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Pelos bailes da vida, e janelas do tempo: memórias

O tempo passou, vive-se outros tempos, outros costumes, outra realidade. Mas ficaram as lembranças daqueles bailinhos do interior do Brasil

17 Out 2024 - 11h15Por AQUINO CORRÊA, PÓS-GRADUADO EM ADMINISTRAÇÃO, JORNALISTA, ESCRITOR E AUDITOR FISCAL APOSENTADO
Pelos bailes da vida, e janelas do tempo: memórias -

Muitas vezes, só com o decorrer do tempo é que se dá valor a certas coisas, aparentemente banais. Mas o que seria da vida sem tais coisas, ainda que sejam absolutamente banais?
Uma destas "banalidades", por assim dizer, eram os bailes nos anos de minha adolescência. Passei esse tempo em duas cidades de Mato Grosso do Sul: Nova Andradina e Campo Grande. Os jovens, naquele tempo, viviam sempre a mesma expectativa: onde será o baile neste fim de semana? Quem irá tocar (animar) na festa?
E os conjuntos musicais caprichavam nos nomes pomposos: "Zutrik", "Blue Star", "Brazilian Son Set" - e assim por diante.
Antes, os grupos de amigos se encontravam nos botecos da cidade. No salão, uma cerveja, um "hi-fi" ou uma "cuba-libre" - quem sabe até um whisky? (nacional, claro!) - pra "se animar"...!
A música começava a rolar, e chegava a tão temida "hora da verdade": quem tinha coragem suficiente pra "tirar" (convidar) as garotas pra dançar? Naquela época, não havia as academias de dança de hoje. Então, poucos sabiam dançar direito, mas... se alguém tivesse a pretensão de arrumar uma namorada, esse era um dos (melhores) caminhos...
Sem falar que a gurizada passava a semana toda se preparando mentalmente: "no baile, vou tirá-la pra dançar!" - pensando naquela garota que povoada seus sonhos juvenis...!
Muitas vezes, a coragem fugia dos mais tímidos, abrindo espaço para aqueles mais ousados. Quem sabe na próxima semana, no próximo baile...?
Tudo tão ingênuo... Tudo tão bom! Falando assim, parece coisa de outro mundo, outra era, mas... só sei que era assim!
O tempo passou, vive-se outros tempos, outros costumes, outra realidade. Mas ficaram as lembranças daqueles bailinhos do interior do Brasil, onde garotas viram aflorar "seus primeiros raios de mulher" - como na canção "O Caderno", de Toquinho - e os rapazes viveram seus primeiros desafios de futuros homens.

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