Com quase 40 anos de existência, o Empreendimentos Turísticos Dourados LTDA. ou, como é mais conhecido, Dourados Park Hotel se tornou um ícone do município. A curiosidade de quem passa pela Avenida Guaicurus, no Altos do Indaiá, e observa a magnitude deste prédio que, em seus anos de glória, abrigou desde a classe média douradense até o ex-presidente do Paraguai, Juan Carlos Wasmosy, aflora com o passar os anos.
Inaugurado em 26 de janeiro de 1982, não há um douradense que não tenha ouvido histórias sobre o hotel, desde as verdadeiras até as lendas urbanas criadas no imaginário popular. Mas para o representante comercial Tomaz Benites, 52 anos, estas histórias realmente fizeram parte do seu dia a dia.
Em maio de 1992, Tomaz era contratado, aos 23 anos, para integrar a equipe do hotel. Ele começou como Atendente de Recepção, fazendo o check-in dos hóspedes, e em pouco tempo foi promovido para Chefe do Setor no segundo horário.
O rapaz ficou pouco tempo trabalhando por lá, cerca de cinco meses, já que o hotel não possuía o mesmo brilho desde sua inauguração e a rotatividade de hóspedes já estava diminuindo, porém Tomaz afirma que sentia orgulho de integrar a equipe do hotel.
“Trabalhar no Dourados Park Hotel, antes de tudo, era uma questão status pra nós, funcionários. Sentíamos orgulho em dizer que éramos funcionário do hotel. O clima era dos melhores entre os colaboradores, todos davam o seu melhor pra que os hóspedes se sentissem a vontade, como se estivessem em sua casa”, lembra o representante comercial, que hoje tem 52 anos.
Além dos hóspedes comuns, Benites afirma que diversos atores já passaram pelo Dourados Park Hotel, além de modelos, cantores, artistas globais, jogadores de futebol, entre eles Gian e Giovani, Tonico e Tinoco, Roupa Nova, Gretchen e Sula Miranda.
Mas o hotel não abrigava apenas hóspedes e pessoas famosas, muitos eventos da população douradense eram realizados por ali. Juarez de Medeiros, 65 anos, atualmente mora em Balneário Piçarras (SC), mas na década de 90 chegou a organizar alguns eventos no local.
“Fizemos alguns eventos no hotel, como a festa de 15 anos de uma de minhas filhas. Chamei todos os meus amigos. Foi uma noite maravilhosa”, ressalta.
Medeiros lembra que a estrutura do hotel, como ainda pode ser ver, era espetacular. Havia uma sala de teatro, dois salões, sendo um pequeno e um grande, piscina, quadras de esportes, entre outros inúmeros quartos. “O hotel tinha a disposição dos hóspedes uma sala de cinema, duas saunas, uma seca e outra a vapor, sala de auditório e anfiteatro, três piscinas, hall de entrada com um piano de cauda que ficava a disposição caso o hóspede quisesse fazer uso, sala de massagens e também um mini shopping, campo de futebol, vôlei e tênis. Era um hotel com uma estrutura fantástica que não se via no estado”, confirmou Tomaz.
Quando visita Dourados e passa pelo prédio abandonado, Juarez relembra com tristeza da época que viveu ali. “Sinto dor no coração. Tivemos momentos maravilhosos e vemos tudo isso se deteriorando”, comentou.
A data exata do fechamento do hotel e difícil descobrir, somente que foi após os anos 2000, já que o professor Fábio Lima, 36 anos, em 2005 conseguiu passar uma noite hospedado por ali. Ele precisava participar de um evento da faculdade e, como não morava em Dourados, um amigo, que na época era funcionário do hotel, ofereceu um quarto para ele dormir.
“Eu lembro que o hall do Dourados Park Hotel era muito bonito. O clima do hotel lembra a mistura do filme do Stephen King e Edgar Allan Poe, mas nada assombrado. Meu amigo me apresentou partes do hotel”, destacou o professor.
Mesmo com as lendas urbanas que assombravam o hotel, Fábio garante que não teve nenhuma experiência ruim durante a sua estadia. “Reza lenda que o hotel era assombrado, porém tive uma noite tranquila e um sono excelente”.
O professor também é saudoso sobre os tempos áureos do Dourados Park Hotel. “É nostálgico, deveria ser patrimônio histórico de Dourados, reviver a história faz parte da cultura”, destaca.
“Hoje sou representante comercial e viajo toda semana a trabalho, na volta destas viagens eu passo na frente do hotel, e a vontade de entrar lá e relembrar os bons tempos que trabalhei naquele lugar sempre vem à tona, é inevitável”, completa Tomaz.
A equipe do PROGRESSO entrou em contato com o atual proprietário do hotel, que mora no Paraná. Ele aponta que é investidor e comprou o imóvel através de leilão há cerca de 8 anos e estão revendendo, porém ele não confirmou sobre o valor cobrado pela venda, que seriam cerca de R$ 14 milhões.