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Tuberculose deixa índios mais vulneráveis a Covid-19 em Dourados

24 Abr 2020 - 18h00Por Valéria Araújo
Indios em barracos de lona - Crédito: DIVIndios em barracos de lona - Crédito: DIV

Os casos de doenças respiratórias nas aldeias de Dourados tornam a comunidade indígena ainda mais vulnerável a Covid-19. A informação vem de lideranças e profissionais da saúde como o médico pediatra Zelik Trajber. Para ele, o histórico de doenças de tuberculose é mais um importante fator de risco.

Ele alerta que do ponto de vista epidemiológico há vários estudos internacionais, comparando a situação dos povos indígenas em diferentes regiões do mundo, mostrando que eles estão sempre em desvantagem econômica, social e de saúde em relação a outros grupos nas mesmas localidades. "As infecções respiratórias nessas populações têm disseminação muito rápida o que gera uma preocupação a mais em tempos de pandemia", explica, observando no ano de 2001 quando iniciou o programa de controle da doença nas aldeias de Dourados, haviam mais de 80 casos diagnosticados com a tuberculose e uma centena de pessoas que tiveram contato com estes pacientes doentes.

A doença chegou a ser controlada pelas equipes de saúde, porém fato preocupante foi a falta de testes de PPD, que durante anos deixaram de ser disponibilizados para casos suspeitos nas reserva, impossibilitando um controle mais rigoroso sobre a doença. Hoje o teste é disponibilizado mas existem várias pessoas com sequelas da doença devido ao período de falta de fornecimento do produto e de políticas públicas voltadas para o problema. 

Para Zelik é necessário um olhar voltado para as counidades indígenas e defende uma estrutura melho de saúde para que os profissionais possam desempenhar seu papel com qualidade. "Temos visto a falta de EPI´s, falta de transporte para as equipes e falta de profissionais para o monitoramento das doenças nas aldeias", destacou, observando que 

Membro do Conselho de Saúde Local, o indígena Fernando de Souza diz que além dos casos de tuberculose, outros fatores sociais causam os problemas respiratórios na comunidade. Ele lembra do fato de que desde crianças indios são expostos a fumaça, já que sem habitação adequada, vivem em barracos de lona e utilizam o fogo para se proteger do frio. "Sem contar a deficiencia nutricional dos povo indígenas que sem espaço para plantar, vivem confinados e dependendo de ajuda do governo para cestas básicas", explica. 

A enfermeira enfermeira Indianara Machado Ramires Guarani Kaiowá, membro da ong Ação de Jovens Indígenas destaca a vulnerabilidade crônica com que vivem mulheres, homens e crianças indígenas e como problemas históricos reduzem as chances de impacto negativo da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) entre os povos indígenas. 

Indianara destaca que apesar do alto grau de vulnerabilidade, índios não estão no grupo de risco do Ministério da Saúde o que faz com que fiquem sem políticas públicas específicas voltadas para a comunidade. Ela relata, por exemplo o fato da falta de estrutura dentro da Reserva o que obriga que índios se desloquem para a cidade para atendimento médico, compra de alimentos, entre outros que impedem o isolamento social. Ela destaca a falta de água e saneamento básico que são outros desafios para o combate do coronavírus. 

A enfermeira relata estratégias de mobilização comunitária e conteúdos informativos para orientar a população indígena de Dourados sobre a pandemia. “Como profissional de saúde, temos trabalhado com as lideranças, o controle social, as organizações locais para o fomento e a disseminação de informação frente ao Covid-19. Temos tentando informar à comunidade, para que a informação chegue às casas sobre o que essa doença causa, formas de transmissão, o que fazer para se precaver. Temos tentado que a informação chegue às casas das comunidades, embora a gente saiba que muitas famílias não têm acesso à água. Uma parcela muito grande tem dificuldade de acesso à água. Às vezes, a água chega uma vez por semana, três ou quatro vezes por semana. Às vezes, está disponível só num período do dia: chega de manhã, mas não chega à tarde e à noite. Isso tem gerado muita preocupação e a gente tem pautado com gestores sobre essa dificuldade. A gente precisa que haja esforço coletivo da rede para que as comunidades indígenas não sejam tão penalizadas na pandemia”, acentua, observando que dois casos suspeitos de Covid-19 foram registrados, sendo ambos descartados. 

 

 

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