado em Tiradentes é uma imensa alegria, esse foi o primeiro filme que enviei para lá, é também meu primeiro curta ficcional”.

 

Apesar de estar estreando na direção de curta-metragem ficcional, Azul tem outros projetos de ficção sendo comercializados. “Na verdade, minha carreira no audiovisual se construiu, no início, com conteúdo para internet, em sua maioria curtas documentais e clipes. Mais tarde, com o advento do FSA, conseguimos realizar duas séries para TV, uma documental de 5 episódios e uma comédia de 13 episódios, ambas, após atingirem abrangência nacional através das Tvs Públicas, especialmente a TV Brasil e a TV Cultura, estão agora disponíveis em plataformas de VoD, a ficcional, chamada Insustentáveis, está na Amazon Prime Vídeo, a documental, O Muro, está na Amazon e no Itaú Cultural Play”, comentou Azul.

Conhecido por suas produções em grande parte no gênero do cinema documental, Azul comentou o gosto. “Pois vejo nele a possibilidade de conhecer gente” ... Ele, porém, disse ser puxado para a ficção. “Me puxa, pois, com ela posso recortar e misturar essa gente e, se a sorte me encontrar trabalhando, por vezes até fazer uma mistura que se assemelha à gênese de gente”, metaforizou.

Ao falar da estética do filme, Perseu revelou que ambienta a história ficcional no gênero faroeste. “O filme é um faroeste, marcado por câmeras fixas, movimentos simples e quadros abertos que capturam a vastidão do Pantanal, fotografia dirigida por Renato Ogata”, resumiu.

Para chegar a esse resultado, Perseu explicou que contou com a arte, minimalista, repleta de signos regionais, dirigida por Heitor Gomes. “Para a direção de som, contei com Matheus Lazarin, que nos ajudou a ouvir o Pantanal e trazer a atmosfera da fauna e sons geológicos para cada cena. A trilha sonora foi composta pelo maestro Murilo Alves, que além de excelente musicista é um grande pesquisador dos sons do bioma onde gravamos”, destacou.

AS GRAVAÇÕES

O curta-metragem foi gravado em uma pousada há 50km de Poconé (MT), na Transpantaneira. O local, muito visitado por turistas, foi ocupado por uma equipe de 23 pessoas, incluindo elenco e equipe técnica. 

Azul disse que o bioma se mexe inteiro e aprender a lidar com isso é essencial para o êxito do projeto.  “É preciso aprender a lidar com os bichos, não só os jacarés, bandos de pássaros e cobras, mas também, e principalmente, com os insetos, como os carrapatos, além de todos os tipos de muriçocas, piuns, pernilongos, mutucas e borrachudos”, lembrou.

Quando perguntado se está feliz com o resultado do projeto, Perseu se esquiva. “(sic) Eu prefiro deixar a alegria quanto ao resultado artístico e narrativo pro público avaliar. O que me alegra pessoalmente, é ter conseguido realizar essa obra com pessoas pelas quais eu desenvolvi e/ou aprofundei minha relação de respeito profissional e amizade”. Ele acrescenta que apesar de ter filmado “Dois Bois” em meio a pandemia, todas as medidas de segurança foram adotadas. “Também me alegra o fato de termos realizado a obra sem nenhuma ocorrência de covid-19 ou outra enfermidade, assim como sem acidentes e desentendimentos de nível pessoal”, concluiu.

O diretor acredita que “Dois Bois" é, esteticamente, bebe de muitas fontes. “Acredito ter conseguido investir tempo suficiente para dar-lhe uma identidade autoral, que bebe em diversas fontes, claro, mas que também verte de mim”, opinou. 

Veja íntegra da equipe de "Dois Bois", exceto o elenco:

Roteiro: Perseu Azul e Pedro Leite;
Empresa produtora: Cérberos Filmes;
Produção executiva: Daniel Calil Cançado;
Direção de produção: Sara Alves;
Montagem: Danilo Daher;
Fotografia: Renato Ogata;
Direção de arte: Heitor Gome;
Trilha sonora: Murilo Alves;
Mixagem: Matheus Lazarin;
Som direto: Paulo Monarco;
Edição de som: Matheus Lazarin e João Ises;
Cenografia: Ginovan Lima;
Figurino: Maria Reis.

O filme foi financiado com recursos da Lei Aldir Blanc. Azul lembrou que a produção de cinema autoral está aquecida, muito, ou totalmente, em virtude da Lei Aldir Blanc. “No entanto, é preciso ressaltar que o Mato Grosso tem realizado um ótimo trabalho mantendo uma continuidade dos investimentos em audiovisual, diversificando as linhas dentro dos limites impostos pelo curto orçamento destinado à Cultura. Minha crítica é: faltam investimentos privados e retornos sociais do setor mais rico do estado, o agronegócio”, cobrou. 

Quem assistir "Dois Bois" verá é um filme que mistura intimidade, contemplação e vingança. "Com os clássicos duelos de faroeste e o improviso bem executado do cinema de guerrilha organizada", finalizou.  

Deixe seu Comentário

Leia Também

Festa de Nossa Senhora Achiropita torna-se manifestação da cultura nacional
Cultura

Festa de Nossa Senhora Achiropita torna-se manifestação da cultura nacional

há 4 minutos atrás
Festa de Nossa Senhora Achiropita torna-se manifestação da cultura nacional
Estão abertas as inscrições para apresentações musicais na Feira da Música do MS
Cultura

Estão abertas as inscrições para apresentações musicais na Feira da Música do MS

27/03/2024 15:30
Estão abertas as inscrições para apresentações musicais na Feira da Música do MS
Festjar chega à sua 4ª elimitatória no Distrito de Bonfim neste domingo
Cultura

Festjar chega à sua 4ª elimitatória no Distrito de Bonfim neste domingo

27/03/2024 14:45
Festjar chega à sua 4ª elimitatória no Distrito de Bonfim neste domingo
Projeto aprovado pelo Fmic traz primeiro festival de jazz para a Capital
Música

Projeto aprovado pelo Fmic traz primeiro festival de jazz para a Capital

27/03/2024 09:00
Projeto aprovado pelo Fmic traz primeiro festival de jazz para a Capital
Palco aberto: ´Toró´ convoca artistas da dança para criação de trabalhos inéditos
Cultura

Palco aberto: ´Toró´ convoca artistas da dança para criação de trabalhos inéditos

27/03/2024 08:45
Palco aberto: ´Toró´ convoca artistas da dança para criação de trabalhos inéditos
Últimas Notícias