As empresas do segmento de serviços, área de maior impacto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, foram as que mais recorreram à recuperação judicial, depois dos segmentos do comércio, indústria e setor primário.
Marcelo Viana, à frente da T4 Consultoria, apoia empresas na prevenção de problemas que podem afetar a gestão, na reestruturação financeira e explica sobre negociar dívidas da empresa e a recuperação judicial como fator importante para a sua sustentabilidade em longo prazo.
Negociar dívidas da empresa é a principal necessidade em cenários de crise
Existem casos específicos que indicam que a melhor saída para negociar dívidas da empresa é recorrendo à recuperação judicial, como é o caso de:
Juros elevados
Negociar dívidas da empresa é a principal causa de aumentos de pedido de recuperação judicial em negócios brasileiros e a alta taxa de juros é a força motriz para este cenário.
Geralmente empresas buscam por empréstimos em uma situação delicada do negócio e é de conhecimento geral que o Brasil possui uma das maiores taxas de juros do mundo e, além disso, os juros de instituições financeiras costumam ser maiores aos negócios que apresentam crises nas finanças.
Por falta de planejamento e ação movida pela impulsividade, muitas empresas recorrem a empréstimos sem calcular exatamente o quanto deverão gerar de caixa para conseguir arcar com a dívida em longo prazo, o que costuma resultar na inadimplência.
Dificuldades para pagar funcionários e fornecedores
A necessidade de negociar dívidas da empresa está ligada à crise crescente no negócio que envolve dificuldades para pagar funcionários e fornecedores.
Esse problema afeta os funcionários levando à queda na produtividade e ao aumento da rotatividade já que se sentem inseguros quanto ao futuro e buscam por melhores oportunidades de trabalho.
Muitas empresas enfrentam dificuldades ao negociar prazos mais vantajosos com fornecedores e parceiros e em um cenário de inadimplência, o problema se agrava, pois a falta de confiança leva os parceiros a encurtar os prazos de pagamento e a reduzir a flexibilidade em outros ajustes nos acordos.
Empresa não se preparou de maneira preventiva
A ausência de planejamento estratégico e de medidas preventivas colocam os negócios em posição de vulnerabilidade no mercado.
Marcelo Viana elenca dois fatores ligados a esse problema:
Falta de reserva de emergência ou de plano de contingência para lidar com situações de queda nas receitas ou aumento de despesas;
Falta de investimento em tecnologias e em processos mais eficientes, o que prejudica a competitividade do negócio.
Gestão fora de controle
Negociar dívidas que saíram do controle também é um sintoma de má gestão decorrente de decisões mal planejadas e de falta de controle financeiro.
“Além disso, a ausência de uma liderança qualificada agrava a situação ao provocar decisões equivocadas, má alocação de recursos e endividamento desnecessário, comprometendo a saúde financeira da empresa”, acrescenta o especialista.
Medidas para evitar a recuperação judicial
O contexto ideal é que a empresa busque por medidas a fim de corrigir problemas de gestão, como é o caso da reestruturação financeira, da reorganização administrativa de maneira geral como meio de prevenir a recuperação judicial. Mas infelizmente, em grande parte dos casos, empresas chegam ao seu limite de endividamento e crise.
Uma vez que a recuperação judicial é solicitada, é essencial que o negócio tome decisões planejadas a fim de se reestruturar a tempo e para que consiga seguir no mercado de maneira equilibrada e sustentável.
O apoio profissional é imprescindível para uma visão ampla da realidade do negócio, para a elaboração de um plano de recuperação mais eficaz, e para que a execução ocorra da melhor maneira possível.
“O apoio qualificado é essencial para aumentar as chances de uma recuperação judicial bem-sucedida, especialmente quando o endividamento sai do controle; confiar em uma visão externa se faz necessário”, conclui Marcelo Viana, da T4 Consultoria.
No Brasil temos inúmeros casos das maiores recuperações judiciais com alto endividamento como é o caso da Sete Brasil (R$19,3 bilhões); Americanas (R$ 43 bilhões); Oi (R$ 65 bilhões); Odebrecht (R$80 bilhões), entre muitas outras. Embora o desafio da recuperação judicial seja grande, com preparo, é possível renascer no mercado.
Marcelo Viana, fundador da T4 Consultoria, com ampla experiência em cargos executivos em grandes empresas brasileiras. É uma das principais referências quando o tema é Gestão Familiar.