Ana Cañas emocionou o público durante show na UFGD - Crédito: Ricardo Zanella ACS/UFGDIntensamente aplaudida ao final de cada canção, Ana Cañas emocionou o público de aproximadamente 800 pessoas que compareceram ao Auditório Central da UFGD, na Cidade Universitária, para o show “Ana Cañas canta Belchior”, realizado na noite de 26 de maio. A apresentação é parte do projeto Celebração, da Pró-reitoria de Extensão e Cultura da UFGD.
Logo nas primeiras interações com os participantes, a artista homenageou e destacou a importância do cantor e compositor cearense Belchior, estimulando as pessoas a aplaudirem e “colocá-lo onde sempre esteve: entre os gigantes da arte e da cultura brasileiras”.
Acrescentando sua singularidade na interpretação de cada canção, a cantora presenteou a plateia com as seguintes músicas, por ordem de execução: Na hora do almoço; Rapaz latino-americano; A palo seco; Velha roupa colorida; Coração selvagem; Comentário a respeito; Sujeito de sorte; Divina Comédia Humana; Antes do fim; Medo de avião; Fotografia 3 x 4; Alucinação; Galo, noites e quintais (bis) e Como nossos pais (bis).
Lotando praticamente todo o auditório, o público reagia entusiasticamente às mensagens de cada música, a maioria composta na década de 70, mas que toca os corações ainda nos dias de hoje, por conta do cenário político nacional e sua repercussão no contexto local. O público interagiu com diversas manifestações nos intervalos entre as canções, especialmente porque os sindicatos de professores e de técnicos administrativos promoveram, durante o show, um ato pela nomeação do reitor eleito em consulta prévia realizada na universidade em 2019.
Além disso, a pandemia de covid-19, por exemplo, acrescentou significado à música Sujeito de sorte, fazendo a cantora empolgar os presentes, grande parte membros da comunidade acadêmica, com exclamações em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Ciência.
Um dos momentos mais emocionantes se deu quando a cantora destacou o trecho “eu sou como você, que me ouve agora”, de Fotografia 3 x 4. Ela relacionou a trajetória de Belchior com a sua vida, desde quando saiu de casa e foi morar em um pensionato em São Paulo. A artista contou que suas refeições eram arroz com limão ou duas batatas, e para ganhar dinheiro fazia diversos trabalhos informais, como distribuir panfletos nos semáforos, amostras grátis em supermercados ou vender coxinha. Até que passou em um teste para ser cantora em um bar, vaga conquistada após ela, por necessidade financeira, aprender a cantar decorando uma música da Billie Holiday e outra da Ella Fiztgerald - o que mudou sua história. O relato levantou o público que a aplaudiu em pé por vários minutos. Tanto reconhecimento fez Ana Cañas chorar.
Ela também foi aplaudida em pé no encerramento do show, enquanto cantava Alucinação e segurava uma bandeira com os dizeres “Amar e mudar as coisas”, e no bis, quando a plateia não quis mais sentar e cantou como um grande coral, as músicas “Galo, noites e quintais” e “Como nossos pais”.
Na sexta-feira (27), no perfil do Instagram da cantora, foram publicadas fotos, vídeos e o agradecimento: “Obrigada Dourados, fui às lágrimas… Que show lindo e emocionante!!! Minha primeira vez no Mato Grosso do Sul e não poderia ter sido mais inesquecível do que isso! Todo meu amor e gratidão à UFGD e ao público incrível de ontem!”.
Prestação de contas
Na semana passada, ocorreram manifestações públicas questionando a realização do evento e, em especial, lamentando o número restrito de ingressos. A Coordenadoria de Cultura (COC/UFGD) explica que gostaria de produzir o show em espaço aberto, mas isto implicaria em custos com locação de palco, de som, de iluminação, de cercanias, de banheiros químicos, de camarins e de seguranças. Diante da restrição orçamentária às Instituições Federais de Ensino Superior, atualmente a universidade não tem condições financeiras para realizar grandes shows em espaços abertos, como reiteradas vezes ocorreu na história da universidade.
No entanto, mesmo nessa situação adversa, a equipe de servidoras da Coordenadoria de Cultura buscou alternativas, para que a instituição não deixe de figurar como importante promotora de arte e cultura em Dourados e região. A equipe da COC optou por realizar o show dentro do auditório, visando a redução de custos. O show de Ana Cañas foi escolhido pela combinação entre mensagem potente e formato delicado, voltado mais para auditórios e teatros fechados.
O recurso para o cachê de Ana Cañas e sua produção artística foi viabilizado por meio de parceria com instituição bancária, que é financiadora de projetos culturais e parceira em projetos sem ônus da UFGD desde 2017 (saiba mais clicando aqui e aqui). A UFGD investiu recursos para locação de som e iluminação. O Acordo de Cooperação Técnica, por meio do qual o show foi viabilizado, é um processo administrativo devidamente instruído, podendo ser consultado na íntegra sob o número 23005.012383/2022-38, no Portal de Serviços Públicos da UFGD (clique aqui).
A COC ainda informa que não foi procurada por nenhuma entidade, servidor ou cidadão para prestar informações e responder perguntas sobre o evento, mas o setor se coloca totalmente à disposição para o diálogo com quem quer que seja. Os números de telefone para contato, bem como o e-mail do setor são públicos, e podem ser consultados a qualquer tempo na página https://portal.ufgd.edu.br/coordenadoria/coc/index.
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